Quando alguém resolve conhecer o Peru, é comum incluir Cusco como destino principal e passar por Lima apenas como ponto de conexão. E, embora toda a região do Vale Sagrado seja realmente o pronto alto de uma viagem pelo país, a sua capital, sem dúvidas, merece uma maior atenção. Infelizmente, meu plano inicial de passar dois dias na cidade foi atrapalhado por questões logísticas envolvendo a emissão do trecho aéreo utilizando milhas e acabamos tendo apenas um único dia para experimentar os sabores de Lima.
Famosa por sua deliciosa gastronomia, a capital peruana oferece excelentes restaurantes a preços razoáveis. Seu centro histórico encanta. E o incrível bairro de Miraflores, que repousa em frente ao pacífico, é o ponto alto de um passeio pela metrópole. E, embora seu céu permaneça frequentemente nublado, raramente a chuva cai em Lima.
O transporte público não é convidativo nem de fácil utilização e o turista acaba dependendo bastante dos táxis. Estes, no entanto, são uma verdadeira bagunça. Ao que me pareceu, qualquer um pode sair com seu carro particular de casa, colocar o letreiro escrito "taxi" sobre o mesmo e sair pegando passageiro. Obviamente, isso diminui bastante a segurança relativa ao transporte. Para completar, os taxistas não costumam utilizar taxímetro e, antes de entrar no carro, é altamente recomendado que você barganhe com o motorista. Lembre-se: o primeiro preço que ele fornecer não é o real e basta negociar que o motorista baixa o valor. Em uma das situações pelas quais passei, bastou eu fazer cara feia para o preço fornecido que o taxista rapidamente diminuiu o valor sem eu precisar dizer uma palavra. Outra dica (dada por uma guarda de trânsito da cidade): prefira os táxis mais velhos e de cor amarela. Estes costumam ser mais confiáveis e seguros.
Chegando ao aeroporto (no nosso caso, voamos de Cusco a Lima por cerca de uma hora em um avião da LAN, chegando à cidade em torno de 8:30h), procure alguma agência de táxi cadastrada do aeroporto e presente no salão de desembarque (de forma alguma, arrisque um taxista independente). E não se assuste com a cidade ao sair do aeroporto. A área que você percorrerá inicialmente não tem nenhum atrativo, mas garanto que, uma vez em Miraflores ou San Isidro ou no centro histórico, você se encantará com a cidade. Aliás, Miraflores e San Isidro são os melhores bairros para se hospedar. São regiões super agradáveis, limpas, bem cuidadas e bonitas.
Após deixar nossa bagagem no hotel, começamos o passeio pelo centro, pegando (e barganhando) um táxi até lá. O Centro Histórico de Lima é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco e corresponde ao maior da América Latina. Começamos o passeio pela Plaza de Armas, onde, como de costume nas capitais latino-americanas, tem-se a Catedral (possível de ser visitada para quem estiver com tempo) e o Palácio do Governo. No pátio deste último, através dos portões, é possível ver a troca da guarda e a orquestra da guarda em ação (ocorre diariamente, às 11:45h). Confesso que curti mais do que a troca da guarda britânica!
Plaza de Armas |
Palácio do Governo |
Catedral e Arcebispado de Lima |
Troca da guarda no Palácio do Governo |
Toda a Plaza de Armas é muito bem cuidada e agradável e ainda nela, bem ao lado da Catedral, está o Arcebispado de Lima, um prédio com uma belíssima fachada. destacando-se os detalhes esculpidos em madeira. No seu interior funciona um museu com artefatos religiosas (infelizmente, não tínhamos tempo suficiente para visitar o interior dos prédios históricos).
Arcebispado de Lima |
A partir da praça, a dica é sair pelas ruas ao seu redor, contemplando a arquitetura colonial, entrando nas inúmeras lojas de souvenirs e fazendo um lanche ou tomando um café. E aposto que, por mais simples que seja, o lanche estará delicioso. Afinal, você está Lima!!! Aqui comemos um simples sanduíche de frango com uma simples limonada e estava delicioso!
