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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Sentindo um pouco da magia do Vale do Loire

O Vale do Loire corresponde à famosa região de castelos da França (são mais de 300) que se estende em torno do rio Loire (o mais extenso do país) e que atrai inúmeros turistas que, na maioria das vezes, partindo de Paris, se encantam com a beleza arquitetônica dos castelos, jardins e cidades históricas da região.

Entre os castelos mais famosos, pode-se citar os de Chambord, de Villandry, de Chenonceau e de Amboise. O mais recomendado, para quem quer visitar a região, é escolher uma ou duas cidades (Tours, Blois, Amboise, por exemplo) para servir como base e, a partir dela, durante dois a três dias, fazer os passeios turísticos. 

O Chateau de Chenonceau

No nosso roteiro original, havíamos incluído o Vale do Loire no nosso trajeto de volta do Mont Saint-Michel até Paris. Já que estaríamos de carro, o desvio que faríamos no caminho com o objetivo de conhecer os belos castelos da região, seria não apenas possível como lógico. Então, nos organizamos da seguinte forma: montaríamos base em Amboise, já que além da cidade ter um dos castelos bem no seu centro (o de Amboise) ainda fica bem próximo de um outro que queríamos muito conhecer: o de Chenonceau. Após dormir uma noite na cidade e conhecer estes dois castelos, partiríamos para o de Chambord (outro que entrou na nossa lista de prioridades) e, de lá, seguiríamos, finalmente, para Paris.


Infelizmente, devido à mudança inesperada que o nosso roteiro teve de sofrer a menos de um mês da viagem (devido a questões pessoais), não seria mais possível passar uma noite na região, hospedados em Amboise. Talvez, o mais lógico teria sido, então, voltar direto de Mont Saint-Michel para Paris. Mas não nos conformamos e, como queríamos muito conhecer pelo menos um daqueles belos castelos que só tínhamos visto em fotografias, acabamos optando por manter o desvio até o Vale do Loire. Obviamente, isto tornaria a viagem mais cansativa, já que teríamos ainda que chegar, à noite, em Paris. Mas foi uma decisão que valeu à pena, considerando a possibilidade de ter conhecido o incrível Chateau de Chenonceau.

E. como o castelo que escolhemos, fica super próximo a Amboise (cerca de 13 Km), ainda optamos por parar na cidade antes de seguir para Paris. Estávamos com fome e esta parada estratégica, além de ser útil para fazer um lanche, ainda seria agradável por nos permitir passear um pouco pelo centro histórico do lugar.

Mapa mostrando a distância entre o Castelo de Chenonceau e a cidade de Amboise

Mas vamos aos detalhes deste passeio:

Dirigindo do Mont Saint-Michel ao Vale do Loire


Saímos do Mont Saint-Michel ao meio-dia rumo ao Chateau de Chenonceau. Embora tenha sido um trajeto longo (cerca de 3:30h), as estradas eram super agradáveis, especialmente, o trecho que percorreu alguns vilarejos, com suas poucas e agradáveis ruas e suas charmosas casas de pedra. Enquanto uma cidade menor do que a outra se seguia no caminho, foi possível ir percebendo como é a vida no interior do país: pacata, mas com o mínimo de infra-estrutura para manter uma qualidade de vida digna.

Vilarejos no interior da França





À medida que formos nos aproximando do Vale do Loire, no entanto, fomos percebendo que a região estava sofrendo os danos da cheia que havia atingido o norte do país e, assim como o Sena em Paris, o rio Loire também havia sido invadido por mais água do que o habitual, o que o fez transbordar em vários pontos do seu trajeto.

A cheia do rio Loire


Como consequência, inúmeras estradas estavam interditadas, devido à invasão da água. Muitos bosques encontravam-se com suas árvores mergulhadas. Inúmeros franceses haviam tido suas casas inundadas. Nos pontos das estradas invadidos pelas águas, os franceses paravam curiosos e desciam do carro para ver o avanço do rio, enquanto outros aproveitavam a oportunidade para pescar. Isso mesmo: vimos inúmeras pessoas sentadas na estrada, com sua vara de pescar, aproveitando a cheia. Haja serenidade!

Obviamente, ficamos bem tensos com medo de encontrarmos o caminho para o Chateau de Chenonceau bloqueado pela água. Felizmente, não foi o caso e o castelo por nós escolhido persistia com o acesso livre. Ufa!!

Conhecendo o Chateau de Chenonceau

Localizado às margens do rio Cher, um afluente do Loire, o Chateau de Chenonceau foi construído (inicialmente, em estilo medieval) pela família Marques (no século XV)  no lugar onde havia, antes, um moinho. Posteriormente, já no século XVI, o castelo foi derrubado e reconstruído, ganhando a arquitetura que se vê hoje, destacando-se a ponte arcada que liga o castelo à margem oposta do Cher, característica que torna a construção ainda mais bela e inusitada aos inúmeros turistas que visitam o castelo, atualmente.

