Era o nosso segundo dia em Viena e a nossa programação estava bem intensa e diversificada, com direito a passeio pelo centro histórico da cidade, visita a mais um belíssimo palácio, subida à torre mais alta da catedral da cidade, passeio na roda gigante mais antiga do mundo e visita à antiga residência de Freud.
Neste post, focarei os relatos no centro histórico da cidade, deixando o restante para uma segunda postagem.
Para começar o dia, voltamos para a Ringstrasse e continuamos basicamente do ponto onde havíamos parado no
dia anterior: a área onde se encontra o Parlamento, a Prefeitura (conhecida como Rathaus) e um dos principais parques da cidade, o Volksgarten.
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Parlamento e Rathaus |
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No canto superior esquerdo do mapa, está indicada a Prefeitura de Viena (Rathaus). À sua frente, está uma praça, a Rathausplatz. Ao lado desta, o Parlamento. E, à frente deste último, o Volksgarten. |
Nossa intenção era iniciar o passeio explorando a fachada em estilo barroco da Prefeitura de Viena, o que não foi possível, uma vez que estava sendo montada uma feira exatamente em frente ao Rathaus (uma provável feira de Natal) e a área encontrava-se isolada. Tivemos que nos contentar com a visão apenas das torres do prédio a partir da Rathausplatz.
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Rathaus |
Seguimos, então, para a calçada em frente ao prédio do Parlamento Austríaco. Com uma arquitetura claramente inspirada na Grécia Antiga, a fachada do prédio é adornada com uma estátua da deusa Athena, figura mitológica grega, símbolo da sabedoria.
E bastou atravessar a rua para chegarmos ao Volksgarten e, aqui, uma das primeiras coisas que nos chamou a atenção foram os jardins de roseiras plantadas pelos próprios moradores de Viena e dedicadas a entes amados. Uma declaração pública de amor. Uma placa em cada roseira indica o nome de quem a plantou e para quem aquelas rosas são dedicadas. Uma criativa e lúdica forma de estimular a participação dos cidadãos vienenses na paisagem do parque.
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Volksgarten visto a partir do Parlamento Austríaco |
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Roseiras plantadas pelos próprios vienenses e dedicadas a algum ente amado |
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"Para Sonja - o grande amor da minha vida, Toni" |
Saindo do Volksgarten, era hora de explorar as ruas do centro da cidade, com suas belas construções, charmosos cafés a cada esquina e inúmeras charretes levando os turistas por suas ruelas. E foi retornando a área de Hofburg (explorada no
post anterior), que seguimos em direção a um dos mais clássicos cafés vienenses: o Cafe Central. Inaugurado no ano de 1876, uma visita a este famoso café vale a pena, especialmente, devido a sua bela arquitetura interna. Um lugar super charmoso para uma parada estratégica durante uma caminhada pelas ruas de Viena.
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Interior do Cafe Central |
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Percebam como o Cafe Central é facilmente acessado a partir do Volksgarten e do Hofburg. Para ir de metro, basta pegar a linha U3 até a Estação Herrengasse. Endereço do estabelecimento: Herrengasse 14 |
Após um merecido café (e você nem precisa pedir algo para comer caso queira apenas conhecer o interior do lugar; um café já é suficiente), continuamos nossa caminhada pelas ruas do centro histórico. Todas as ruas mantêm o estilo clássico e elegante da cidade, com belos prédios, muito bem preservados, a cada nova esquina. Talvez, o que tenha me incomodado um pouco na cidade, tenha sido a sobriedade excessiva de suas ruas, num padrão quase monocromático. Entenda: a cidade é belíssima, seus prédios enchem os olhos; mas um pouco de colorido não faria mal (e, talvez por isso, eu tenha preferido Praga).
