A primeira coisa que posso falar sobre o segundo dia de travessia é que ele não é tão bom como o
primeiro em termos de paisagem. Não que não tenhamos passado por lugares lindos, mas é que o primeiro dia, passando pelas Lagunas Branca, Verde e Colorada e pelos Gêiseres Sol de la Mañana é surreal.
Mas a principal questão que faz este segundo dia não ser o nosso preferido é que boa parte do tempo à tarde é gasto dentro do 4x4, já que não há tantas paradas como no dia anterior. E tem hora que o assunto acaba e a paisagem na janela, que pouco varia, não ajuda.
Já pela manhã, até que tivemos um número razoável de paradas. A hospedagem em que ficamos se localiza em uma área geográfica cheia de rochas dos mais variados tamanhos e formatos e foi exatamente estas formações o foco daquela manhã.
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A paisagem típica do segundo dia de travessia |
Após tomar nosso café da manhã, deixamos nosso "hotel" no 4x4 e, em poucos minutos, já parávamos para ver a primeira formação rochosa, famosa por lembrar a taça da Copa do Mundo. Confesso que não me atraio muito por estas formações que se assemelham a isso ou aquilo. Mas turista é assim: basta alguém dizer que algo é famoso que já está lá tirando foto.
E como bom turistas que somos, fotografamos a "taça". A maioria das pessoas escalam a rocha até a metade dela para sair na foto. Eu não tive tanto entusiasmo para tal, já que, além de tudo, Copa do Mundo é algo que me deixa com preguiça, assim como qualquer referência a ela.
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A rocha em formato de taça da Copa |
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Havia fila para subir a rocha e fotografar a "taça" |
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Confesso que achei os arredores mais interessetantes |
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Bem mais interessante |
De volta ao 4x4, mal nos acomodamos, o guia já parava de novo para vermos outra rocha, agora com o formato de camelo. Já perdi a conta de quantas rochas já vi com o formato de camelo no mundo. Mas lá fomos nós, descendo mais uma vez para fotografar a formação. Em geral, alguns mais aventureiros, sobem na rocha, mas como percebemos, não é uma subida nada simples e ninguém do grupo quis se arriscar, de forma que passamos pouco tempo ali.
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A rocha com formato de camelo |
Logo depois, paramos em um aglomerado de formações conhecido como "Itália Perdida", que, pelo que entendi, recebeu este nome devido a um grupo de italianos que acamparam por lá. Aqui, o guia nos deu tempo livre para explorar, fotografar, curtir a paisagem e escalar as rochas.
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Chegando à "Itália Perdida" |
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E já fomos escalando a primeira que vimos |
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Amamos esta abertura natural na rocha |
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As rochas se espalham nos mais variados formatos e alturas |
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Para os mais dispostos é possível subir as pedras mais altas |
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A nossa formação preferida na "Itália Perdida" |
O que não sabíamos é que nesta área rochosa há inscrições rupestres de antigas civilizações. Nosso guia não se deu ao trabalho de nos mostra-las (e nem de cita-las). Só descobri porque um amigo meu que fez o mesmo passeio com a mesma agência (a Cruz Andina), mas com um guia diferente, nos contou depois que o grupo foi levado para ver as inscrições. Guia péssimo, o nosso!
Passamos mais de uma hora por lá e gostamos muito de conhecer a "Itália Perdida", mas tínhamos que seguir viagem. Pouco tempo depois, paramos em uma laguna, cujo nome, infelizmente, não recordo (na verdade, o guia nos disse o nome com tanta má vontade que não tive coragem de pedir para que ele repetisse). A laguna, no entanto, não tinha nenhuma cor característica como as do dia anterior, mas tinha algo bem especial: vários flamingos. Infelizmente, eles estavam bem mais distantes do que na Laguna Colorada, de forma que quase não deu para vê-los.
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Mais uma laguna com flamingos no caminho. Infelizmente, eles não aparecem na foto. |
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Com boa vontade, é possível ver alguns flamingos na foto.
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Àquela altura já se aproximava a hora do almoço e o guia parou de frente para uma casa onde ele prepararia nosso almoço. Antes, no entanto, ele nos indicou a curta trilha até a bela Laguna Negra, a nossa atração preferida do dia.
