Há muitos anos, vivia na região arábica um povo conhecido como Nebateus que, além de ótimos arquitetos e engenheiros, eram excelentes comerciantes. Não perdendo tempo para os negócios, resolveram construir, então, em meio à principal rota comercial de especiarias entre a Arábia e a atual Damasco, uma cidade que pudesse servir de centro comercial.
Mas a cidade que resolveram construir não podia ser igual às outras. Aproveitando-se dos enormes paredões de rocha avermelhada do local, eles decidiram esculpir os prédios e monumentos desta cidade na própria rocha, criando, assim, Petra (chamada por eles de Raqmu), que se tornou em torno dos anos 300 a.C. a capital do povo Nebateu.
Petra prosperou e, obviamente, não passou batida aos olhos dos ambiciosos imperadores romanos, que incluíram a cidade no seu rol de conquistas. A administração romana, no entanto, levou Petra ao declínio. Posteriormente, Constantino anexou a cidade ao Império Bizantino, mas, durante o século V, um catastrófico terremoto devastou a cidade que foi, então, abandonada.
E, hoje, já considerada Patrimônio da Unesco e uma das Sete Maravilhas do Mundo, esta joia da arquitetura antiga, chama a atenção de milhares de turistas ao redor do mundo. Sua fama é justa. Afinal, a beleza dos seus monumentos esculpidos em rocha (que a deu também a alcunha de Cidade Rosa) não consegue passar imune aos olhos de todo e qualquer visitante.
Petra é sim uma das mais incríveis zonas arqueológicas do mundo, de modo que seria impossível não estimular qualquer viajante inveterado e, um dia, conhecer o lugar.
Não à toa, chamou também a atenção de Steven Spielberg quando o mesmo procurava locações para filmar a aventura de um arqueólogo ficcional que se tornou um ícone da cultura pop: Indiana Jones. A Última Cruzada foi filmada em Petra e utilizou a fachada do monumento conhecido como Câmara do Tesouro (foto abaixo) como locação (já as sequências internas foram todas feitas em estúdio). E, até hoje, as referências ao personagem estão presentes no local, especialmente, em lojas de souvenir.
O Tesouro, um dos mais clássicos monumentos de Petra, esculpido totalmente na rocha, assim como o restante da cidade perdida |
E, aos nossos olhos, Petra mostrou merecer demais o título de uma das Sete Maravilhas do Mundo.
E para ajudar outros futuros viajantes, resolvemos listar aqui 10 dicas que podem ajudá-los durante a visita:
01. Petra pode ser visitada a partir de Israel
Basta atravessar a fronteira entre os dois países na cidade israelense de Eilat. Uma vez em Aqaba, a cidade do lado jordaniano, você estará a pouco menos de 2 horas de Petra. A estrada até lá é boa e toda asfaltada.
Já demos os detalhes de como atravessar a fronteira entre Israel e Jordânia. E já explicamos como chegar a Petra a partir de Aqaba.
02. A moeda utilizada na Jordânia é o dinar jordaniano (JOD)
O dinar jordaniano vale cerca de cinco vezes mais do que real e vale mais do que o dólar americano. Então, qualquer 10 dinares jordanianos vão acabar pesando no bolso durante a conversão. No entanto, não achamos a visita a Petra tão cara como achamos que seria pelo valor da moeda.
O câmbio deve ser feito assim que você chegar ao país, seja pelo aeroporto de Amã (capital do país) seja no posto da fronteira terrestre vindo de Israel.
03. Há hospedagem ao lado da zona arqueológica de Petra
Ao lado de Petra, se desenvolveu uma pequena cidade conhecida como Wadi Musa. E ela possui hotéis para todos os gostos e bolsos, além de restaurantes e, como não poderia deixar de ser, muitas lojas de souvenir.
O mapa mostra Wadi Musa e marca a localização do Centro de Visitantes de Petra, onde se inicia o passeio pelo sítio arqueológico |
Nós nos hospedamos no La Maison Hotel que tinha a vantagem de ficar bem próximo à entrada do sítio arqueológico e um bom restaurante, onde jantamos na noite em que ficamos por lá.
04. Visitar Petra é seguro
Infelizmente, em decorrência dos atuais conflitos no Oriente Médio, com destaque para a Síria que faz fronteira com a Jordânia, o turismo em Petra caiu. No entanto, vale ressaltar que o país não está em guerra, de modo que visitá-lo, atualmente, é totalmente seguro. Não tenha medo!