Também conhecido como o Castelo das Sete Damas, este apelido se deve ao fato da história do castelo ter se tornado intimamente ligada a pelo menos sete mulheres ao longo dos séculos. Entre elas, a amante do Rei Henrique II, Diane de Poitiers (que mandou construir a ponte arcada sobre o rio), e a própria esposa do mesmo, Catarina de Médici, que, uma vez viúva e com o título de rainha regente, expulsou Diane de lá e se apropriou do castelo, de onde passou a exercer o seu reinado.

E foi Catarina de Médici que mandou construir sobre a ponte arcada a Grande Galeria (um dos pontos altos da visita atual ao interior do castelo), que passou a servir de local para os bailes reais oferecidos pela rainha. E, assim, enquanto foi posse da monarquia francesa, o castelo assistiu a inúmeras e luxuosas festas. Nos séculos seguintes, passou um longo período abandonado até que se tornou propriedade privada no século XIX.

Uma das características arquitetônicas mais marcantes do Castelo de Chenonceau é a ponte arcada que atravessa o rio Cher até a sua margem oposta

E, assim, resistindo ao tempo, sendo poupado durante a Revolução Francesa, servindo de base hospitalar durante a Primeira Guerra Mundial, o Chateau de Chenonceau se tornou, hoje, uma das atrações mais visitadas no Vale do Loire, encantando turistas de todo o mundo, incluindo este aqui que vos fala.

Portanto, ao ser questionado se este desvio para conhecer o castelo valeu à pena, não penso duas vezes ao responder que sim. 

A visita em si, pode ser dividida em duas partes: a área externa, incluindo os jardins; e o interior do próprio castelo. O valor do ticket inclui já as duas partes, não sendo possível, por exemplo, comprar um ticket apenas para conhecer a área externa caso você não tenha interesse em entrar no castelo. O local possui estacionamento gratuito e, após, parar o carro, basta seguir em frente (não tem erro) que você encontrará a bilheteria (há banheiros disponíveis no local).

Após, enfim, comprar o bilhete e caminhar em direção ao castelo, foi impossível não se fascinar com a beleza do mesmo logo à primeira vista. Um castelo digno daquelas histórias de contos de fada que vemos em livros e filmes. Parecia que, a qualquer momento, uma carruagem passaria com uma princesa ou algum duque no seu interior.

Após comprar os tickets, basta seguir o corredor de árvores que você dará de cara com o castelo

E lá está o belo Chateau de Chenonceau


Começamos a visita pelos jardins. São dois principais: o Jardim de Catarina (à direita de quem está de frente para o castelo) e o Jardim de Diane (à esquerda). Infelizmente, o rio Cher também estava bem cheio, com um pouco de água tendo invadido os jardins, o que atrapalhou a nossa visita. Inclusive, o alto nível da água no rio prejudicou as fotos do castelo, já que os arcos que atravessam o Cher estavam mais da metade encobertos e o volume de água prejudicava bastante o reflexo do castelo sobre o rio.

O Jardim de Diane

Perceba que a água inundou parte do jardim

Perspectiva do castelo a partir do Jardim de Diane. Perceba como o volume de água no rio prejudicou o reflexo do castelo na foto.


Jardim de Diane



Jardim de Caterina visto a partir da entrada do castelo


Jardim de Catarina. Estava mais inundado que o de Diane e, por isso, o fotografamos menos


Há outros jardins no local, incluindo um labirinto verde, mas que, no entanto, estavam, naquele dia, inacessíveis devido à cheia do rio.

Parte da área externa do castelo inacessível devido à cheia 

Ainda na área externa do castelo, vê-se a Torre Marques, que representava a torre de menagem do primeiro castelo que existiu no local, tendo sido a única estrutura construída pela família Marques que foi preservada.

A Torre Marques

A frente do castelo e a Torre marques. À direita, está o Jardim de Catarina e, à esquerda, o Jardim de Diane

O interior do castelo conta com os inúmeros salões e cômodos aos quais estamos habituados quando visitamos castelos ao redor da Europa. Mas aqui, destaca-se a vista do rio a partir das janelas, o que nos faz entender o motivo de Catarina de Médici ter se mudado para lá após a morte do marido (claro que devia ter também o gostinho de expulsar a amante do marido!). E, por falar nela, ao longo da visita, conhecemos não apenas seu quarto, mas também o belo Gabinete de Médici onde ela tomava suas decisões.

Destaca-se também a Grande Galeria, já citada, com seu piso branco e preto e as grandes janelas com vista sobre o rio Cher (não esqueça que o salão foi todo construído sobre a ponte que cruza o rio). Ainda é possível visitar a cozinha, cômodo do castelo que mais se aproxima das águas do Cher (especialmente naquele dia em que a visitávamos). Para acessá-la, inclusive, atravessamos uma passagem que continha um pequeno cais, por onde se abastecia o castelo.




Perspectiva a partir de uma das janelas do castelo

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Cheia do rio Cher visto de uma das janelas da Grande Galeria


A cozinha do castelo

Pequeno cais que dava acesso à cozinha e por onde o castelo era abastecido



Nos primeiro e segundo andares, mais quartos dos antigos moradores da propriedade para visitar, com destaque para aquele que pertenceu a uma das sete damas que marcou a história do castelo: Louise de Lorraine. Quase todo forrado por tapeçaria preta, o quarto evoca a atmosfera de luto que tomou conta do castelo, quando Louise se mudou para lá após o assassinato do seu marido, o rei Henrique III (filho de Catarina de Médici).

