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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O que fazer em Jerusalém

Antes de relatar a nossa experiência em Jerusalém, acho importante dar algumas dicas sobre a cidade, especialmente em relação às atrações possíveis de ser visitadas por lá.

Jerusalém é aquele local do mundo tão rico historicamente que vale à pena a visita independente da sua religião, tendo uma ou não, acreditando ou não em Deus. É tanta história envolvida e tantas oportunidades de entender um pouco da ainda conturbada relação entre judeus e muçulmanos que, dificilmente, a sua experiência por lá não será enriquecedora.

Antes de mais nada, se a sua religião é o principal motivo que faz você querer visitar Jerusalém, você precisa ter em mente que a cidade não é sagrada apenas para você. Ela é importante tanto para cristãos como para judeus como para islâmicos. E, exatamente por isso, seguidores destas três religiões podem ser vistos conhecendo a cidade.

Na verdade, estas três grandes religiões encontraram uma forma de conviver em harmonia no lugar. Andando pelos locais mais turísticos na cidade, é possível ver judeus ortodoxos, cruzando a rua com islâmicos e andando ao lado de cristãos. Todos juntos e misturados.

Esta foto de Jerusalém exemplifica bem o que falo acima. Tirada do alto de uma sinagoga, mostra a bandeira de Israel, a torre de uma mesquita e, se você prestar atenção, atrás desta última, a torre de uma igreja cristã.

E foi este aspecto o que mais nos chamou a atenção em Jerusalém. Como não somos religiosos, não podemos dizer que sentimos aquela energia que costumamos ouvir quando alguém mais ligado à religião visita Jerusalém. Mas achamos fascinante esta mistura cultural.

De qualquer modo, saindo um pouco da área turística, podemos passar por bairros que concentram uma ou outra religião, especialmente judeus ortodoxos e palestinos. 

Passamos, por exemplo, de ônibus em um bairro, onde só pareciam viver judeus ortodoxos, todos vestindo preto, os homens com suas barbas típicas e chapéus característicos e as mulheres com suas saias na altura dos joelhos. Já no topo do Monte das Oliveiras, percebemos a quase unânime concentração de palestinos. 

E se lembrarmos que tanto os judeus quanto os palestinos reivindicam a cidade como a sua capital, é possível temer que esta paz não dure muito tempo por lá. A comunidade internacional mantém o cuidado de não reconhecer Jerusalém como capital de nenhum dos dois povos, exatamente, para evitar que seja colocada mais lenha na fogueira.

Basta lembrar que nem sempre a cidade foi palco de paz. Já tendo sido destruída, invadida, sitiada inúmeras vezes, por inúmeros povos, ao longo da história, Jerusalém pode ser considerada a verdadeira campeã desta enxurrada de conflitos, mantendo-se em pé até hoje (provavelmente, graças ao forte aspecto espiritual ao qual está atrelada).

E se você achava que Jerusalém se limita apenas à cidade murada visitada pelos turistas, saiba que, na verdade, ela é bem maior do que isto. Isto pode ser bem percebido na imagem abaixo que mostra o mapa da cidade, com a pequena área circulada correspondendo à cidade antiga.

O mapa de Jerusalém. A área circulada em vermelho corresponde à cidade antiga e murada

Contornando os muros da cidade antiga de Jerusalém por fora

Não à toa, Jerusalém é a maior cidade de Israel. E, como uma grande cidade, acaba tendo alguns inconvenientes relacionados, como o péssimo trânsito. Dependendo do horário, longas filas de engarrafamento se formam. Por isso, não aconselho dirigir por lá.

E isto nos leva diretamente a uma pergunta óbvia:

Como se locomover em Jerusalém?

Dentro da cidade murada, você só terá uma alternativa de locomoção: suas pernas. As ruas são estreitas e formam um enorme labirinto entre os muros. E, mesmo que você esteja de carro, não poderá entrar dirigindo nela.

Mas se você estiver hospedado longe da cidade antiga ou precisar ir a alguma outra atração turística ou até mesmo à rodoviária, precisará utilizar algum meio de transporte. Os táxis são sempre opções práticas. Mas se quiser economizar, saiba que existe um sistema de transporte  até eficiente na cidade, composto por ônibus e pelos modernos trams (o Light Rail Jerusalém).

O moderno tram de Jerusalém

Andar de tram é bem fácil e prático. Há uma estação em frente ao terminal rodoviário e o transporte te deixa bem perto da cidade murada. O ticket custa, no momento, NIS 5,90 o trecho. Deve ser comprado nas máquinas de auto-atendimento localizadas nas paradas (com opções em inglês) e validados uma vez no interior do tram. O serviço funciona das 5:30h à meia-noite.

