Acredito que toda pessoa que tenha por hábito viajar com uma certa frequência já deve ter ouvido esta pergunta alguma vez na vida. E, em muitas vezes, provavelmente, acompanhadas de suas variações:
"Você não trabalha?"
"Onde você arruma tempo?"
"Você só pode estar rico, né?"
E vamos combinar que, em alguns casos, a pergunta em questão ou alguma afirmação do tipo "eu queria ter o seu emprego" vem acompanhada com um certo tom de sarcasmo e despeito. Impossível não perceber o tom crítico nas entrelinhas.
A minha profissão, por exemplo, é classicamente associada com excesso de carga de trabalho e falta de tempo, estereótipo que acaba contribuindo para o "espanto" das pessoas (incluindo colegas de profissão) quando percebem a frequência com a qual viajo.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que, embora eu tenha 12 anos de formado, comecei a viajar há apenas seis. Ou seja, eu realmente não tinha tanto tempo no início da minha carreira, uma vez que precisava me dedicar às pós-graduações. No entanto, após um tempo, eu tomei uma decisão bem simples: eu trabalharia menos do que poderia (mesmo ganhando menos do que alguns colegas), mas também teria mais qualidade de vida. E, para mim, ter qualidade de vida significa viajar mais. É uma questão de escolha.
Obviamente, não posso me ausentar do trabalho no momento que eu quero, assim do nada. É preciso planejar e me organizar com antecedência, muitas vezes, me programando para compensar os dias ausentes, outras vezes me aproveitando dos feriados e ainda dividindo os 30 dias de férias em dois ou três momentos diferentes. É claro, no entanto, que nem toda profissão permite algo assim e, para algumas pessoas, só é mesmo possível viajar em um mês específico. Mas, se eu posso, por que não?
E aí vem a outra questão: o rio de dinheiro em que devo estar nadando para "torrar" tudo viajando. Até porque para algumas pessoas, ter um carro de 100 mil reais e gastar 300 reais na balada do fim de semana não é "torrar" dinheiro, mas viajar... nossa! É coisa de gente rica!!
Como falei antes, é tudo uma questão de escolha. E eu, por exemplo, escolhi não ter um carro caro e, muito menos, comprar apenas roupas de marca. Não curto baladas e minha diversão diária e semanal não costuma ser cara. E acabo economizando dinheiro para viajar. É uma questão de gosto, de satisfação pessoal e de escolha. Você gasta as suas economias comprando um carro. Eu gasto as minhas viajando.
Além disso, nossas viagens envolvem muita pesquisa, desde a compra das passagens (já fomos para a Europa por 600 reais com taxas, por exemplo) até a forma mais barata de se deslocar pelas cidades. Pesquisamos muito e, assim, evitamos gastos desnecessários. Passamos dias escolhendo a hospedagem mais custo-efetiva. Viajamos com uma quantia pré-estabelecida para gastar e contamos cada centavo durante cada dia da viagem. Ou alguém realmente achava que viajávamos no luxo?
Obviamente, não estou querendo dizer que qualquer pessoa possa viajar. Se você ainda não tem uma certa estabilidade financeira ou sobrevive de salário mínimo, é lógico que uma viagem para o exterior não será possível (e infelizmente, esta é a realidade da maioria dos brasileiros). Somos, portanto, privilegiados por poder escolher a forma como gastaremos o dinheiro que poupamos. E, se esta escolha pode ser com viagens, não pensaremos duas vezes!!
Portanto, você não precisa ser rico para viajar. Se o seu emprego permite uma certa flexibilidade das suas férias e suas prioridades não acaba te levando a gastar com outras coisas, sente-se em frente ao computador, comece a pesquisar as passagens aéreas mais em conta e pare de apenas sonhar com as viagens que o seu amigo faz.
Organize. Planeje. Economize. Viaje. Viva.
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