Já ouviu falar em Nafplio, a primeira capital da Grécia?

Para quem pensa que a Grécia é só ruínas arqueológicas e ilhas, saiba que o país também conta com outros atrativos, como charmosas e pitorescas cidades que encantam pelas ruas ladeadas de casas antigas com varandas floridas e restaurantes e cafés com suas mesas ao ar livre. Afinal, a Grécia não seria tão diferente assim do restante do continente europeu, não é mesmo? E uma destas cidades é a encantadora Nafplio, localizada entre montanhas e às margens do Mar Egeu, na  Argólida, região do Peloponeso.

Grafada das mais diversas formas (Nafplion, Nauplia, Nafplio), vou preferir utilizar o termo como o nome é pronunciado: Nafplio (pronuncia-se o f).

A cidade não é grande, tem pouco mais de 30 mil habitantes, mas carrega o peso histórico de ter sido a primeira capital da Grécia (de 1821 a 1834), após o país conseguir a sua independência do Império Otomano (os gregos foram subjugados tanto pelo Império Romano quanto pelo Otomano, o que justifica a presença de inúmeras referências aos dois impérios pelo país). Hoje, Nafplio se contenta em ser a capital da Argólida.

Nafplio, a capital da Argólida

Como a cidade não é grande e o número de atrações turísticas é restrito, um dia pode ser suficiante para conhecê-la. Mas, sinceramente, acho que Nafplio merece mais do que isso. Primeiro porque ela tem uma atmosfera apaixonante que vai fazer você se arrepender de passar pouco tempo por lá. Segundo porque você pode utilizar a cidade como base para conhecer alguns famosos sítios arqueológicos do Peloponeso, como Epidauro (localizado a 30 minutos de carro), Micena e Argos (localizadas a 20 minutos de carro).

Falando assim, até parece que nós passamos um dia inteiro ou até pernoitamos por lá, não é mesmo? Mas, infelizmente, passamos apenas algumas poucas horas em Nafplio. E é por isso mesmo que falo que você irá se arrepender de passar tão pouco tempo na cidade. Na verdade, a culpa desse curto período nem foi nossa, mas sim da empresa de ferry que nos levou da ilha de Zakynthos de volta ao continente (mas já contei o que aconteceu em outra postagem). O que importa é que acabamos ficando com o nosso tempo bem curto e, pela lógica, nem deveríamos mais ter ido até Nafplio. Mas como já estávamos ali pertinho (conhecendo Epidauro) e sol ainda não havia sumido no horizonte, nos perguntamos porque não ir até a cidade e jantar por lá. E, assim, não pensamos duas vezes.

Como chegar a Nafplio?

Se você tiver alugado o carro, basta ir dirigindo até a cidade. De Atenas, são apenas cerca de uma hora e quarenta minutos de estrada.

Trajeto entre Atenas e Nafplio

Se preferir o transporte público, a principal empresa de ônibus do país, a Ktel, tem vários horários por dia (quase de hora em hora) que fazem o trajeto entre Atenas e Nafplio. Neste link, você encontra os horários disponíveis. A passagem custa 14,40 euros (23 euros se comprar ida-e-volta).

O que conhecer em Nafplio?

Na nossa opinião o principal atrativo de Nafplio é a cidade em si, suas ruas, suas casas, seus restaurantes, seus habitantes seguindo a rotina diária de uma pequena cidade às margens do mar. E caminhar, fotografar, se encantar, se apaixonar, são os verbos que você, certamente, mais irá "utilizar" por lá.

Mas existem algumas atrações turísticas para serem visitadas, destacando-se:

1. Fortaleza de Palomidi: construída pelos veneziados no século XVIII (sim, antes dos turcos tomarem a cidade, eram os venezianos que a dominavam) no alto de uma colina, a antiga fortaleza de pedra, além de um resquício histórico ainda de pé, permite uma incrível vista não apenas da cidade lá embaixo, mas também do mar (o Golfo da Argólida) que banha Nafplio e das montanhas que rodeiam a cidade. A entrada custa 8 euros e o horário de funcionamento varia bastante de acordo com a época do ano, embora costume fechar às 20 horas no verão. No mês de maio, no qual a visitamos, estava fechando às 18 horas.

Fortaleza de Palomidi, localizada  no alto da colina

2. Acronauplia: localizada na península em forma de "cabeça de águia" (melhor identificada a partir da Fortaleza de Palomidi), corresponde à parte mais antiga de Nafplio e destaca-se pelas antigas muralhas que rodeavam a cidade original. A visita é gratuita.

A península em "cabeça de águia" vista da Fortaleza de Palomidi e onde se localiza a Acronauplia

Muralhas da Acronauplia vistas do centro de Nafplio

3. Bourtzi: também construída pelos venezianos, é uma pequena fortaleza localizada no meio do Golfo da Argólida e pode ser acessada a partir de barcos que saem regularmente da orla da cidade. O transporte custa, em média, 4,5 euros. Já a visita à fortaleza é gratuita e tem como principal vantagem a vista que se tem de Nafplio a partir dela. Recomenda-se que a visita seja realizada pouco antes do por do sol, já que, nesse horário, a posição do sol favorece a vista da cidade (assim como as fotografia).

No meio do mar, vê-se a pequena fortaleza de Bourtzi

Como foi a nossa visita?

