Para quem pretende ir a Cusco(nome que significa "umbigo do mundo"), deve ter em mente que ela é muito mais do que uma cidade base para quem vai conhecer o Vale Sagrado Inca. É uma bela cidade, que deve ser explorada, especialmente a pé, antes de se iniciar os passeios pelos sítios arqueológicos. Chegamos a Cusco vindo de Puno em um ônibus noturno, como descrito em posts anteriores. Chegamos antes do amanhecer e pudemos ver a cidade despertando enquanto aguardávamos o check in antecipado no nosso hotel.
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O dia começando em Cusco |
O principal marco da cidade é a Plaza de Armas. Para chegar até ela, fomos caminhando a partir do nosso hotel. Aliás, recomendo que você se hospede em torno da Plaza de Armas, evitando, assim, pegar táxi. Ficamos no Sonesta Hotel Cusco, localizado na Av El Sol, ao final da qual já se encontra a praça principal da cidade. Esta é belíssima e tem como principal atração a Catedral da cidade, construída pelos colonizadores espanhóis em cima de um templo inca e sendo um excelente exemplo do domínio de uma religião pela outra.
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Plaza de Armas |
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Catedral de Cusco |
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Galerias ao redor da praça, com restaurantes e agências de viagem |
Em torno de toda a praça, há inúmeros restaurantes, cafés, agências de viagens e lojinhas de souvenir. É possível fazer um lanche rápido ou até mesmo uma refeição com vista direta para a Plaza de Armas e ainda percorrer as ruas e ladeiras, que se irradiam a partir da praça, com suas charmosas casas em estilo colonial espanhol.
Naquele dia em especial, toda esta região da cidade estava bem movimentada pelos moradores que comemoravam o carnaval ao estilo peruano. Várias pessoas com trajes típicos faziam uma espécie de desfile em torno da praça, enquanto outros assistiam. Mas o que realmente incomodou foi a tradição de jogarem água e espuma uns nos outros, incluindo os turistas que fugiram do carnaval do Brasil e que estavam ali apenas de passagem. Confesso que ficar tentando adivinhar qual o melhor caminho para não ser atingido por um jato d´água não foi nada agradável. Infelizmente, fui atingido em cheio por um jato vindo de uma peruana que não parava de rir. Foi bem irritante, especialmente, por que o dia estava um pouco frio e eu tive que continuar meu passeio com o casaco todo molhado.
Por falar em clima, depois de dias de sol na Bolívia, não tivemos a mesma sorte no nosso primeiro dia em Cusco. Logo ao final da manhã, nuvens escuras começaram a se agrupar no céu e a chuva não parou mais até o anoitecer. Mas antes da chuva começar, ainda deu tempo de ir caminhando da Plaza de Armas, novamente pela Av El Sol (agora pelo sentido contrário), em direção ao monumento à Pachacutec. Este foi erguido em homenagem ao fundador do Império Inca, Pachacutec, considerado um dos mais importantes governantes e conquistadores da dinastia Inca. Consiste numa espécie de torre, cujo lance de escada circular permite que você suba parando em cada andar para ler, em grandes painéis nas paredes, sobre um pouco da história inca. Há também alguns artefatos históricos expostos e, no topo da subida, você encontra uma grande estátua representando o imperador e tem uma panorâmica vista da cidade. Não é exatamente um passeio imperdível, mas vale pela curiosidade.
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Monumento à Pachacutec |
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Aproveitando o almoço para experimentar o mais famoso refrigerante local do Peru: a Inka Kola. Tem sabor de chiclete!! |
Após o almoço, era hora de iniciar a primeira excursão através do tour contratado. Nossa guia começou o passeio ainda dentro da cidade, visitando o Templo Qorikancha (para quem quiser conhecer esta atração por conta própria, ela fica bem próxima a Plaza de Armas, sendo facilmente acessada a pé. A desvantagem será perder as explicações históricas do guia. Portanto, se você já tiver programado um tour pelos sítios arqueológicos em torno da cidade, procure saber se a visitação a Qorikancha já está inclusa no trajeto. Mas lembre-se que o ingresso ao templo costuma ser a parte do valor pago pela excursão).
