Quando eu comecei a pesquisar sobre a China, após ter comprado nossa passagem para o país, um lugar me chamou a atenção e, por ser a região turística mais próxima de Hong Kong, se tornou objetivo principal do nosso roteiro: Yangshuo. Confesso que, até então, nunca ouvira falar da cidade e da região em volta de Guilin, cidade base para se chegar a Yangshuo.
O que esta região tem de tão especial? A beleza paisagística. As fotos da bela geografia que liga as cidades de Guilin a Yangshuo, através do chamado Li River Cruise, me deixou extremamente encantado. E estar lá em carne e osso foi surreal. Beleza para nunca mais sair da memória.
Guilin e Yangshuo ficam na região (ou estado ou província... não entendo muito bem a divisão geográfica do país) de Guangxi e corresponde a uma das áreas do país mais visitadas pelos próprios chineses. Ao que me pareceu, não é ainda, no entanto, um destino popular entre os ocidentais, considerando que praticamente não os vi por lá. Uma pena, uma vez que a beleza da região merece a visita.
Talvez, por isso, eu tenha encontrado tão pouca informação sobre suas atrações na internet. Muito do que li estava incompleto e não conseguia encontrar informações básicas sobre o valor de algumas das atrações ou a melhor forma de se chegar até elas.
Afinal, Yangshuo é uma cidade pequena e a maior parte de suas atrações se localizam na natureza ao seu redor. São cavernas, montanhas de calcário e passeios de barco que não estão exatamente próximos da cidade. Nem tudo tem website oficial (e quando tem, está tudo em mandarim). Acabamos ficando dependentes de agências de turismo locais que encontrei na internet (opção que não curto muito, mas da qual tivemos que lançar mão na situação em questão).
Entre as atrações da região em torno de Yangshuo, três me chamaram a atenção:
1. Passeio em barcos de bambu pelo rio Li, o chamado bamboo rafting: são embarcações que lembram jangadas, pilotada (a remo) por um local e que levam no máximo dois passageiros ao longo do rio Li, entre as belas montanhas de calcário da região, passando por algumas pequenas quedas d´água (pequenas mesmo, sem risco ou possibilidade de causar medo nos menos corajosos, embora tenha rafting no seu nome). Um passeio, basicamente, de contemplação.
Embora fosse um passeio que eu queria muito fazer a princípio, acabou não sendo possível, uma vez que a saída dos barcos fica a uma certa distância do centro da cidade e tínhamos pouco tempo. De qualquer modo, chegamos à cidade de barco, margeando toda a beleza da região e o passeio nos barcos de bambu nos pareceu mais uma repetição do que já tínhamos feito. No entanto, se você chegar a Yangshuo de ônibus, acredito que seja indispensável navegar pelo rio partindo de lá. Sem dúvida, é a melhor forma de apreciar a paisagem.
Dica: uma das rotas do bamboo rafting (há mais de uma, com diferentes pontos de partida e diferentes durações) partam da Yulong Bridge. Uma forma bem interessante de se chegar lá é através de um passeio de bicicleta pela região. Mas nesse caso, você precisará de um guia para te levar até lá. Portanto, ao que me parece, é difícil fugir de uma agência de turismo. Se você tiver um dia inteiro disponível na cidade, acho que vale muito à pena contratar esse passeio, indo de bicicleta até a margem do rio e, daqui, partindo no bamboo rafting.
2. Passeio em algumas das cavernas da região: por serem, caracteristicamente, formadas por várias porções ocas, as montanhas de calcário apresentam inúmeras cavernas, algumas delas com ótima estrutura turística para receber o visitante.
Na verdade, havia optado por deixar para conhecer uma caverna na cidade de Guilin. No entanto, a agência de turismo nos ofereceu um passeio a Silver Cave assim que chegamos à cidade o que acabou se tornando uma opção mais cômoda.
3. Passeio até a Moon Hill: considerada umas das montanhas mais famosas da região, a Moon Hill se diferencia das demais por ter uma perfuração no seu centro, dando-lhe um formato peculiar e diferente das demais montanhas. Mas o que, na verdade, mais me chamou a atenção na atração foi a possibilidade de escalar centenas de degraus até o seu topo (são cerca de 800 degraus). Embora cansativo, ao que me parece, vale à pena, uma vez que, pelo que li, a vista do seu alto é incrível.