Chegamos a Nafplio, de carro, vindos de Epidauro, já no final do dia. Mesmo antes de seguirmos para o centro da cidade, resolvemos já subir a colina em direção ao Palomidi. Fomos de carro, mas, se você tiver disposição, pode subir a pé a partir do centro da cidade. E tem que ter disposição mesmo, já que são mais de 900 degraus.

Mas não esperávamos que tanta gente tivesse tido a mesma ideia que a gente. Afinal, eram muitos os carros que, já por não ter vaga em frente à entrada da fortaleza, iam estacionando no quase inexistente acostamento da estrada. Na verdade, não esperávamos que Nafplio fosse tão visitada (talvez por nunca ter ouvido falar da cidade antes). Era domingo e a cidade estava lotadíssima de turistas, algo que confirmamos posteriormente ao transitar pelas agradáveis ruas do seu centro.

Paramos o carro bem atrás e seguimos o resto do trajeto a pé até a entrada. Dali do alto, já dava para ter noção da paisagem ao redor emoldurada pelas montanhas da Argólida. Chegando à entrada, descobrimos outra coisa a qual não esperávamos. Havia lido que a fortaleza apenas fechava às 20 horas, mas, pelo visto, isto só é verdade para o alto verão, porque, naquele dia de maio, ela fecharia às 18 horas e faltavam apenas 15 minutos.

A cidade de Nafplio e as montanhas da Argólida vistas do alto da colina onde se localiza o Palomidi

Como já estávamos ali mesmo e a entrada custava apenas 8 euros, resolvemos entrar. Foi uma pena, porque tivemos que sacrificar a fortaleza em si e não deu nem mesmo para entrar no seu interior e apreciar os seus detalhes. Preferimos seguir direto, sempre pelos caminhos de pedra da parte externa da construção, para o terraço que permite a vista panorâmica de Nafplio e do Golfo da Argólida.

A Fortaleza de Palomidi

O Golfo da Argólida que banha Nafplio

Naquele horário, o sol já se encontrava mais próximo do horizonte, prenunciando que aquele lugar seria perfeito para apreciar o por do sol. Não entendo o motivo do local fechar tão cedo, já que, certamente, ficaria lotado de turistas apenas para ver o sol se despedindo do dia.

Dali do alto é também possível ver a península em "cabeça de águia" da cidade, em cujo topo está Acronafplia, e o Bourtzi, no meio do mar. Uma pena que não tivéssemos tempo suficiente para conhecer os dois (tudo culpa da companhia de ferry do mar Jônico). Aquela seria a hora perfeita para pegar um barco até o Bourtzi e apreciar a cidade de lá.

Após tirar o máximo de fotos possíveis naquele curto tempo que teríamos, deu 18 horas e os funcionários já começaram a nos expulsar da fortaleza. Agora imagina todos pegando seus carros ao mesmo tempo para deixar o topo da colina...

Enfim, quando conseguimos sair com nosso carro dali, descemos a colina em direção ao centro da cidade. O desafio agora seria encontrar um local para estacioná-lo. Felizmente, a cidade conta com estacionamento público. Considerando a imprevisível invasão de turistas naquele dia (acredito que os próprios atenienses devem seguir para a cidade nos finais de semana), foi difícil encontrar uma vaga, mas conseguimos.

Entre a árvore e o mar, vê-se uma parte do estacionamento em que paramos o carro, próximo à Marina da cidade

O ponto azul mostra a localização exata do estacionamento

Hora de bater perna pela cidade (o que mais gostamos de fazer, aliás). A cidade é muito fofa, tem uma clima agradabilíssimo e, naquele momento, eu estava me sentindo muito frustrado por não poder passar mais tempo por ali.

No calçadão da sua orla, muitos barcos atracados e muitas barraquinhas vendendo produtos locais. Nas ruas restritas a pedestres, muitas varandas floridas e muitos restaurantes bastante convidativos. Também muitas sorveterias, todas elas lotadas.

Após caminhar um pouco por suas ruas, escolhemos um restaurante para jantar. Na verdade, tivemos dificuldade para isto, já que, nos dois primeiros em que entramos, fomos informados que todas as mesas já estavam reservadas. Como assim? O país inteiro vai para Nafplio aos domingos? Mas, enfim, na terceira tentativa, conseguimos uma mesa.

Terminado o jantar, estávamos com o coração na mão por ter que seguir viagem até Atenas. Queria tanto ter passado mais tempo por ali, pegado um barco até o Bourtzi, tomado um sorvete sentados na calçada apreciando o vai e vem dos turistas, sentido mais um pouco da agradável atmosfera daquela cidade.

Saímos de Nafplio após o por do sol, mas a estrada de lá até Atenas era bem tranquila. Chegamos na capital grega após as 22 horas, entregamos o nosso carro defeituoso no aeroporto (já contei que ele resolvia não ligar sempre que passava alguns minutos desligado deixando a gente super tenso toda vez?) e seguimos até o hotel ali próximo onde passaríamos a noite (seguindo com o transfer gratuito deles). Sim! Porque não iríamos ainda passear por Atenas. No próximo dia, bem cedo, pegaríamos o avião rumo ao arquipélago das ilhas Cíclades, mais especificamente, até a famosa Mikonos. Atenas ficaria para depois...

OBS:

1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio