Chegamos a Paris numa tarde nublada de junho e tudo que eu conseguia pensar na hora era: "de que horas o sol vai aparecer?" Infelizmente não vimos nem sinal do astro-rei nos dias seguintes que passamos na cidade. E eu tive que me conformar, tentar esquecer aquele cinza constante no céu (que não curto nem um pouco) e aproveitar o máximo possível a encantadora capital francesa.
Seguimos do Aeroporto Charles de Gaulle até o local onde nos hospedaríamos utilizando o econômico
RoissyBus. E, desta vez, optamos por utilizar, pela primeira vez, o serviço online da Airbnb. O motivo: pelas minhas pesquisas, alugar um apartamento em Paris estava bem mais barato do que reservar um hotel. Obviamente, o local era muito pequeno (algo comum em Paris), mas bem limpo e bastante funcional. Tinha internet, água quente no chuveiro, cama confortável e utensílios domésticos para que pudéssemos nos virar no café-da-manhã. Não nos arrependemos nem um pouco de termos optado pelo apartamento.
E enquanto o anfitrião nos recepcionava e explicava tudo que precisávamos saber, tudo que eu conseguia pensar era que queria tomar logo meu banho e sair para passear. Afinal, era nosso primeiro dia em Paris e não queríamos desperdiçar um minuto. E logo estávamos deixando o "nosso" apartamento e caminhando pelas ruas parisienses.
E, sem dúvidas, caminhar pelas ruas da cidade já é, por si só, uma das principais atrações de Paris. Cada rua alberga construções mais bonitas do que a outra, cada praça mostra que o verde é uma preocupação constante dos parisienses e cada esquina pode esconder algo que merece ser fotografado.
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Mal saímos à rua e já estávamos fotografando |
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Cortando caminho até o Arco do Triunfo por um dos parques verdes da cidade: o Parc Monceau |
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Parc Monceau |
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Em Paris, um portão não pode ser feito de qualquer jeito, não é mesmo? Tem que caprichar! E olha o Arco do Triunfo despontando lá no final da rua. |
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Sempre escuto alguém falando que Paris é suja. Concordo que não tem o mesmo grau de limpeza de outras cidades europeias (Viena, Zurique, por exemplo), mas das duas vezes em que fui, não consegui enxergar esta sujeira toda! |
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Quase chegando ao Arco do Triunfo. Ruas arborizadas é uma constante em Paris. |
Nosso primeiro destino: o famoso Arco do Triunfo, erguido a mando de Napoleão Bonaparte para celebrar suas vitórias nas inúmeras batalhas que travou. Curiosamente, este também foi o primeiro monumento que visitei na cidade quando lá estive pela primeira vez, em 2011. A diferença é que, da primeira vez, eu comprei o ingresso para subir até o seu topo, de onde se tem uma vista incrível, em 360 graus, da cidade e das ruas que partem a partir da praça circular onde o monumento se encontra. Entre elas, claro, a avenida mais famosa do mundo: a Champs-Élysees.
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O Arco do Triunfo se localiza em uma praça circular que represente o ponto de partida de inúmeras avenidas da cidade, incluindo a famosa Champs-Élysees |
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O Arco do Triunfo |
Se você seguir até o Arco do Triunfo desinformado, assim que chegar lá se deparará com um obstáculo: o contorno que envolve o monumento é impossível de ser atravessado, a não ser que você queira ser atropelado. Para chegar aos pés do arco, é preciso encontrar a entrada da passagem subterrânea que te leva até ele (nada difícil; você, certamente, verá várias pessoas acessando estas passagens).
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Perceba que não tem como atravessar a rua que contorna o arco |
Chegando aos pés do arco, você pode comprar um ingresso para subir até o seu topo ou apenas ficar ali admirando os inúmeros desenhos esculpidos no monumento que simbolizam as inúmeras batalhas de Napoleão. É possível ver também o nome de inúmeros soldados gravados na pedra. E, logo abaixo do arco, está o túmulo do soldado desconhecido (cinzas de um combatente morto durante a Primeira Guerra Mundial) e uma chama eterna. Uma enorme bandeira da França cai do arco, mostrando aos turistas o orgulho do povo francês.