Infelizmente, Técio estava com muita dor no joelho o que impossibilitaria o passeio. Além disso, a logística para se acessar a montanha por conta própria, em um lugar onde quase ninguém fala inglês e cujas informações na internet são limitadas, não parece simples.
Acabamos desistindo de subir a Moon Hill, e nos contentamos em apenas vê-la (a agência que nos levou a Silver Cave parou próximo à montanha para que a contemplássemos). Mas confesso que não subi-la foi uma das maiores frustrações desta viagem.
E se fosse hoje, como eu faria? Eu teria ficado mais uma dia em Yangshuo e combinaria com uma agência o seguinte passeio: ida até a Yulong Bridge, seguido do bamboo rafting até a Moon Hill, com tempo para escalar a montanha. Fica a dica.
Como foi? Após o Li River Cruise entre Guilin e Yangshuo (sobre o qual darei detalhes abaixo), combinamos com a mesma agência o passeio até a Silver Cave (com parada para ver a Moon Hill). O restante do tempo foi dedicado às atrações da própria cidade:
1. Liu Sanjie Impression Light Show: na mesma noite em que chegamos
2. Passeio pela West Street, principal rua da cidade e pela orla da cidade no dia seguinte (antes de pegarmos o ônibus de volta para Guilin).
Há dois meios principais de se fazer o trajeto entre as duas cidades: ônibus e barco. O ideal é fazer um dos trechos de ônibus e o outro de barco. Afinal, este último não é apenas o meio de transporte, mas também a própria (e melhor) atração da região. São cerca de 4 horas e meia navegando o rio Li e atravessando paisagens surreais. No entanto, pelo tempo gasto, não vale à pena fazer os dois trajetos de barco (a viagem de ônibus dura apenas 1 hora e 20 minutos).
O ônibus (ou carro ou van) pode ser algum turístico, contratado em alguma agência ou, caso você queira economizar, pode optar pelos ônibus intermunicipais que interligam frequentemente ao longo do dia os terminais rodoviários das duas cidades.
O passeio de barco é conhecido como Li River Cruise e, para comprar o seu ticket, não há outra opção (ou pelo menos não consegui descobrir nenhuma outra) que não seja através de uma agência de viagem. Para isso, você pode utilizar uma agência online (como a Travel China Guide e a Yangshuo Insider) ou solicitar que o seu hotel realize a compra, pagando-o no momento do check-in.
Reservamos nossa vaga no Li River Cruise através do nosso hostel em Guilin (o Riverside Inn), que foi super solícito em se comunicar por e-mail.
O barco sai de Guilin pela manhã (entre 9 e 9:30h) do Zhujiang Pier. Uma vez reservado o passeio, um ônibus turístico passará no seu hotel em torno das 8 horas para fazer o transporte até o Píer.
O Li River Cruise nos custou 380 CYN, valor que estava compatível com o fornecido por diversas agências que pesquisei online.
E cuidado: pelo que fui informado, não há nenhum website do Li River Cruise no qual se possa comprar a passagem. Falo isso porque encontrei um em minhas pesquisas na internet (que tinha, inclusive, um selo do tripadvisor). No entanto, não consegui encontrar nenhuma outra informação na internet sobre o website (nem no próprio tripadvisor) e acabei concluindo que ele era falso. Uma forma de tirar dinheiro de turistas desavisados ao que me pareceu.
Para retornar de Yangshuo para Guilin (após passar uma noite na cidade), optamos por pegar um ônibus intermunicipal no terminal rodoviário.
Falo terminal, mas me pareceu mais um terreno repleto de ônibus. Não há um guichê ao qual você se dirige para comprar a passagem. Você apenas entra no ônibus, pagando a passagem ao motorista ou a um outro funcionário que fica na porta do ônibus. Ninguém usava camisa ou crachá de identificação, tendo sido necessário confirmar (através de mímica) com outros passageiros se era aquela pessoa a quem eu deveria mesmo dar o dinheiro. Uma bagunça.
E não espere encontrar o nome Guilin (escrito com o nosso alfabeto) na frente do ônibus. Tive que certificar se aquele era mesmo o ônibus com destino a Guilin, falando o nome da cidade ao funcionário e comparando o nome escrito na frente do ônibus no alfabeto chinês com as minhas anotações (sim, eu levei todos os nomes de cidades chinesas pelas quais passaria escrito em mandarim).
Mas deu tudo certo. A passagem custou 20 CYN. E uma dica: se oferecerem seguro, não compre (é golpe).
