Quem nunca ouviu falar no Cabo da Boa Esperança nas aulas de história, não é mesmo? Foi o português Bartolomeu Dias, durante a era das navegações, que descobriu o cabo em 1488, enquanto procurava o caminho para as Índias. Devido às tempestades que assolavam a região, tornando perigoso para as navegações contornarem o cabo, ele foi apelidado, na época, de Cabo das Tormentas.
|
Cabo da Boa Esperança |
E, hoje, ele representa um dos pontos turísticos mais populares da África do Sul. Não apenas pelo seu valor histórico, mas também pela sua beleza natural. Aliás, esta beleza acompanha todo o trajeto até lá. Quando saímos da Chapman´s Peak Drive e seguimos em direção ao Cabo, a vontade era de parar em vários pontos da estrada para apreciar as paisagens ao redor. Os caminhos iam passando por praias desertas e por pequenas cidades litorâneas que eram um convite a uma visita. Mas tivemos que manter o foco e seguir até o Cabo.
|
Seguindo para o Cabo da Boa Esperança |
|
E muitas praias desertas pelo caminho |
À medida que vamos nos aproximando da entrada do Cabo da Boa Esperança, começam a surgir placas alertando-nos para ter cuidado com os babuínos. Eles são muito comuns nesta região e podem ser atraídos por comida. Portanto, nada de ficar dando sopa com a comida na mão, pois eles podem avançar para roubar.
Nós ficamos curiosos para ver os primatas, ao mesmo tempo em que começamos a ficar com medo. Afinal, eram tantas placas de alerta que começamos a achar os animais mais perigosos do que aparentam. De qualquer modo, era comum vermos pessoas andando ou pedalando pela estrada, sem medo algum.
E foi no momento em que falávamos sobre os babuínos que, subitamente, vimos um deles saltando do meio das árvores para a margem da estrada. Vimos o animal super rápido mas deu para perceber que aquele em específico era bem grande e tinha o pelo mais escuro do que os outros babuínos que vimos em um dia posterior da viagem. Falo em "um dia posterior" porque naquele dia, no Cabo da Boa Esperança, não vimos mais nenhum.
E, assim, entre paisagens estonteantes, praias desertas e o medo de um "babuíno gigante", chegamos ao portão do Cabo da Boa Esperança (e, aqui, percebemos que esta área ainda faz parte do Parque Nacional da Table Mountain).
|
Portão de entrada e bilheteria do Cabo da Boa Esperança. Não sabemos de onde surgiu tantos carros. As estradas estavam tão desertas... |
Ao chegar, devemos posicionar o nosso carro na fila e aguardar nossa vez para comprar o ingresso, que nos custou 135 rands por pessoa. Fique atento para o horário de funcionamento do local: das 6 às 18h (no verão) e das 7 às 17h (no inverno).
Vale ressaltar que não é, neste portão, o nosso destino final e, após a compra do ingresso, devemos seguir ainda de carro por mais uns 15 minutos. E, na verdade, são dois destinos: o Cape Point, o ponto mais extremo da península, onde se localizam os faróis; e o Cape of Good Hope, em si, uma praia de pedras famosa pela placa que nomeia a região. Desta forma, o caminho se bifurca em um ponto específico, entrando-se em uma estrada à direita, que leva para o Cape of Good Hope, ou seguindo em frente em direção ao Cape Point.
|
Caminho após passar pelo portão |
|
Placas indicando a bifurcação: à direita, segue-se para o Cape of Good Hope); à esquerda (na verdade, mantendo-se em frente), segue-se para o Cape Point |
|
Cape Point |
|
Cape of Good Hope |
Você, assim como nós, certamente, irá querer ir nos dois locais. A ordem de visitação não importa e, embora tenhamos decidido ir primeiro ao Cape of Good Hope (que requer menos tempo), perdemos a entrada e, assim, invertemos a ordem.
Seguimos, então, direto para o Cape Point. Confesso que pelos poucos carros que vimos nas estradas, achávamos que o lugar estaria vazio. Estávamos completamente errados. Já havia muitos carros estacionados, assim como ônibus de excursão. Felizmente, há muitas vagas e não tivemos problemas para estacionar.
|
Estacionamento em Cape Point |
Mas o que fazer exatamente em Cape Point?
No local, você encontrará um monte e, no seu topo, o antigo farol construído para orientar os marinheiros. E é para o topo que nós devemos seguir. Para isso, há duas formas: a pé, seguindo a trilha já demarcada, ou através do teleférico. Nós escolhemos este último e compramos o ticket de ida e volta por 45 rands.
|
O farol está lá no alto e é, para lá, que devemos subir |
|
Acesso ao teleférico |
|
O teleférico |
A subida é curta e não oferece uma boa visão panorâmica, de modo que não importa muito o local que você fica no seu interior. Durante a subida, percebemos que também é possível subir de carro, por um caminho ao lado dos trilhos do teleférico. Não sei se é preciso pagar para isto ou se o acesso de carro é permitido apenas para pessoas autorizadas, mas não achamos um caminho fácil de subir motorizado.
Vale ressaltar que há um outro farol, mais novo, localizado na encosta do extremo da península. Sim, porque após chegar ao velho farol nós ainda não estamos do extremo exato. Para chegar até lá, é preciso seguir uma trilha pelo lado leste da península. Mas uma placa indicava que seria necessário mais de uma hora apenas para chegar ao final da trilha. Estávamos até animados para ir, mas quando vimos o tempo estimado de caminhada, desistimos.