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´Tumulo do Soldado Desconhecido (abaixo do Arco do Triunfo). E a Champs-Élysees logo em frente. |
Aliás, este orgulho fica estampado na grandiosidade arquitetônica que representa o Arco do Triunfo. E imponente é, sem dúvidas, a melhor forma de descrevê-lo. Mas engana-se quem acha que este é o maior monumento do tipo no mundo. Este posto foi perdido para o
Monumento a La Revolución, localizado na Cidade do México, embora este não tenha metade da beleza e dos detalhes arquitetônicos do monumento francês.
Mas não poderíamos passar o resto do dia apreciando o arco. E, então, continuamos com o roteiro, que consistia em seguir caminhando do Arco do Triunfo até Praça da Concórdia, percorrendo, assim, toda a Champs-Élysees. Cercada de cafés e de grandes lojas das mais famosas marcas do mundo e adornada por árvores a cada poucos passos, a avenida tem um charme inegável e é, no mínimo, empolgante estar passeando por uma das mais icônicas avenidas do planeta.
No entanto, confesso que a Champs-Élysees não é exatamente o meu local favorito da cidade. Inclusive, numa próxima visita à cidade, não faço questão alguma de percorrê-la novamente. Todo o glamour oferecido pelas grandes grifes que a caracterizam não me atrai nem um pouco. Primeiro, porque não tenho dinheiro para isso. Segundo, porque não tenho paciência. Tem coisa demais para ser vista na cidade para eu ficar olhando coisas que não comprarei.
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Champs-Élysees vista do Arco do Triunfo. Percebam que a avenida segue em linha reta (se o dia estivesse menos nublado, talvez, fosse possível enxergar o seu final já na Praça da Concórdia) |
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Obviamente, para iniciar o trajeto na Champs-Élysees é preciso retornar pela passagem subterrânea. |
O que realmente me atrai na avenida é a visão do Arco do Triunfo na sua extremidade. E, à medida que nos afastávamos dele, eu não conseguia parar de olhar para atrás para apreciá-lo e fotografá-lo. Aliás, uma dica que deixo seria fazer o mesmo trajeto no sentido inverso, ou seja, da Praça da Concordia até o Arco do Triunfo (de forma a ir se aproximando cada vez mais do monumento, tendo ele sempre a sua frente). Aliás, uma dica de planejamento do seu dia, seria começar pelo Louvre (caso não tenha intenção de passar o dia no museu) e, de lá, seguir sempre reto, passando pelos Jardins das Tulherias, pela Praça da Concórdia e a pela Champs-Elysees.
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O tempo todo olhando para trás só para fotografar o Arco do Triunfo |
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Eu confesso: só atravessei a rua para fotografar o Arco do Triunfo |
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A linha vermelha no mapa destaca exatamente o trajeto em linha reta da Champs-Élysees, indo do Arco do Triunfo até a Praça da Concórdia, delimitada, à direita, pela entrada dos Jardins das Tulherias (as setas da esquerda para à direita indicam respectivamente: Arco do Triunfo, Praça da Concórdia e Jardins das Tulherias). Os jardins, por sua vez, tem sua outra extremidade voltada para o Museu do Louvre, cuja localização está marcada pelo X no mapa. |
A esta altura, você já deve estar se perguntando o que afinal é a Praça da Concórdia. Considerada a maior praça de Paris, sua fama histórica deve-se ao período da Revolução Francesa, uma vez que ela foi palco de mais de mil mortes através da guilhotina, incluindo a execução de Maria Antonieta e demais membros da família real. Superado este período sangrento, a praça foi escolhida para albergar em seu centro um presente vindo direto do Egito, em agradecimento à ajuda francesa na tradução dos hieróglifos: o obelisco que que ficava na entrada do palácio de Ramsés II na antiga Tebas.
E até hoje, o obelisco, com os hieróglifos grafados em sua estrutura, pode ser apreciado pelos turistas que visitam a Praça da Concórdia. Mas o local também tem outros atrativos: belas fontes, estátuas e luminárias adornam a praça, assim como uma roda-gigante que se localiza, exatamente, entre o obelisco e a entrada do Jardim das Tulherias.
Desta forma, a roda-gigante, o obelisco e o Arco do Triunfo estão perfeitamente alinhados, tendo a Champs-Élysees entre eles, com uma distância de cerca de 2,3 Km entre as duas extremidades.