05. Dormir uma noite na Jordânia dá desconto no valor do ingresso de Petra
O ticket para entrar em Petra custa JOD 90,00 mas cai para JOD 50,00 se você ficar pelo menos uma noite hospedado no país. Esta é uma forma do governo estimular a permanência de turistas na Jordânia e evitar os bate-e-voltas de um dia a partir de Israel.
Mas, para ser sincero, acho este tipo de bate-e-volta uma loucura, pois, além de fazer você ter que correr para conhecer a zona arqueológica, que é enorme, te deixará muito cansado. Afinal, são precisas longas caminhadas para explorar Petra.
O ticket pode ser comprado na bilheteria oficial logo no Centro de Visitanteso, devendo-se apresentar o seu passaporte junto com o canhoto do formulário que você preencheu na fronteira. Recomendo que leve consigo a chave do seu quarto de hotel para comprovar a sua diária no país e garantir o desconto.
A entrada do Centro de Visitantes de Petra |
Guarde o ingresso para mostrar na fronteira. Turistas que entraram por terra a partir de Israel, devem comprovar sua visita a Petra para poder ter desconto na taxa a ser paga quando se deixa o país. Dei mais detalhes sobre estas taxas no post "Como atravessar a fronteira entre Israel e Jordânia".
A bilheteria aceita dinheiro e cartão de crédito.
06. O turista tem a opção de pagar JOD 5,00 a mais para poder utilizar o mesmo ingresso em dois dias.
Por JOD 55,00 você pode utilizar o mesmo ingresso em dois dias. E achamos esta uma excelente opção. Como chegamos em Wadi Musa no início da tarde, teríamos tempo para visitar Petra naquele mesmo dia e ainda repetir a visita na manhã seguinte. Afinal, a zona arqueológica é enorme, como já falei acima.
Há ainda a opção de pagar JOD 60,00 para poder usar o mesmo ingresso em 3 dias diferentes.
E se você quiser um tour guiado, há também a opção de fazer alguma trilha por Petra a partir de valores específicos. Deixo o site oficial de Petra aqui para você avaliar os valores disponíveis caso seja do seu interesse. Neste outro link, você tem acesso às diferentes trilhas que você pode ter acesso.
07. Petra é muito grande e requer disposição para longas caminhadas
Muita gente imagina que Petra se limita apenas ao seu monumento clássico que costuma estampar as imagens do lugar: o Tesouro. Ledo engano. A zona arqueológica é muito grande e envolve outros monumentos, como o tão fantástico quanto Monastério localizado a 4Km de distância da entrada (e envolvendo ainda uma subida bem cansativa pelas pedras).
O fabuloso Monastério |
Mapa retirado do site oficial de Petra, mostrando todo o caminho que se percorre na zona arqueológica. A seta inferior mostra a localização do Tesouro e a superior do Monastério. |
Portanto, vá preparado para andar bastante. Vista roupas confortáveis, passe protetor solar, proteja os olhos e a cabeça. Afinal, estamos falando de uma área desértica.
Andar foi o verbo que mais usamos em Petra |
Para entrar no clima do lugar, cada um de nós comprou algo específico para nos proteger do sol em uma loja de souvenir da cidade. Técio comprou um Hijab, aquele lenço típico que os homens árabes usam para cobrir a cabeça. Óbvio que não sabíamos usá-lo, mas o dono da loja o colocou perfeitamente na cabeça de Técio e lá foi ele, tipicamente, adornado (não se preocupem se quiserem comprar um, pois a imigração de Israel não implicou com isso). Já eu, como bom nerd que sou, comprei uma réplica do chapéu de Indiana Jones (que depois percebi não era tão réplica assim).
Técio com o hijad e eu com o chapéu de Indiana Jones |
Acho interessante levar colírio também. Não apenas pela aridez do local, mas também porque passamos por áreas repletas de mosquitos e um deles entrou no olho de Técio. O colírio foi a salvação.
Para quem quiser andar menos, logo na entrada, há vários locais oferecendo cavalos e charretes para te levar até o Tesouro. Não quisemos pois somos completamente contra este tipo de exploração animal.