E foi caminhando que chegamos ao antigo bairro judeu da cidade, mais especificamente, à Judenplatz, praça que abriga o Memorial ao Holocausto, em homenagem aos judeus austríacos que foram mortos durante o domínio nazista. Seria apenas a primeira das muitas referências a este terrível acontecimento que veríamos ao longo desta viagem pela Europa. O monumento representa uma espécie de biblioteca (em referência aos judeus serem chamados de "Povo dos Livros"), com inúmeros livros dispostos em prateleiras. Os livros, representando os judeus mortos, têm suas lombadas viradas para dentro, não sendo, portanto, possível identificá-los (percebeu a simbologia?). Da mesma forma, a porta dupla do monumento encontra-se com as maçanetas viradas para dentro, numa clara indicação de que não somos capazes de abri-la. Não somos capazes de conhecer nem de salvar aqueles milhares judeus que tiveram suas vidas apagadas e destruídas pela crueldade humana. Um monumento tão simples no meio da pomposa Viena, mas tão cheio de significado.
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Judenplatz e o Memorial ao Holocausto |
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Judenplatz |
Como estávamos próximos ao rio Danúbio (na verdade, uma ramificação do mesmo), resolvemos caminhar até lá para ter um vislumbre do famoso rio. Em Viena, diferente de outras capitais europeias, como Praga, Paris, Londres e Budapeste, a cidade parece ter se desenvolvido independente do rio que a atravessa. Embora o Danúbio esteja próximo do centro histórico, é possível percorrer os principais pontos da cidade sem ter qualquer visão do mesmo. Palácios, Catedrais, Parlamentos, que, nas cidades citadas anteriormente, costumam localizar-se às margens ou bem próximas do rio, em Viena, encontram-se mais afastados.
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Ramificação do Danúbio |
Diferente de Budapeste (também cortada pelo Danúbio), o rio em Viena não atrai tanto os nossos olhos. Mas vale ressaltar que não fomos até o trajeto principal do rio nem navegamos por ele. Aliás, o único local de visitação que fica às margens do leito principal do Danúbio é a sede da ONU em Viena, mas que, infelizmente, por falta de tempo, não conhecemos nesta viagem.
A partir do Danúbio, caminhamos em sentido inverso, agora em direção ao coração do centro de Viena: a Stephenplatz, onde se localiza a Catedral de St Stephen. Considerada um dos principais símbolos da capital austríaca, a catedral começou a adquirir seu estilo gótico atual no ano de 1304, embora tenha sofrido inúmeras remodelações ao longo dos anos seguintes, incluindo uma realizada após um incêndio, durante a Segunda Guerra Mundial, que danificou o seu lado norte.
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Catedral de St Stephen |
Do ponto de vista arquitetônico, duas características da catedral chamam a atenção: o seu belíssimo teto ornamentado por azulejos de múltiplas cores e a imponente torre sul (a mais alta do santuário religioso).
O teto é adornado por 230 mil azulejos que formam um mosaico colorido e que dão uma beleza e um charme único à catedral vienense. No lado norte do telhado, os mosaicos formam a figura de dois brasões: da Cidade de Viena e da República da Áustria. Na parte de trás do lado sul da catedral, os mosaicos do teto formam a águia de duas cabeças, símbolo da dinastia Habsburg, família imperial que reinou durante séculos sobre o país. Percebam também a intensa inclinação do teto, uma forma de impedir o acúmulo da neve durante os meses de inverno.
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Símbolo da Família Habsburgo localizado na parte de trás do lado norte do telhado. Na foto, encontra-se também a torre sul da catedral |
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Frente da catedral |
A torre sul da catedral, com seus 136 metros de altura, corresponde a uma das estruturas mais altas da cidade (sendo a mais alta do centro histórico), de forma que seu topo pode ser visto de vários pontos da capital. Foi, inclusive, utilizada como ponto de observação durante algumas guerras ao longo dos séculos. Uma torre norte também teve sua construção iniciada com o objetivo de servir de espelho para a torre sul, mas foi interrompida (talvez por questões orçamentárias) no século XVI, tendo atualmente, apenas 68 metros de altura.