Para encontrar o terminal, não há dificuldade. Ele é acessado através de uma das principais ruas da cidade, a Pantao Road. Já havíamos o marcado no mapa, mas para não ter erro, pedimos para um chinês que falava inglês anotar o nome do terminal no alfabeto mandarim para mostrarmos a alguém caso nos perdêssemos. O mapa abaixo mostra o trajeto entre o nosso hotel (o Lucy´s Hotel) e o terminal de ônibus (a Pantao Road é a rua em amarelo).
E não se engane com as distâncias em Yangshuo. Embora a cidade pareça bem pequena no mapa, ela me surpreendeu. Eu imaginava um vilarejo com características bem rurais. Mas a cidade era maior e tinha mais estrutura do que eu pensava. E o tempo de caminhada entre nosso hotel e o terminal demorou mais do que 30 minutos. De qualquer modo, se você tiver pouca bagagem (o que aconselho enormemente) o melhor é seguir a pé, já que, como falei antes, táxi na cidade é muito caro.
Sobre a frequência dos ônibus, isto não me pareceu um problema, pois mal o ônibus na frente do pegamos seguiu viagem, o nosso já partiu (com apenas uns 5 minutos de diferença).
Já o terminal de Guilin tem mais cara de rodoviária, mas tem um entorno bem feioso, embora se localize em uma importante avenida da cidade: a Zhongshan S Road (ver abaixo).
Por sorte, o nosso hostel em Guilin se localizava bem próximo ao terminal de ônibus, sendo facilmente acessado a pé.
Nossa recomendação: vá de Guilin para Yangshuo através do Li River Cruise e retorne por terra.
O hostel havia reservado nosso passeio, conforme combinado previamente por e-mail. Pagamos o valor correspondente durante o check-in e fomos informados de que deveríamos estar a espera do ônibus que nos levaria ao píer às 8 horas da manhã seguinte.
Quem leu nosso relato sobre nossa viagem de Hong Kong até Guilin e está lendo este post agora deve estar imaginando como foi enfrentarr todos esses trajetos com a bagagem. Simples: como voltaríamos para o mesmo hotel em Hong Kong, deixamos as malas no hotel e levamos apenas mochila com o mínimo necessário durante nossos dias pela China.
Portanto, seguimos no ônibus, que nos pegou no dia seguinte, apenas com nossas mochilas até o píer. Chegando lá, mais uma visão do que cansamos de ver pela China: multidão. O espaço do terminal de embarque é bem pequeno e não consegue comportar tanto chinês durante o feriado de ano novo. O pior é que cada um tem seu grupo de excursão e você tem que ter cuidado para não se perder do seu. Decore bem o rosto do seu guia.
E, claro, quando a guia providenciou nossos tickets de embarque e informou que embarcaríamos no barco, os chineses do nosso grupo enlouqueceram para passar primeiro. Foi aquele empurra-empurra de sempre, num espaço já lotado de gente. O bom é que não tínhamos nem como cair no chão. Mas fomos jogados para tudo que é lado, empurrados contra as bagagens alheias e arrastados em direção ao embarque.
Entramos no barco que era composto por inúmeras mesas de cada lado. Cada mesa com espaço para oito pessoas. Tudo que queríamos era nos sentar na mesa mais afastada possível. Mas a guia não nos deixou. Fomos obrigados a sentar na mesa que ela queria com uma família inteira que saboreava algumas iguarias estranhas.
O legal do passeio, no entanto, é ir até o deck superior e ficar lá apreciando a paisagem. Mal o barco começou a andar, fugimos para o deck e não mais voltamos à mesa. Seriam 4 horas e meia de viagem. Mas nem percebemos o tempo passar. A cada curva no rio, a paisagem das belíssimas montanhas de calcário às margens do rio Li ficava ainda mais bonita.
Um cenário diferente de tudo que já havíamos visto. E, à medida que o barco vai se aproximando de Yangshuo, o cenário vai ficando cada vez mais bonito. Impressionante como este ainda não é um destino famoso entre os turistas ocidentais. E entendo perfeitamente que os chineses adorem passear na região.