Convento de São Francisco de Assis |
Ainda no centro é possível visitar o Convento de São Francisco de Assis (foto acima), uma linda igreja, localizada bem próximo à Plaza das Armas (no mapa abaixo, é possível ver o caminho entre os dois pontos de interesse). Aqui também existe um museu para visitação. Atrás do convento se encontra o Parque La Muralla, onde se é possível conhecer parte da muralha que cercava a cidade antiga, protegendo-a contra inimigos invasores. Infelizmente, o parque estava em reforma e fechado para visitação.
Centro Histórico de Lima |
Ainda a um quarteirão da Plaza das Armas (do lado oposto à direção seguida até o Convento de São Francisco) vale à pena visitar a rua conhecida como Jirón Ica Ucayali (vista no mapa acima), uma rua restrita aos pedestres e toda em estilo colonial. Infelizmente, como era dia de semana, as ruas desse lado da praça (repletas de lojas comerciais) estavam bastante movimentadas e confesso que isto atrapalhou um pouco a nossa experiência. Acredito que em um final de semana, o passeio deva ser mais agradável. De qualquer forma, gostei bastante do Centro Histórico e recomendo fortemente que você o inclua em seu roteiro por Lima.
Jirón Ucayali |
Para quem tiver mais tempo, acredito que vale à pena caminhar até a Plaza San Martin, outro marco do centro de Lima, mas que, infelizmente, não pudemos conhecer. Ainda na Plaza de Armas, achamos uma praça de táxi, onde havia apenas carros padronizados e antigos (porém, mais seguros como nos informaram). Após negociar mais uma vez o valor da corrida, seguimos até a região de Miraflores.
Confesso que, andando por Miraflores, não me senti na América do Sul, mas sim em uma cidade de um país desenvolvido. Ruas limpas, construções modernas e praças super bem cuidadas resumem bem a área que termina no alto de uma larga falésia em frente ao Oceano Pacífico. O táxi nos deixou no Parque Kennedy, uma praça cheia de flores, onde moradores de Lima se misturam com os turistas. Dali, seguimos a pé em direção ao Pacífico, mais especificamente, até o Shopping Larcomar, que encontra-se incrustado na falésia e de onde se pode ter uma bela vista do oceano e do litoral da capital peruana.
Parque Kennedy em Miraflores |
Vista do Oceano Pacífico a partir do Shopping Larcomar |
Após passear rapidamente pelo shopping (já que nosso objetivo não era mesmo fazer compras), seguimos pela orla de Miraflores (estando de frente para o oceano, a dica é seguir andando pela direita). É possível passar pelos pequenos parques no alto da falésia, observando sempre como tudo é limpo e bem cuidado.
Caminhando pela Orla de Lima |
O destino da nossa caminhada era o Parque do Amor, representado pela escultura El Beso (do artista Victor Delfín) e por muros, cuja ornamentação lembra a arte de Gaudí em Barcelona. Este parque é bastante visitado para se apreciar o pôr do sol no Pacífico.
Chegando ao Parque do Amor |
El Beso |
A esta altura, já estávamos famintos e optamos por retornar ao Shopping Larcomar e almoçar do restaurante Tanta, com vista para o pacífico.
Outra opção para quem quiser comer bem em Lima são os restaurantes: Astrid & Gaston (pertencente também ao chefe Gastón, mas com a desvantagem de ser mais caro que o Tanta) e o La Rosa Nautica (este com o charme especial de se localizar sobre o Oceano Pacífico). Infelizmente, tendo apenas um dia na cidade, não pudemos conhecer nenhum dos dois.