Vista de um dos quartos para a entrada do castelo

Uma rápida visita à cidade de Amboise


Já ouviu falar na pequena cidade francesa de Amboise às margens do rio Loire? Se não, você não deve saber, então, que foi lá que o famoso pintor Leonardo da Vinci viveu os últimos anos de sua vida. Isso mesmo! A convite do rei Francisco I, que tinha o Castelo de Amboise como uma das residências reais, o artista italiano se mudou para a cidade em 1516 para trabalhar. Lá, recebeu a mansão Clos Lucé como moradia (hoje, um museu sobre o pintor), onde viveu até sua morte em 1519.

A cidade de Amboise. Ao fundo, é possível ver o Castelo de Amboise


Confesso que, antes de pesquisar sobre Amboise, eu nem sequer sabia que da Vinci tinha passado pela França quanto mais morrido por lá. Mas esta informação apenas aumentou o meu desejo de visitar a cidade. Pena que nosso plano de dormir em Amboise foi abortado, nos restando apenas uma rápida passagem por lá, não suficiente para conhecer suas duas principais atrações turísticas (que já estavam fechadas quando lá chegamos):

1. O Castelo de Amboise: permite a visita aos aposentos reais e aos jardins paisagísticos do castelo, além da capela, onde o corpo de Leonardo da Vinci foi sepultado.

2. Clos Lucé: é possível visitar o interior da casa, incluindo o quarto onde da Vinci faleceu e maquetes de projetos do artista; e os jardins onde estão expostas algumas réplicas de modelos criados por ele, como um helicóptero, por exemplo.

Ambas as atrações estão bem próximas uma da outra. O Castelo fica exatamente no centro da cidade. Paramos o carro às margens do rio Loire e seguimos para a região central de Amboise, mais especificamente, a Place Michel Debré, onde já se encontra o acesso ao Castelo. Seguimos a rua sempre em frente para chegar ao Clos Lucé. Sabíamos que, àquela hora, o museu estaria fechado, mas foi bem frustrante estar ali e não poder entrar. Vimos, inclusive, uma senhora implorando ao funcionário para entrar pelo menos nos jardins (pelo que entendemos ela era uma estudiosa do artista) e ela ficou arrasada com a negativa.

Seguindo para a Place Michel Debré

Place Michel Debré. À esquerda, a lateral do Castelo de Amboise

Ao fundo, o acesso ao Castelo de Amboise

Infelizmente, o acesso ao Castelo de Amboise já estava fechado


A Place Michel Dubré é repleta de restaurantes


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Já seguindo sempre em frente em direção ao Clos Lucé e passando pela lateral do Castelo de Amboise

Parte do Castelo de Amboise


O mapa mostra o trajeto entre o Castelo de Amboise e o Clos Lucé. A seta vermelha indica o local onde estacionamos o carro às margens do rio Loire (não foi difícil encontrar vaga) e o círculo vermelho indica a localização da Place Michel Debré.

Chegando ao Clos Lucé...

... que, infelizmente, estava fechado.


De qualquer modo, a cidade é um charme, daqueles lugares em que você se imagina vivendo após a aposentadoria. Infelizmente, tivemos que nos contentar apenas com as fotos e com um crepe de um dos vários restaurantes que têm em torno da movimentada Place Michel Debré. Entramos também nas lojas de souvenir para garantir uma lembrancinha da cidade e, então, partimos rumo a Paris, com a certeza de que um dia teremos que retornar para conhecer o Chateau de Amboise e o Clos Lucé.

Castelo de Amboise

Já atravessando a ponte para o outro lado do rio Loire e nos despedindo da rápida passagem pela charmosa e histórica Amboise


Aliás, precisamos voltar ao Vale do Loire para conhecer também os outros castelos que ficaram de fora. Para fotografar e apreciar seus jardins. Para visitar outras cidades da região. A França tem tantos destinos convidativos que fica impossível conhecer tudo em apenas duas, três ou quatro viagens pelo país.

PARA SE PLANEJAR:

1. Chateau de Chenonceau

Horário de funcionamento: abre diariamente, mas o horário varia bastante de acordo com o mês do ano. Checar aqui.
Entrada: 13 euros (17,50 euros se acrescentar o tour guiado)
Como chegar: de carro ou excursão

2. Chateau de Amboise

Horário de funcionamento: abre diariamente, mas o horário varia bastante de acordo com o mês do ano. Checar aqui.
Entrada: 11,20 euros (15,20 euros se adicionar o áudio-guia)
Como chegar: a pé a partir do centro de Amboise

3. Clos Lucé

Horário de funcionamento: abre diariamente, mas o horário varia bastante de acordo com o mês do ano. Checar no final desta página.
Entrada: 15,50 euros (de 1 de março a 15 de novembro) e 13 euros (de 16 de novembro a 28 de fevereiro)
Como chegar: a pé a partir do centro de Amboise


OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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