Ficamos, então, explorando os diversos mirantes espalhados pela área e fotografando a natureza em volta. Dependendo do local de observação, é possível ver o farol novo.
|
Tentando ver o farol novo |
|
Mais do farol velho visto de outro ângulo |
|
Não cansava de fotografar esta praia lá embaixo |
|
E seguindo sempre em frente, chegaríamos na Antártida |
|
Estão vendo um pontinho branco na metade da altura do precipício? É o farol mais novo |
|
E essa praia inacessível? Linda demais!! |
|
Mais do farol antigo |
|
E não conseguíamos parar de fotografar |
|
Incrível a cor dessa água |
Ao retornar pelo teleférico, era hora de almoçar. E há tanto uma lanchonete quanto um restaurante, o Two Oceans, no local (à direita da estação do teleférico). Há também banheiro público e duas lojas de souvenir.
|
Área onde se localiza uma lanchonete e o restaurante Two Oceans |
O Two Oceans não é um restaurante barato, mas não resistimos à oportunidade de almoçar ali, com vista para o mar, em pleno Cabo da Boa Esperança. A comida estava muito boa, embora o serviço estivesse um pouco lento, em virtude da grande quantidade de clientes. Ainda conseguimos uma mesa sem enfrentar fila (e tivemos sorte de conseguir uma na varanda com vista para o mar), mas quando saímos, havia fila de espera.
|
Nossa vista |
|
Nosso almoço |
Era hora de seguir para o segundo ponto. Fomos de carro, mas se você tiver tempo e disposição, há uma trilha ligando Cape Point à praia onde se localiza a famosa placa. Segundo a sinalização local, o tempo estimado para percorrer a trilha em cada sentido é de uma hora e meia.
|
Início da trilha. Preferimos seguir de carro |
Como havíamos perdido a entrada na ida, retornamos devagar e, desta vez, a vimos logo. E quando o caminho começou a margear o mar, percebemos que os carros estavam todos parados na estrada. O motivo era uma surpresa: um avestruz desfilava graciosamente pela pista, lentamente, ao seu ritmo, enquanto todos os turistas o admiravam (e fotografavam, claro). Ficamos muito empolgados nesse momento e caímos de amores por aquela ave tão bonita.
|
E lá íamos nós, dirigindo com esse mar a nossa frente, quando, de repente... |
|
Um avestruz!! |
E quando olhamos para a nossa esquerda, havia ainda mais avestruzes (não tivemos babuínos, mas tivemos avestruzes)!! E assim é dirigir pela África do Sul. A sua rica e exuberante fauna pode nos surpreender a qualquer momento. Incrível!!
|
Mais avestruzes a nossa esquerda |
Seguimos em frente e chegamos ao local onde fica a placa. Há uma boa área para estacionar ali. O problema é a fila para tirar foto com a placa. Esta, na verdade, são duas, exatamente iguais, separadas pela identificação da latitude e longitude daquele lugar. Para agilizar as fotos, grupos diferentes tiravam foto ao mesmo tempo, cada um com uma das placas. Uma pena, pois queríamos foto com toda a extensão da placa. Infelizmente, não podemos ter tudo.
|
Estacionamento. Ainda bem que os ocupantes deste ônibus já estavam terminando as fotos, o que diminuiu bastante a fila para tirar foto na placa |
|
A famosa placa. Percebam que a do meio com as coordenadas de latitude e longitude divide duas placas iguais |
|
Garantindo a nossa foto |
Percebam que, na placa, fica bem claro que ali é o extremo sul ocidental do continente. Reforço isso, porque, na verdade, o extremo mais ao sul da África não é o Cabo da Boa Esperança, como muitos acreditam. Este título pertence ao chamado Cabo Agulhas, a cerca de 257 Km de onde estávamos. É no Cabo Agulhas onde os Oceanos Atlântico e Índico se encontram. Havíamos incluído o local no nosso roteiro, já que passaríamos relativamente por perto de lá, mas acabamos excluindo por questões logísticas.
Depois de conseguir a concorrida foto, ficamos um tempo por ali apreciando a beleza daquela praia. Um lugar isolado, praticamente selvagem, em um extremo continental e que testemunhou caravelas que, durante as Grandes Navegações, atravessaram os mares. Surreal estar naquele lugar. Sentimentos de paz e felicidade se misturavam.
|
Praia de pedras em Cape of Good Hope |
|
Felizes |
Dali, retornamos novamente para a área onde víramos os avestruzes e paramos novamente para apreciá-los (vantagem de se estar de carro). Apreciamos e fotografamos de longe, mas infelizmente, alguns turistas sem noção se aproximavam mais do que deviam oferecendo salgadinhos que, certamente, aquelas aves não devem comer. Falta de bom senso existe em todo lugar.
|
Lindos (os dois pretos são machos, as outras três são fêmeas) |
A praia ali em frente era também linda e aproveitamos para explorá-la um pouco. Pena que tínhamos que seguir caminho, já que ainda tínhamos mais de duas horas de estrada até a cidade onde dormiríamos naquela noite (Hermanus) e ainda pararíamos em Boulders Beach. Caso contrário, teríamos ficado mais tempo sentindo a paz daquele litoral.
|
Praia linda!!!! |
Mas era hora de seguirmos para a próxima parada...
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
Nossa! Muito bom!!! Você conta como foi o passeio com uma riqueza de detalhes incrível!
ResponderExcluirQue bom que gostou! :)
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigada por sua postagem Erik. Estou usando em meu roteiro de viagem!!!
ResponderExcluirAbraços
Parabéns pelo roteiro! Obrigada por compartilhar.
ResponderExcluir