A estrutura vista adentrando o Pacífico é o La Rosa Nautica |
O nosso próximo e último destino em Lima foi o incrível Parque da Reserva, onde se localiza o Circuito Mágico das Águas. Este último, realmente mágico, corresponde a uma série de fontes de águas dançantes, cujos movimentos coreografados encantam os visitantes, ganhando cores diversificadas quando o sol se põe e a noite peruana cai. Desta forma, a dica é chegar ao parque no fim do dia, tendo, assim, a possibilidade de apreciar as fontes de água tanto com como sem sol.
Parque de La Reserva / Circuito Mágico das Águas |
Mais uma vez, fomos de táxi até esta atração. Existem duas bilheterias, a partir das quais se pode comprar o ingresso (no valor de 4 soles): uma localizada na esquina da Av. Arequipa Cdra. 6 e Psje. Benjamín Roca Muelle; e outra localizada na Jr. Madre de Dios, em frente ao Estádio Nacional. Esta última é a mais movimentada e corresponde a entrada principal do parque, sendo a melhor escolha.
O Circuito Mágico das Águas diverte qualquer idade, mas, sem dúvidas, as crianças são as que mais aproveitam o lugar. É possível, inclusive, se molhar e se refrescar em dias de calor. Pelo que percebi, o lugar é visitado não apenas por turistas, mas também pelas famílias de Lima que vão até lá se divertir com os filhos.
Túnel de Água |
O lugar, no entanto, tem algo o qual eu estava com bastante expectativa para ver, mas que me decepcionou bastante: um show de luzes, sons e imagens projetados em uma enorme tela de água. Quando li sobre este "espetáculo" imaginei algo fantástico. O show começa após o anoitecer e tem horários específicos para acontecer. No local em que ocorre, várias pessoas começam a garantir seus lugares cerca de 30 minutos antes. Corremos logo para conseguir um local bem de frente e ficamos sentados no chão, esperando ansiosos. O show começou e... quanta decepção!!! Não é que a gente criou expectativa demais não! Não é que o show seja mais ou menos não!! O show é ruim mesmo!! Muito ruim!! Não há roteiro, não há imaginação, não há uma sequência lógica!! É um amontoado de imagens e sons aleatórios, sem nenhum apelo criativo!! E que oportunidade desperdiçada... aquilo nas mãos de algum produtor com um pingo de imaginação poderia tornar-se algo belíssimo... eles podiam contar a história tão rica do país, por exemplo, de forma lúdica e original! Mas não: eles preferem projetar imagens de carros de corrida, seguidas, sem a menor lógica, por borboletas e, depois, um monte de cavalos correndo... enfim, nem adianta tentar explicar o que é aquilo... total desperdício de tempo!!! Portanto, a dica é: conheça o Parque da Reserva, mas pode ir embora na hora do show, pois você não perderá nada.
Terminamos a noite, jantando, mais uma vez, no restaurante Tanta e lamentando só ter tido um dia naquela incrível cidade latino-americana.
Chegava ao fim a nossa viagem ao Peru, um país fabuloso em todos os aspectos: natureza, cultura, história, gastronomia. E que entrou fácil na minha lista de países preferidos. Para quem está em dúvida se deve conhecer ou não o Peru, só digo uma coisa: corra!! Você não sabe o que está perdendo!!
PARA SE PLANEJAR:
1. Museu do Arcebispado de Lima
Abre das segundas aos sábados, das 9 às 17h
Entrada: 30 soles
Como chegar: de táxi até a Plaza de Armas
Site oficial: http://www.arzobispadodelima.org/index.php
2. Museu do Arcebispado de Lima
Abre diariamente das 9:30 às 17:30h
Entrada: 10 soles
Como chegar: de táxi até a Plaza de Armas, seguindo a pé até o convento
Site oficial: http://www.museocatacumbas.com/
3. Parque de La Reserva
Abre das segundas aos domingos, das 3 às 22:30h
Entrada: 4 soles
Como chegar: de táxi
Site oficial: http://www.parquedelareserva.com.pe/
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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