Naquele dia, devido ao feriado, havia inúmeros barcos fazendo o mesmo trajeto. O ideal seria ter pego o primeiro barco, para se ter a paisagem completamente limpa ao longo do trajeto. Mas confesso que não achei o monte de barcos um problema. Ao contrário do dia um pouco nublado (algo comum na região) que me incomodou um pouco. Preferiria mil vezes ter visto toda aquela paisagem emoldurada por um lindo céu azul. Mas, pelo menos, não vimos nem sinal de chuva.
No caminho, haviam também muitos barquinhos de bambu, algumas cavernas sendo exploradas e pequenas vilas de pescadores. Uma prática comum no rio Li é a pesca tradicional que utiliza, no local da clássica vara de pesca, um pássaro da região: os cormorões. Alguns turistas, inclusive, fazem passeios no rio durante a noite apenas para ver estes pescadores em ação com sua técnica milenar. Confesso, no entanto, que não tive curiosidade em ver esta prática, já que me pareceu um pouco torturante para os pássaros que têm sua garganta apertada para impedir que os peixes capturados pelos mesmos sejam deglutidos.
Um dos momentos mais esperados do Li River Cruise costuma ser aquele em que se avista o cenário retratado na cédula de 20 CYN. É comum se tirar uma foto da cédula em frente a paisagem que a inspirou. No entanto, não conseguimos identificar o momento certo. Acredito que a guia deve ter informado a aproximação do cenário apenas em mandarim e acabamos, portanto, deixando passar.
Vale ressaltar que o barco serve almoço (valor incluso do preço da passagem) no estilo self-service. O cardápio é bem básico e, ainda bem, deu para comermos sem maiores problemas: arroz (que tinha o mesmo cheiro horrível de algum tempero que eles adoram utilizar), frango à passarinha, batata-frita (a salvação), verdura. Deu para se alimentar, embora não fosse nenhuma delícia.
Durante o trajeto, a guia (que felizmente falava inglês, embora esquecesse o tempo de alternar entre o mandarim e o inglês) nos procurou para oferecer o passeio da tarde até a Silver Cave (como expliquei acima) e acabamos fechando com ela.
Chegamos a Yangshuo deslumbrados com a beleza do passeio pelo rio Li, o ponto alto da viagem até a região. Não tem como, portanto, não recomendar o Li River Cruise. Um dos mais belos passeios paisagísticos que já fizemos.
Uma informação importante: se estiver levando muita bagagem no barco, não espere encontrar uma praça de táxi quando descer do barco. Você já descerá na calçada que margeia o rio e terá que subir alguns poucos degraus para ter acesso à cidade.
No próximo post falarei mais sobre nossa passagem por Yangshuo.
O que esta região tem de tão especial? A beleza paisagística. As fotos da bela geografia que liga as cidades de Guilin a Yangshuo, através do chamado Li River Cruise, me deixou extremamente encantado. E estar lá em carne e osso foi surreal. Beleza para nunca mais sair da memória.
Li River Cruise |
Guilin e Yangshuo ficam na região (ou estado ou província... não entendo muito bem a divisão geográfica do país) de Guangxi e corresponde a uma das áreas do país mais visitadas pelos próprios chineses. Ao que me pareceu, não é ainda, no entanto, um destino popular entre os ocidentais, considerando que praticamente não os vi por lá. Uma pena, uma vez que a beleza da região merece a visita.
Talvez, por isso, eu tenha encontrado tão pouca informação sobre suas atrações na internet. Muito do que li estava incompleto e não conseguia encontrar informações básicas sobre o valor de algumas das atrações ou a melhor forma de se chegar até elas.
Afinal, Yangshuo é uma cidade pequena e a maior parte de suas atrações se localizam na natureza ao seu redor. São cavernas, montanhas de calcário e passeios de barco que não estão exatamente próximos da cidade. Nem tudo tem website oficial (e quando tem, está tudo em mandarim). Acabamos ficando dependentes de agências de turismo locais que encontrei na internet (opção que não curto muito, mas da qual tivemos que lançar mão na situação em questão).
Entre as atrações da região em torno de Yangshuo, três me chamaram a atenção:
1. Passeio em barcos de bambu pelo rio Li, o chamado bamboo rafting: são embarcações que lembram jangadas, pilotada (a remo) por um local e que levam no máximo dois passageiros ao longo do rio Li, entre as belas montanhas de calcário da região, passando por algumas pequenas quedas d´água (pequenas mesmo, sem risco ou possibilidade de causar medo nos menos corajosos, embora tenha rafting no seu nome). Um passeio, basicamente, de contemplação.
