Após algumas caras de espanto ao revelar que iríamos viajar para a África do Sul, um destino "exótico" segundo algumas pessoas, embarcamos no carnaval deste ano para a Cidade do Cabo e pudemos comprovar na prática que, de exótico, o país não tem nada.
Em primeiro lugar, aos nossos olhos de turista, o país está um nível acima do Brasil no quesito desenvolvimento urbano. Não fazemos a menor ideia de como funciona a educação e a saúde por lá, mas em termos de infra-estrutura o país está de parabéns. A sensação de estarmos em um país desenvolvido era quase uma constante ao percebermos as ruas limpas e organizadas, as excelentes estradas (1700 Km percorridos e nenhum buraco visto), o bom gosto arquitetural, a presença de inúmeros espaços públicos de qualidade, o cuidado com a natureza.
Cape Town, vista da Robben Island, com destaque para a imponente Table Mountain, umas das Sete Maravilhas Naturais do Mundo |
Cidades pequenas e litorâneas do país que, no Brasil, costumam ser pobres e caindo aos pedaços, salvando-se apenas pela beleza de suas praias, na África do Sul, são bonitas, urbanizadas, organizadas e agradáveis. Sem exagero, às vezes a sensação era de estar em algum país da Europa ou mesmo no Canadá.
A agradável Hermanus, pequena cidade da costa sul-africana |
A sensação, no entanto, tinha seus momentos de quebra. Afinal, a África do Sul continua sendo um país em desenvolvimento. Portanto, existe pobreza e desigualdade social. As favelas (planas), muitas enormes, se concentram na periferia das cidades e, em geral, só as avistamos quando estamos deixando ou chegando às mesmas. E a segregação social, sequela do triste período do Apartheid, ainda é bem visível nas relações sociais do país. Os brancos são sempre os donos dos estabelecimentos (como restaurantes e hotéis), enquanto os negros são sempre os empregados. Algo tão evidente que chega a ser constrangedor, especialmente quando nos damos conta de quem realmente vivia naquelas terras quando os ingleses a colonizaram.
Outro ponto negativo: o transporte público, pelo menos em Cape Town, deixa um pouco a desejar, restringindo-se aos ônibus. No entanto, o aluguel de um carro por lá é barato e as estradas bem pavimentadas e a eficiente sinalização acabam facilitando bastante o deslocamento, mesmo na mão inglesa (nada que a atenção redobrada e um ou dois dias de treino não resolva).
Mas o melhor mesmo do país é a sua natureza. E exuberante é o melhor adjetivo para se referir à África do Sul. São montanhas e praias de fazer qualquer um perder o fôlego. Paisagens espetaculares. Uma vegetação não apenas bonita mas também diversificada. E animais majestosos.
Vista panorâmica a caminho do Cabo da Boa Esperança |
Cabo da Boa Esperança |
As estradas panorâmicas fazem você querer parar o carro a cada minuto para apreciar e fotografar a natureza. As praias de areia branca em contraste com a bela cor azul dos Oceanos Atlântico e Índico, que dividem a costa sul-africana, são um convite para se passar horas sentado em frente ao mar sentindo a brisa.
E se você adora uma praia, as opções são muitas. E o melhor: com uma excelente estrutura. Se prefere passar um tempo nas montanhas, estas não vão faltar. Mas se o que você curte mesmo são os esportes radicais, então a sua diversão está garantida. Voos de parapente, saltos de bungee jump, trilhas nas montanhas, alpinismo, mergulho com tubarões. Basta escolher.
Camps Bay, belíssima praia de Cape Town |
No entanto, o grande destaque do país são mesmo os seus animais. Dos menores e mais frágeis aos mais poderosos do planeta. Dos exclusivos aos encontrados em qualquer parte do mundo. Dos habitantes do mar aos moradores das savanas. Dos répteis aos felinos.
Dono de uma biodiversidade incrível, a África do Sul encanta pela possibilidade de se ter contato com elefantes, girafas, baleias, leões, chitas, tubarões, pinguins, babuínos, avestruzes, entre muitos outros.
Os pinguins de Blouders Beach |
Interagindo com elefantes no Knysna Elephant Park |
Você pode estar apenas dirigindo pelas estradas e dar de cara com algum animal trafegando. Ou pode fazer um safári. Ou visitar algum santuário especializado em resgatar e cuidar de animais feridos, doentes ou órfãos. Ao mesmo tempo, você se dará conta da triste realidade do risco de extinção de muitas das espécies sul-africanas e da luta do país contra os caçadores ilegais. É de partir o coração saber que, daqui a alguns anos, animais tão fascinantes como os rinocerontes, por exemplo, podem não mais habitar o planeta.
Avestruz parando o trânsito em Cabo da Boa Esperança |
Encontro com as girafas |
Uma chita a poucos metros de distância |
Uma família de suricatos |
Ainda habitado por um povo extremamente simpático e dono de uma excelente gastronomia (embora não tenhamos tido coragem de experimentar carnes típicas do país, como a de avestruz e a de kudu, após o encanto que estes animais nos causaram), foi impossível não se apaixonar pela África do Sul. Saímos de lá absolutamente fascinados e o país, sem dúvidas, já faz parte da lista dos nossos países preferidos.
Nossa primeira visita ao continente africano começou com chave de ouro.
OBS:
1. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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