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Qorikancha vista a partir da Av El Sol |
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Paredes do Templo do Sol expostas após os terremotos |
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Arquitetura espanhola em Qorikancha |
E foi durante nosso passeio pelo templo que a chuva resolveu aumentar. Na saída, vários nativos vendendo capas de chuva já se amontoavam. Como havíamos levado guarda-chuva, dispensamos a capa. Aliás, não custa reforçar a utilidade de se levar um guarda-chuva para esta região durante o verão, época em que mais chove por lá.
Saímos do templo e do centro da cidade no ônibus do tour rumo a 4 sítios arqueológicos localizados próximos a Cusco, a saber:
Saqsayhuama, Q'enqo, Pukapukara, Tambomachay.
01. Saqsayhuama: ruínas do que, acredita-se, tenha sido uma fortaleza inca com objetivos de defesa. Aqui destaca-se as enormes pedras de diferentes tamanhos, milimetricamente encaixadas, formando uma estrutura resistente a abalos sísmicos e até hoje surpreendente para os estudiosos da região. Infelizmente, muitas das pedras do local foram saqueadas pelos colonizadores com a finalidade de construir suas próprias habitações. De qualquer modo, o que restou da antiga fortaleza ainda impressiona. Uma pena que eu não tenha conseguido me concentrar nas explicações da guia, uma vez que, aqui, a chuva aumentou, o frio estava mais intenso e, em determinado momento, tudo que eu queria era voltar correndo para o ônibus.
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Cusco vista de Saqsayhuama |
02. Q'engo: uma espécie de gruta, no interior da qual uma pedra semicircular, provavelmente, teria servido de local para sacrifícios e rituais da civilização inca. A entrada do lugar é bem apertada e o ambiente um pouco claustrofóbico, especialmente, com os inúmeros grupos de excursão que adentravam, em fila indiana, o local. A chuva aqui também não nos deu trégua.
03. Pukapukara: ruínas de mais uma construção inca, cujo objetivo parecia ser de armazenar e refrigerar alimentos utilizando túneis subterrâneos que captavam o ar gelado que percorria a região montanhosa; não tivemos a oportunidade de explorar bem, uma vez que a maior parte do grupo no ônibus preferiu não descer aqui, considerando o aumento da chuva. A guia, no entanto, parou o veículo para quem quisesse ver rapidamente as ruínas. Ainda arrisquei descer, mas a chuva me trouxe rapidinho de volta ao ônibus.
04. Tambomachay: dos quatro sítios visitados, o meu preferido. E, para nossa sorte, a chuva parou quando chegamos. Para ter acesso, é preciso fazer uma rápida caminhada do estacionamento até as ruínas. Pelo caminho já começamos a perceber a canalização da água que simboliza aquele lugar: uma série de aquedutos e cascatas de água, provavelmente construídos como culto a esse elemento tão abundante por toda a região do Vale Sagrado. Acredita-se que o lugar servia também como retiro de descanso para o imperador inca. O lugar é lindo e,neste dia, ainda teve a paisagem completada por inúmeras ovelhas pastoradas pelos campos esverdeados que rodeiam as ruínas. Foi, sem dúvidas, meu local preferido do dia.
Antes do final da excursão ainda teve aquelas paradas típicas desse tipo de tour: alguma loja pelo caminho, como parte de algum acordo que esses tipos de excursão fazem com as lojas locais. Neste caso, era uma loja de vestuário fabricado a partir da lã de alpaca e de vicuña (a deste último animal produz as peças mais caras, especialmente por serem mais resistentes ao frio). Há uma breve explicação sobre como reconhecer se o material do produto é realmente original e, logo após, somos convidados a apreciar os produtos. Considerando os valores exorbitantes, voltamos rapidinho para o ônibus.
Só chegamos no centro de Cusco, finalizando o passeio, já após as 19h, o que impossibilitou minha intenção de ir até o Centro Qosqo de Arte Nativo, onde é possível assistir a um show de danças típicas da região e que fica localizado na tão citada Av El Sol, a cerca de 700m da Plaza de Armas. Partimos, então, para esta última que, por sinal, fica bem charmosa toda iluminada. Jantamos por ali e só depois voltamos caminhando para o hotel, já ansiando pelo passeio do dia seguinte que percorreria o Vale Sagrado Inca, sem ter nem ideia de que nossas expectativas seriam superadas!!
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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