Embora fosse um passeio que eu queria muito fazer a princípio, acabou não sendo possível, uma vez que a saída dos barcos fica a uma certa distância do centro da cidade e tínhamos pouco tempo. De qualquer modo, chegamos à cidade de barco, margeando toda a beleza da região e o passeio nos barcos de bambu nos pareceu mais uma repetição do que já tínhamos feito. No entanto, se você chegar a Yangshuo de ônibus, acredito que seja indispensável navegar pelo rio partindo de lá. Sem dúvida, é a melhor forma de apreciar a paisagem.
Dica: uma das rotas do bamboo rafting (há mais de uma, com diferentes pontos de partida e diferentes durações) partam da Yulong Bridge. Uma forma bem interessante de se chegar lá é através de um passeio de bicicleta pela região. Mas nesse caso, você precisará de um guia para te levar até lá. Portanto, ao que me parece, é difícil fugir de uma agência de turismo. Se você tiver um dia inteiro disponível na cidade, acho que vale muito à pena contratar esse passeio, indo de bicicleta até a margem do rio e, daqui, partindo no bamboo rafting.
2. Passeio em algumas das cavernas da região: por serem, caracteristicamente, formadas por várias porções ocas, as montanhas de calcário apresentam inúmeras cavernas, algumas delas com ótima estrutura turística para receber o visitante.
Na verdade, havia optado por deixar para conhecer uma caverna na cidade de Guilin. No entanto, a agência de turismo nos ofereceu um passeio a Silver Cave assim que chegamos à cidade o que acabou se tornando uma opção mais cômoda.
Silver Cave |
3. Passeio até a Moon Hill: considerada umas das montanhas mais famosas da região, a Moon Hill se diferencia das demais por ter uma perfuração no seu centro, dando-lhe um formato peculiar e diferente das demais montanhas. Mas o que, na verdade, mais me chamou a atenção na atração foi a possibilidade de escalar centenas de degraus até o seu topo (são cerca de 800 degraus). Embora cansativo, ao que me parece, vale à pena, uma vez que, pelo que li, a vista do seu alto é incrível.
Infelizmente, Técio estava com muita dor no joelho o que impossibilitaria o passeio. Além disso, a logística para se acessar a montanha por conta própria, em um lugar onde quase ninguém fala inglês e cujas informações na internet são limitadas, não parece simples.
Acabamos desistindo de subir a Moon Hill, e nos contentamos em apenas vê-la (a agência que nos levou a Silver Cave parou próximo à montanha para que a contemplássemos). Mas confesso que não subi-la foi uma das maiores frustrações desta viagem.
Moon Hill |
E se fosse hoje, como eu faria? Eu teria ficado mais uma dia em Yangshuo e combinaria com uma agência o seguinte passeio: ida até a Yulong Bridge, seguido do bamboo rafting até a Moon Hill, com tempo para escalar a montanha. Fica a dica.
Como foi? Após o Li River Cruise entre Guilin e Yangshuo (sobre o qual darei detalhes abaixo), combinamos com a mesma agência o passeio até a Silver Cave (com parada para ver a Moon Hill). O restante do tempo foi dedicado às atrações da própria cidade:
1. Liu Sanjie Impression Light Show: na mesma noite em que chegamos
2. Passeio pela West Street, principal rua da cidade e pela orla da cidade no dia seguinte (antes de pegarmos o ônibus de volta para Guilin).
Como ir de Guilin para Yangshuo (ou vice-versa)
Há dois meios principais de se fazer o trajeto entre as duas cidades: ônibus e barco. O ideal é fazer um dos trechos de ônibus e o outro de barco. Afinal, este último não é apenas o meio de transporte, mas também a própria (e melhor) atração da região. São cerca de 4 horas e meia navegando o rio Li e atravessando paisagens surreais. No entanto, pelo tempo gasto, não vale à pena fazer os dois trajetos de barco (a viagem de ônibus dura apenas 1 hora e 20 minutos).
O ônibus (ou carro ou van) pode ser algum turístico, contratado em alguma agência ou, caso você queira economizar, pode optar pelos ônibus intermunicipais que interligam frequentemente ao longo do dia os terminais rodoviários das duas cidades.
O passeio de barco é conhecido como Li River Cruise e, para comprar o seu ticket, não há outra opção (ou pelo menos não consegui descobrir nenhuma outra) que não seja através de uma agência de viagem. Para isso, você pode utilizar uma agência online (como a Travel China Guide e a Yangshuo Insider) ou solicitar que o seu hotel realize a compra, pagando-o no momento do check-in.