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Torre norte. Percebam a torre sul, ao fundo, bem mais alta. |
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Ainda do lado norte da catedral, percebam as inúmeras charretes estacionadas, aguardando os turistas que queiram pagar por um passeio mais clássico pelas ruas do centro histórico |
E para quem quiser ter uma vista de Viena do alto da torre sul, isto é possível após uma subida de 343 degraus. O acesso à íngreme e apertada escada em forma de espiral é feito pelo lado sul da Catedral (logo atrás da torre), pelo lado de fora (passamos um tempo perdidos no interior da igreja tentando descobrir o local de acesso). Não há opção de acessar o alto da torre de elevador. Mas a pergunta mais importante é: vale a pena enfrentar os 343 degraus? Para responder esta questão e decidir sobre a subida, tenha em mente que o ponto de observação é extremamente limitado. Na verdade, após terminar a subida, você chega a uma sala circular e fechada, com umas 4 janelas (se não me engano), que permite a visão da cidade através dos seus vidros. E confesso que isto é um pouco decepcionante após todo o esforço envolvido. Em compensação, você consegue ver o lindo mosaico colorido do teto mais de perto e a vista, por mais que seja limitada, é bem bonita. Infelizmente, esta subida causou uma lesão muscular na minha perna esquerda que me acompanhou ao longo de toda a viagem, causando dores por vezes quase insuportáveis. Felizmente, à base de anti-inflamatório, consegui me manter firme e não precisei limitar minhas caminhadas pelas ruas de Praga, Cracóvia e Budapeste nos dias que se seguiram. Moral da história: preciso me exercitar mais para não correr o risco de me limitar nas próximas viagens!! Viajante não pode ser sedentário!!!
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Esta pequena construção pintada de branco, com janelas floridas, corresponde ao local de acesso para os degraus que levam ao alto da torre sul |
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Sala de observação. As janelas permanecem fechadas e a visão se dá através dos seus vidros. Há uma lojinha de souvenir e que também vende água no local. |
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Apreciando o belíssimo telhado da catedral mais de perto |
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Com boa vontade, é possível ver, ao fundo da foto, a famosa roda gigante do parque Prater que visitaríamos mais tarde |
Sobre o interior da catedral, confesso que não consigo lembrar muita coisa, especialmente, depois de ter visitado tantas igrejas nesta viagem. As memórias acabam se misturando. E com o tempo, tudo parece ser tão igual, tão repetitivo. Muita ostentação, muito luxo e pouca singularidade. Obviamente, tem aquelas igrejas que tem uma marca própria e, assim, não se misturam em nossas memórias. Mas, infelizmente, ao que me parece, elas são exceção. Abaixo, algumas fotos do interior da catedral.
A entrada na catedral é gratuita. A subida em sua torre sul, entretanto, é paga, mas custa apenas 4,50 euros. Em datas específicas, concertos de música clássica ocorrem no interior da catedral. Informações sobre datas e valores podem ser acessados no
site oficial da instituição.
Partindo da Stephenplatz, há duas importantes ruas de pedestres, com inúmeras lojas famosas, cafés e restaurantes: a Karntner Strasse (a qual exploramos na noite do dia seguinte) e a Graben. Esta última contém dois monumentos de destaque: o Pestsäule, localizado no centro da rua, que faz referência à peste que assolou Viena até o ano de 1679 e que foi erguido em 1687 como uma forma de agradecimento pelo fim da epidemia; e a Igreja de St Peter.
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Graben |
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Pestsäule |
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Igreja de St Peter |
Pelo que se pode perceber, a melhor forma de conhecer o centro histórico de Viena e suas atrações e monumentos, é caminhando. Escolha um ponto de início, trace um roteiro lógico, tendo um mapa em mãos. e coloque seus pés para trabalhar. Seus olhos agradecerão.
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Trajeto que percorremos pelo centro histórico de Viena |
No próximo post, continuo nossa peregrinação por mais pontos turísticos nesse segundo dia em Viena, com destaque para o belíssimo Belvedere e a antiga roda gigante do Prater.
PARA SE PLANEJAR:
1. Catedral de St Stephen
Horário de funcionamento: de segunda à sábado, das 6 às 22h e, aos domingos e feriados, das 7 às 22h / A subida à torre sul, funciona diariamente das 9 às 17:30h
Entrada: interior da catedral: gratuito / acesso à torre sul: 4,50 euros
Como chegar: de metrô (linhas U1 ou U3 até a Estação Stephenplatz)
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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