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Iniciando a trilha até a Laguna Negra |
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Amamos a combinação da vegetação rasteira com as rochas |
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No caminho conhecemos mais este ilustre morador da região. Consegue vê-lo correndo próximo à pedra no meio da foto? |
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Ele se chama viscacia e é um roedor da família da chinchila |
A Laguna Negra é rodeada por rochas e estavam todas tomadas pelos diversos grupos que chegavam ao local. Uns mais corajosos do que os outros subiam até as rochas mais altas. Outros aproveitavam a calmaria do local para tirar um cochilo. Nós ficamos nas rochas mais baixas, fotografando, apreciando e caminhando até a margem.
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Chegando à Laguna Negra |
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Bom que tivemos tempo suficiente para apreciar o lugar com calma |
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Chegando próximo à margem |
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Subindo até um ponto mais alto |
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O que não falta em torno da Laguna Negra são rochas |
Na hora combinada com o guia, retornamos para a casa onde almoçamos. A comida estava, mais uma vez, deliciosa. A quinoa, alimento típico da região e cujo cultivo vimos em algumas partes da estrada, é muito popular e muito bem preparada por lá.
Ali, na pequena e humilde casa, encontramos também o primeiro banheiro do dia, mas sem descarga. Após o uso era necessário usar o balde de água que ficava na porta.
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Encontrando um filhote de lhama perto de onde almoçamos |
Seguimos, então, viagem até o Cânion da Anaconda, um desfiladeiro que recebe este nome devido ao rio de formato sinuoso que corre no vale abaixo. Segundo os locais, o rio lembra uma anaconda, o que acabou dando o nome atual ao local.
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O Cânion da Anaconta. Olha o rio sinuoso lá embaixo. |
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Chegando e seguindo para o o mirante rochoso onde os turistas se concentram |
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Quem tem medo de altura pode se sentir desconfortável aqui |
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Bem perto da margem |
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Fingindo ser corajoso |
Obviamente, é preciso ter cuidado na hora de tirar as fotos no desfiladeiro. Escorregar na sua beira será, certamente, fatal.
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Quem se sentir receoso pode apenas apreciar de longe |
Chegara a hora de seguir por um longo tempo no 4x4. O destino era o minúsculo povoado de Colcha K. Pelo caminho, poucos sinais de civilização, representados por pequenas fazendas paupérrimas, plantações de quinoa e criação de lhamas. Estes, inclusive, foram o motivo para ganharmos uma parada extra no caminho. Vimos vários deles na estrada e pedimos ao guia para parar.
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Guanacos |
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Muitos deles |
Chegamos a Colcha K em torno das 16h da tarde. Lá, na verdade, não tem nada pra fazer e serve mais como uma pausa para descanso. Há um pequeno mercado, vendendo água, bebidas e alguns lanches (único local de toda a travessia onde era possível comprar algo), um banheiro pago (o melhor de toda a viagem) e um trilho de trem desativado com uma antiga locomotiva servindo de decoração para o povoado.
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Como Colcha K não tem nada pra fazer, ficamos mesmo brincando no trilho desativado |
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Pelo menos assim, passávamos nosso tempo |
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E teve foto na antiga locomotiva também |
O dia estava chegando ao fim e a próxima parada seria já no hotel onde dormiríamos naquela noite. Embora descrito como hotel de sal, o local era bem fake neste aspecto, mas o que nos importava mesmo era a qualidade superior ao da noite anterior. Tanto que, desta vez, todos se animaram por um banho quente (também pago).
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O "hotel de sal" na segunda noite |
O jantar foi uma das melhores refeições da travessia. Havia diversos tipos de batatas cultivadas na região, assim como um frango que estava delicioso. E a opção vegetariana foi aprovada por Técio. Como ainda era cedo, passamos um bom tempo conversando com o nosso grupo em torno da mesa até chegar a hora de dormir.
Não fomos dormir tarde, pois sairíamos no outro dia às 5h da manhã, com o objetivo de assistir ao nascer do sol no Salar de Uyuni. Na verdade, já estávamos ao lado do salar, mas só o conheceríamos no dia seguinte. E seria inesquecível.
OBS:
1. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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