Reservamos nossa vaga no Li River Cruise através do nosso hostel em Guilin (o Riverside Inn), que foi super solícito em se comunicar por e-mail.
O barco sai de Guilin pela manhã (entre 9 e 9:30h) do Zhujiang Pier. Uma vez reservado o passeio, um ônibus turístico passará no seu hotel em torno das 8 horas para fazer o transporte até o Píer.
Ônibus turístico nos pegando em nosso hostel |
O Li River Cruise nos custou 380 CYN, valor que estava compatível com o fornecido por diversas agências que pesquisei online.
Os barcos no píer em Guilin que partem em direção a Yangshuo. Há dois andares com mesas e poltronas e um deck superior para apreciação da paisagem. O almoço é servido no andar de cima. |
E cuidado: pelo que fui informado, não há nenhum website do Li River Cruise no qual se possa comprar a passagem. Falo isso porque encontrei um em minhas pesquisas na internet (que tinha, inclusive, um selo do tripadvisor). No entanto, não consegui encontrar nenhuma outra informação na internet sobre o website (nem no próprio tripadvisor) e acabei concluindo que ele era falso. Uma forma de tirar dinheiro de turistas desavisados ao que me pareceu.
Para retornar de Yangshuo para Guilin (após passar uma noite na cidade), optamos por pegar um ônibus intermunicipal no terminal rodoviário.
Falo terminal, mas me pareceu mais um terreno repleto de ônibus. Não há um guichê ao qual você se dirige para comprar a passagem. Você apenas entra no ônibus, pagando a passagem ao motorista ou a um outro funcionário que fica na porta do ônibus. Ninguém usava camisa ou crachá de identificação, tendo sido necessário confirmar (através de mímica) com outros passageiros se era aquela pessoa a quem eu deveria mesmo dar o dinheiro. Uma bagunça.
E não espere encontrar o nome Guilin (escrito com o nosso alfabeto) na frente do ônibus. Tive que certificar se aquele era mesmo o ônibus com destino a Guilin, falando o nome da cidade ao funcionário e comparando o nome escrito na frente do ônibus no alfabeto chinês com as minhas anotações (sim, eu levei todos os nomes de cidades chinesas pelas quais passaria escrito em mandarim).
Mas deu tudo certo. A passagem custou 20 CYN. E uma dica: se oferecerem seguro, não compre (é golpe).
Para encontrar o terminal, não há dificuldade. Ele é acessado através de uma das principais ruas da cidade, a Pantao Road. Já havíamos o marcado no mapa, mas para não ter erro, pedimos para um chinês que falava inglês anotar o nome do terminal no alfabeto mandarim para mostrarmos a alguém caso nos perdêssemos. O mapa abaixo mostra o trajeto entre o nosso hotel (o Lucy´s Hotel) e o terminal de ônibus (a Pantao Road é a rua em amarelo).
E não se engane com as distâncias em Yangshuo. Embora a cidade pareça bem pequena no mapa, ela me surpreendeu. Eu imaginava um vilarejo com características bem rurais. Mas a cidade era maior e tinha mais estrutura do que eu pensava. E o tempo de caminhada entre nosso hotel e o terminal demorou mais do que 30 minutos. De qualquer modo, se você tiver pouca bagagem (o que aconselho enormemente) o melhor é seguir a pé, já que, como falei antes, táxi na cidade é muito caro.
Sobre a frequência dos ônibus, isto não me pareceu um problema, pois mal o ônibus na frente do pegamos seguiu viagem, o nosso já partiu (com apenas uns 5 minutos de diferença).
Já o terminal de Guilin tem mais cara de rodoviária, mas tem um entorno bem feioso, embora se localize em uma importante avenida da cidade: a Zhongshan S Road (ver abaixo).
Por sorte, o nosso hostel em Guilin se localizava bem próximo ao terminal de ônibus, sendo facilmente acessado a pé.
Nossa recomendação: vá de Guilin para Yangshuo através do Li River Cruise e retorne por terra.