Uma das paradas do tram no centro da cidade. No canto da foto, a máquina para compra dos tickets


Há opção para compra em inglês


A imagem mostra a frequência (em minutos) com que o tram passa dependendo do horário do dia


O ticket do tram em Jerusalém


Máquina no interior do tram para validar seu ticket

É até interessante ver o contraste entre os prédios históricos de Jerusalém, mesmo fora da cidade murada, e os modernos trams passando pelas ruas. A Yafo Street, por exemplo, é uma destas ruas, quase toda abrangida pelo Light Rail Jerusalém. O conveniente é que ela passa tanto pelo terminal rodoviário quanto pelas proximidades da cidade antiga.

A Yafo Street e seus modernos trams passando entre os antigos prédios da cidade

Pegamos o tram para chegar ao Terminal Rodoviário tanto no dia em que resolvemos seguir até o Mar Morto de ônibus quanto no nosso último dia, quando, para economizar, resolvemos seguir até o terminal com nossa bagagem mesmo (e foi tranquilo já que deixamos o hotel antes das 6 horas da manhã).

Já o serviço de ônibus da cidade, nós não utilizamos. Mas se tiver algum local que você queira visitar, não abrangido pelo tram, e você não quiser gastar com táxi, sugiro perguntar na recepção do hotel qual seria o número do ônibus e a parada mais próxima do mesmo para chegar ao seu destino. Deixo aqui o website oficial do sistema de ônibus da Egged, empresa que faz o transporte em Jerusalém.

E uma informação importantíssima: nem os ônibus nem os trams funcionam durante o shabat. Portanto, recomendo, fortemente, que você fuja deste dia da semana (entre o por do sol da sexta e o por do sol do sábado) caso vá precisar utilizar o transporte público de Jerusalém.

E, se você chegou até aqui, deve estar se perguntando também:

Onde se hospedar em Jerusalém?

Baseado em tudo que já falei anteriormente, sugiro que você tente atender a estes três critérios ao escolher a localização da sua hospedagem em Jerusalém:

1. Que seja relativamente próximo à cidade murada. De preferência que dê para ir até lá caminhando.

2. Que fique próximo a uma parada do Light Rail Jerusalém.

3. Que fique nas imediações da Yafo Street (citada acima).

Nós nos hospedamos em um hotel, o Paamonin Hotel Jerusalém, localizado quase na esquina com a Yafo Street e bem próximo a uma parada do tram, o que foi muito conveniente, considerando que precisamos ir duas vezes ao terminal rodoviário. Além do mais, a área em volta, especialmente ao longo da Yafo Street tem muitos cafés e restaurantes, o que acabou sendo uma mão na roda.

O hotel fica também a cerca de 15 minutos de caminhada da cidade murada, o que se tornou mais uma vantagem para nós. Mas vale lembrar que se hospedar em Jerusalém não é barato, especialmente, se você quiser ficar bem localizado.

A Yafo Street, rua extremamente útil para quem visita Jerusalém e que te deixa de frente para as muralhas da cidade antiga


E, finalmente...

Quais as principais atrações de Jerusalém?

Obviamente, a cidade murada de Jerusalém é a grande e principal atração turística do lugar. Toda cercada pelos antigos muros de proteção, esta parte mais antiga de Jerusalém possui 8 antigos portões de acesso e é dividida em quatro distritos ou bairros: o islâmico, o cristão, o judeu e o armênio. O caldeirão cultural lá dentro é, portanto, inevitável.

O mapa mostra a cidade murada de Jerusalém. Circulados estão os 5 dos 7 portões de acesso. As setas mostram as três principais atrações do local: o Muro das Lamentações, o Templo do Monte (ou Domo da Rocha) e a Igreja do Santo Sepulcro

Cada distrito possui um ou mais marcos que fazem sucesso entre os turistas. No bairro judeu, fica o famoso Muro das Lamentações, além da Sinagoga Hurva (do alto da qual se tem uma ótima vista da cidade murada). No bairro cristão, fazem sucesso a Via Dolorosa e a Igreja do Santo Sepulcro (e a fila no seu interior para se ter um vislumbre da pedra onde Jesus foi crucificado costuma ser imensa). Já no bairro islâmico, chama a atenção o monumento que é, na nossa opinião, o mais belo e imponente de Jerusalém, o Domo da Rocha, uma sagrada mesquita para os muçulmanos.

O Muro das Lamentações no bairro judeu


O Domo da Rocha, no bairro islâmico

A Igreja do Santo Sepulcro, no bairro cristão

Próximo ao Jaffa Gate, encontra-se a Torre de Davi, cujo interior corresponde a um museu dedicado a contar a história de Jerusalém e que pode ser visitado durante o dia. Já à noite, a Torre de Davi serve de palco para o Night Spectacular, um show de luzes e som, assistido ao ar livre. Queríamos muito assistir, mas estávamos tão cansados nas duas noites em que dormimos na cidade que acabamos desistindo.

A Torre de Davi


Infelizmente, acabamos não visitando o bairro armênio.

Damos mais informações sobre a cidade antiga no posto específico sobre a mesma.