Ao longo da caminhada, fomos várias vezes abordados por muitas crianças oferecendo também o lombo de jumentos para nos levar, inclusive até o Monastério. Já estava chato ter que responder tanto não.
Atrás de mim, um turista fazendo o trajeto de cavalo (eles dizem que é de graça, mas duvido) |
Charretes também são oferecidas |
08. O final da tarde e o início da manhã são os melhores horários para visitar Petra
Estes são, exatamente, os horários em que o sol irá menos nos castigar. Como chegamos em Wadi Musa à tarde, o tempo para fazer o check-in, tomar banho e almoçar foi o necessário para dar 16 horas, horário em que foi bem mais agradável caminhar no meio das rochas da cidade perdida.
No dia seguinte, acordamos bem cedo para pegar parte da caminhada com o sol mais baixo. Como visitamos o Monastério que, como falei acima, fica bem distante, acabamos retornando após às 10h, de modo que já sofremos mais com o sol neste horário.
Visitar Petra ao meio-dia não deve ser fácil.
Para facilitar a sua programação, é importante está ciente sobre o horário de funcionamento da zona arqueológica: das 6 às 18h durante o verão e das 6 às 16h durante o inverno. O último horário é quando não é mais possível comprar o ingresso nem acessar a zona arqueológica.
09. Há restaurantes e locais vendendo água no interior da zona arqueológica
Mesmo sabendo da dica acima, não entre lá sem água, já que demora a aparecer alguma loja que venda água (elas estão mais concentradas a partir do Tesouro). E, como você terá que caminhar cerca de 1Km até o monumento principal, vai, certamente, bater sede até chegar lá.
Em relação aos restaurantes, há uns bem simples após o Tesouro, mas há um com melhor estrutura no início do caminho que se pega para chegar ao Monastério.
Se quiser comprar algum souvenir no interior do sítio arqueológico, não faltará opção. São muitas tendas montadas ao longo do caminho.
10. Durante três noites por semana, você tem a chance de participar do Petra By Night
Nas noites de segunda, quarta e quinta, os turistas têm a chance de visitar o sítio arqueológico para vivenciar uma experiência chamada Petra By Night. O turista segue com os guias a partir do centro de visitantes, vai passando por velas dispostas no chão, iluminando o caminho e, ao chegar ao Tesouro, se depara com inúmeras velas de frente para o monumento, iluminando-o.
Era uma visita que gostaríamos muito de ter feito, mas, infelizmente, a noite em que estivemos por lá não correspondia àquelas em que acontece o espetáculo. Uma grande pena!
A caminhada até o Tesouro tem início às 20:30h, retornando-se ao centro de visitantes às 22:30h. O ticket para o Petra By Night deve ser comprado por fora do ingresso habitual e custa JOD 17,00.
Para finalizar, dou uma dica bônus para você que pretende visitar Petra:
A Jordânia não se limita apenas a Petra
Entre outros locais turísticos do país que podem ser associados à sua visita a Petra, pode-se citar: a própria capital Amã (caso você chegue ao país de avião por esta cidade), a cidade litorânea de Aqaba, que tem praias banhadas pelo Mar Vermelho e atividades de mergulho (mas como já iríamos conhecer Eilat, a irmã israelense de Aqaba, acabamos dispensando-a) e o Deserto Vermelho de Wadi Rum (que nos arrependemos demais por não ter conhecido. Afinal, ele fica no caminho entre Aqaba e Petra).
Na verdade, nós só ouvimos falar de Wadi Rum já na Jordânia. Primeiro o recepcionista do nosso hotel nos indicou o local. Depois, uma família super simpática de Singapura que conhecemos enquanto caminhávamos por Petra, nos contou que iriam para lá.
Mapa mostrando a localização do Centro de Visitantes de Wadi Rum. Percebam que não fica distante de Aqaba e que o deserto está ao lado da rodovia que se pega para ir a Petra |
O deserto é famoso por sua paisagem rochosa e deve ser conhecido em tours guiados em um 4x4. E, segundo relatos, o lugar dá a sensação de se estar visitando outro planeta. Tanto que foi usado como locação para o filme "Perdido em Marte".
Ficamos bem frustrados de não termos como encaixar o lugar de última hora no nosso roteiro. Portanto, se você estiver indo de Aqaba para Petra ou vice-versa, considere incluir o deserto na sua viagem.
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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