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No final da Champs-Élysees, vê-se a roda-gigante e, com esforço, o obelisco, com seu cume bem no centro da roda.
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Praça da Concórdia |
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Portanto, se você está se perguntando quanto exatamente caminhamos neste percurso, esta a sua resposta: mais de 2 Km, pouco para os nossos padrões. E temos que considerar também o desvio que realizamos entre o arco e a praça. Afinal, estávamos passando bem perto do rio Sena e da sua mais bela ponte: a Alexandre III.
Então, antes de chegar à Praça da Concórdia, desviamos para a direita e seguimos para a ponte Alexandre III. E quando eu digo que esta é a ponte mais bonita da cidade, eu não estou exagerando. A ponte inteira, com suas esculturas e detalhes em dourado, compõe um vislumbre para os olhos. Além disso, é possível já ver, a partir dela, a icônica Torre Eiffel, o que faz da ponte um ótimo local para se conseguir fotos invejáveis de Paris. Pena que a neblina, que aumentava nos céus de cidade naquele fim de tarde, não nos permitiu obter as fotos que esperávamos. Até planejei retornar à ponte no dia em que o sol aparecesse, mas, como já adiantei antes, este dia, infelizmente, não chegou.
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Ponte Alexandre III |
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E olha lá a torre encoberta |
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Desvio para visitar a Ponte Alexandre III |
Mas além de todo o esplendor da Ponte Alexandre III, outra coisa nos chamou a atenção: o nível do rio Sena. Como consequência das fortes chuvas que caíam no norte do país, o rio Sena estava tão cheio que toda a navegação havia sido interrompida, impedindo uma das atividades preferidas dos turistas em Paris, um passeio de Bateau Mouche. Da mesma forma, o rio cobria a calçada que dá acesso ao nível da água e, em alguns pontos, chegava a encobrir o tronco das árvores.
Após apreciar a ponte, retomamos nosso trajeto inicial e chegamos à Praça da Concórdia. A esta hora a fome já apertava e, por trás da roda-gigante, entre esta e a entrada para o Jardim das Tulherias, encontramos algumas barracas vendendo alguns lanches tipicamente parisienses: baguetes, crepes e macarrones. Aproveitamos, claro, para ter o primeiro contato com a comida francesa. E, como ali havia também pequenas lojas de souvenir, iniciamos também as compras das lembrancinhas da viagem (não resistimos nunca!!).
Como nem tudo pode ser perfeito e como o aumento das nuvens já anunciava, a chuva começou a cair. E lá se foram 17 euros em uma guarda-chuva. Agora, com a chuva que insistia em cair, seguimos para o outro lado do Sena para dar início a uma caminhada por suas margens até a Torre Eiffel (pensava que só andaríamos aqueles pouco mais de 2 Km?). A noite já se aproximava e o objetivo era ver a torre toda iluminada (um espetáculo que não deveria ficar de fora de uma visita a Paris).
A essa altura, a chuva, felizmente, se fora e, como a fome não cessara de tudo (caminhar gasta energia!), aproveitamos para dividir um crepe doce (de Nutella com morango e chantilly) comprado em uma barraquinha que fica entre a torre e o Sena. Uma delícia que, confesso, foi repetida nos dias seguintes.
Gostaria de ter tido forças para continuar a caminhada do Trocadero até o Arco do Triunfo, completando o ciclo. Mas, após uma noite inteira no avião, já estávamos bem cansados e precisávamos recuperar as energias para o dia seguinte que seria bem intenso. Pegamos, então, o metrô ali mesmo e seguimos para nosso apartamento temporário.
Mas, cansados ou não, esse passeio inicial em Paris já conseguiu despertar todo o encanto que a cidade tem potencial para criar. E terminar esse primeiro curto dia na Torre Eiffel foi uma excelente ideia. A sensação era de que estávamos mesmo na Cidade-Luz.
PARA SE PLANEJAR:
1. Arco do Triunfo
Horário de funcionamento: diariamente das 10 às 22:30h (de outubro a março) e das 10 às 23h (de abril a setembro).
Entrada: 12 euros
Como chegar: de metrô (linhas 1, 2 ou 6 até a Estação Charles de Gaulle Étoile)
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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