Mas Jerusalém não se resume à cidade murada. Para quem quiser desbravar ainda mais ligações da cidade sagrada com as religiões, há outros pontos que podem ser visitados, além dos muros:

1. O Monte das Oliveiras, onde pode ser visitado: a Tumba da Virgem Maria, a Igreja de Todas as Nações (ao lado da qual está o Jardim de Gethsemane, o jardim de oliveiras onde Jesus foi traído), a Igreja de Maria Madalena, a Igreja Paste Noste, o Domo da Ascensão (no topo do monte e onde Jesus subiu aos céus após a sua ressurreição) e o cemitério judeu.

Contamos como foi a nossa visita ao Monte das Oliveiras em outro post.

Mapa mostrando a localização do Monte das Oliveiras, vizinho à cidade murada
O Monte das Oliveiras, visto da cidade antiga (mais especificamente, do pátio em torno do Domo da Rocha). A igreja no centro, com arquitetura russa é a Igreja de Maria Madalena


O Jardim de Gethsemane, aos pés do Monte das Oliveiras


2. O Monte Sião, onde pode ser visitado: a Igreja da Dormição, em que se encontra a Tumba do Rei Davi e o Cenáculo (erguido pelos cruzados acima de uma antiga construção que parece ter sido local de oração para judeus e cristãos. Há quem diga que foi aqui onde Jesus instituiu a Eucaristia); o cemitério católico onde está enterrado Oskar Schindler (e que aparece ao final do filme A Lista de Schindler).

Infelizmente, não visitamos o Monte Sião.

Mapa mostrando a localização do Monte Sião (ou Mount Zion). Perceba que o monte fica próximo à cidade murada, mais especificamente do Zion Gate


Além da cidade murada e dos dois montes na sua vizinhança, Jerusalém conta também com dois museus que podem ser do seu interesse, embora estejam localizados mais distantes, ambos acessíveis apenas de ônibus ou de táxi:

01. Museu de Israel, famoso por abrigar as valiosas relíquias encontradas no deserto próximo a Jerusalém: os Pergaminhos do Mar Morto. Para informações sobre horário de funcionamento, valor do ingresso e as linhas de ônibus que passam pelo museu, acessar o website oficial da atração.

02. Museu do Holocausto (Yad Vashem), um moderno museu todo dedicado ao genocídio sofrido pelo povo judeu no século XX. Sem dúvidas, deve ser um passeio emocionante. Tem a vantagem de possuir entrada gratuita. Para informações sobre horário de funcionamento e as linhas de ônibus que passam pelo museu, acessar o website oficial da atração.

Passear pela Yafo Street também acaba sendo uma ótima opção para quem estiver hospedado nos arredores. Há cafés com mesas a céu aberto, onde é possível relaxar um pouco apreciando o movimento da cidade. Há restaurantes, muitas lojas e vários prédios antigos de pedra que acabam se assemelhando com a arquitetura das construções vistas na cidade murada. Há até pub para quem não dispensa uma agitação. A Prefeitura de Jerusalém também se encontra na Yafo Street.

Praça em frente à Prefeitura de Jerusalém na Yafo Street


E se você estiver em Jerusalém e tiver interesse em fazer algum bate-e-volta a partir da cidade, há dois passeios bastante populares por lá:

01. Visita ao Mar Morto, localizado no meio do deserto de Israel, no local da superfície terrestre mais abaixo do nível do mar do planeta. E onde é possível flutuar devido à altíssima concentração de sal no seu interior, característica, inclusive, que impede a presença de qualquer vida em suas águas (o que gerou o seu nome). No caminho, é ainda possível fazer uma parada em um importante sítio arqueológico do país: Massada. Localizado no alto de um penhasco, é famoso pela vista que permite do deserto e do Mar Morto lá do alto.

O Mar Morto em Israel. As montanhas do outro lado já fazem parte da Jordânia


02. Visita a Belém, onde é possível visitar a Igreja da Natividade, construída no local, onde, acredita-se, nasceu Jesus Cristo. Localiza-se a cerca de 30 minutos de carro ao sul de Jerusalém.

Há muitas opções de passeios guiados tanto em Jerusalém quanto para fazer algum dos bate-e-volta citados acima. Como nós, em geral, preferimos fazer tudo por conta própria e também queríamos economizar, não contratamos nenhum. Mas, talvez, seja interessante se você quiser entender com mais detalhes o tanto de história que Jerusalém guarda em seus muros e prédios.

Entre as duas opções de bate-e-volta, acabamos escolhendo a visita ao Mar Morto. Contamos tudo sobre este passeio e como realizá-lo por conta própria em outro post.

Como deve ter dado para perceber, há muito o que se fazer em Jerusalém e, se você quiser conhecer tudo, acreditamos que 3 a 4 dias seja o ideal. Ficamos apenas duas noites, o que, para o que queríamos ver, acabou sendo o suficiente.




OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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