Nossa experiência no Li River Cruise
Como nossa chegada em Guilin já se deu tarde da noite, devido ao imprevisto que enfrentamos com a enorme migração humana que ocorre durante o ano novo chinês, deixamos as atrações da cidade reservadas para conhecer na volta de Yangshuo. Afinal, tínhamos apenas uma noite de descanso no Riverside Inn Guilin (excelente hostel) antes de pegar o Li River Cruise no dia seguinte.O hostel havia reservado nosso passeio, conforme combinado previamente por e-mail. Pagamos o valor correspondente durante o check-in e fomos informados de que deveríamos estar a espera do ônibus que nos levaria ao píer às 8 horas da manhã seguinte.
Quem leu nosso relato sobre nossa viagem de Hong Kong até Guilin e está lendo este post agora deve estar imaginando como foi enfrentarr todos esses trajetos com a bagagem. Simples: como voltaríamos para o mesmo hotel em Hong Kong, deixamos as malas no hotel e levamos apenas mochila com o mínimo necessário durante nossos dias pela China.
Portanto, seguimos no ônibus, que nos pegou no dia seguinte, apenas com nossas mochilas até o píer. Chegando lá, mais uma visão do que cansamos de ver pela China: multidão. O espaço do terminal de embarque é bem pequeno e não consegue comportar tanto chinês durante o feriado de ano novo. O pior é que cada um tem seu grupo de excursão e você tem que ter cuidado para não se perder do seu. Decore bem o rosto do seu guia.
O terminal de embarque lotado! |
E, claro, quando a guia providenciou nossos tickets de embarque e informou que embarcaríamos no barco, os chineses do nosso grupo enlouqueceram para passar primeiro. Foi aquele empurra-empurra de sempre, num espaço já lotado de gente. O bom é que não tínhamos nem como cair no chão. Mas fomos jogados para tudo que é lado, empurrados contra as bagagens alheias e arrastados em direção ao embarque.
Entramos no barco que era composto por inúmeras mesas de cada lado. Cada mesa com espaço para oito pessoas. Tudo que queríamos era nos sentar na mesa mais afastada possível. Mas a guia não nos deixou. Fomos obrigados a sentar na mesa que ela queria com uma família inteira que saboreava algumas iguarias estranhas.
Interior do barco |
O legal do passeio, no entanto, é ir até o deck superior e ficar lá apreciando a paisagem. Mal o barco começou a andar, fugimos para o deck e não mais voltamos à mesa. Seriam 4 horas e meia de viagem. Mas nem percebemos o tempo passar. A cada curva no rio, a paisagem das belíssimas montanhas de calcário às margens do rio Li ficava ainda mais bonita.
Píer de embarque em Guilin visto de dentro do barco |
Iniciando o Li River Cruise |
Um cenário diferente de tudo que já havíamos visto. E, à medida que o barco vai se aproximando de Yangshuo, o cenário vai ficando cada vez mais bonito. Impressionante como este ainda não é um destino famoso entre os turistas ocidentais. E entendo perfeitamente que os chineses adorem passear na região.
Naquele dia, devido ao feriado, havia inúmeros barcos fazendo o mesmo trajeto. O ideal seria ter pego o primeiro barco, para se ter a paisagem completamente limpa ao longo do trajeto. Mas confesso que não achei o monte de barcos um problema. Ao contrário do dia um pouco nublado (algo comum na região) que me incomodou um pouco. Preferiria mil vezes ter visto toda aquela paisagem emoldurada por um lindo céu azul. Mas, pelo menos, não vimos nem sinal de chuva.
A fila de barcos |
Vilarejos às margens do rio Li |
No caminho, haviam também muitos barquinhos de bambu, algumas cavernas sendo exploradas e pequenas vilas de pescadores. Uma prática comum no rio Li é a pesca tradicional que utiliza, no local da clássica vara de pesca, um pássaro da região: os cormorões. Alguns turistas, inclusive, fazem passeios no rio durante a noite apenas para ver estes pescadores em ação com sua técnica milenar. Confesso, no entanto, que não tive curiosidade em ver esta prática, já que me pareceu um pouco torturante para os pássaros que têm sua garganta apertada para impedir que os peixes capturados pelos mesmos sejam deglutidos.
O cormorão |
Um dos momentos mais esperados do Li River Cruise costuma ser aquele em que se avista o cenário retratado na cédula de 20 CYN. É comum se tirar uma foto da cédula em frente a paisagem que a inspirou. No entanto, não conseguimos identificar o momento certo. Acredito que a guia deve ter informado a aproximação do cenário apenas em mandarim e acabamos, portanto, deixando passar.
A paisagem na nota de 20 CYN. Não conseguimos identificar o local exato |
Vale ressaltar que o barco serve almoço (valor incluso do preço da passagem) no estilo self-service. O cardápio é bem básico e, ainda bem, deu para comermos sem maiores problemas: arroz (que tinha o mesmo cheiro horrível de algum tempero que eles adoram utilizar), frango à passarinha, batata-frita (a salvação), verdura. Deu para se alimentar, embora não fosse nenhuma delícia.
Durante o trajeto, a guia (que felizmente falava inglês, embora esquecesse o tempo de alternar entre o mandarim e o inglês) nos procurou para oferecer o passeio da tarde até a Silver Cave (como expliquei acima) e acabamos fechando com ela.
Chegamos a Yangshuo deslumbrados com a beleza do passeio pelo rio Li, o ponto alto da viagem até a região. Não tem como, portanto, não recomendar o Li River Cruise. Um dos mais belos passeios paisagísticos que já fizemos.
Uma informação importante: se estiver levando muita bagagem no barco, não espere encontrar uma praça de táxi quando descer do barco. Você já descerá na calçada que margeia o rio e terá que subir alguns poucos degraus para ter acesso à cidade.
Parte do calçadão de Yangshuo, onde ocorre o desembarque |
No próximo post falarei mais sobre nossa passagem por Yangshuo.
Li River Cruise |
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
Muito informativo sua postagem! Estou pesquisando sem parar sobre este lugar e quase não encontro informações. Seu texto vai me ajudar muito!!
ResponderExcluirTb tive muita dificuldade em encontrar informações na época em que fui. Por isso tive o cuidado de tentar colocar aqui todo detalhe que pudesse ajudar outras pessoas. Fico feliz em estar ajudando! Espero que faça uma excelente viagem! A região de Yangshuo é belíssima!
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ResponderExcluirRealmente existem poucas informações sobre lugares e tours assim na internet, mas pesquisar sobre a China depois de comprar a passagem é bem arriscado! hahahaha Mas parabéns pelo relato, bem completo e ajuda a enriquecer muito a viagem de quem está planejando com qse nenhuma info por aí! Ah! Fiquei feliz de saber que dá pra comer frango a passarinha e batata frita por lá... sempre achei q iria morrer de fome em lugares assim rs
ResponderExcluirSó o nome das cidades já deixam a pessoa tontinha, né? Imagine achar conteúdo em português e mastigadinho assim. Adorei ver o cenário da cédula CYN. Sempre tem alguma relação cultural, mas nem sempre a gente sabe exatamente o que significa. Adorando acompanhar a sua viagem!
ResponderExcluirEu tenho muita vontade de conhecer a China... mas até ler seu post, não tinha me dado conta de como sei pouco sobre esse paí. Percebi que preciso pesquisar mais e fugir do óbvio. Olha que lugares maravilhosos vocês "descobriram", passeios que a maioria dos turistas nem sabem que existe. Agora mais vontade ainda de conhecer a China!
ResponderExcluirUau! Só paisagem fantástica! Imagina a vista da Moon Hill? Arrepio só de pensar...
ResponderExcluirA China está na minha lista há algum tempo, mas nunca fiz um roteiro específico pra lá, até pra ver quanto de grana vou precisar. Esse post está salvo e a dica do cruzeiro pelo rio Li é top! Adorei!
Nossa que incrível, nunca tinha visto paisagens assim com essas montanhas, 4h dentro do barco com esse visual foi uma experiência e tanto eim rsrs, pensei que iria ser mais civilizado para embarque mas pelo visto isso é em todo lugar haahah, adorei as dicas.
ResponderExcluirLegal conhecer um lugar que é bem popular entre os nativos e pouco conhecido pelos ocidentais. Pena que não puderam subir na Moon Hill. Adoro trilhas, o caminho até lá deve ser muito legal. Post excelente, com informações bem detalhadas e completas.
ResponderExcluirAmo passeios de barco, procuro fazer em todo lugar que vou. Amei a dica desse! Fiquei encantada com as paisagens e a Silver Cave. Obrigada pelo relato!
ResponderExcluirA China com certeza está nos meus planos de viagem...Adorei saber desse local tão próximo de Hong Kong, acaba sendo mais prático de ir conhecer. Esse passeio me lembrou um pouco o passeio que fiz para Milford Sound e amei. Certeza que vou amar fazer este também :)
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