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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Como se deslocar pela Bolívia

Deslocar-se pelo território boliviano, pelo menos no momento atual, não é das tarefas mais simples, especialmente, se você pretende seguir alguma rota não usual e fora do circuito turístico, como foi o nosso caso (no final do post contarei como foi a nossa saga em um trecho que tivemos que fazer entre duas cidades bolivianas). 

Isto ocorre pois nem todas as estradas são ainda pavimentadas, de forma que, entre determinadas cidades, há longos trechos ainda de terra. A boa notícia é que há muitas obras pelas estradas do país, de forma que, ao que nos parece, esta realidade mudará em um futuro próximo.

Além disso, não há ônibus entre todas as cidades bolivianas, pelo menos por enquanto, o que é, obviamente, justificado pelo motivo citado acima.

O avião, então, surge como a opção mais lógica, prática e rápida para se deslocar pela Bolívia. Não é, no entanto, a opção mais barata. A Boliviana de Aviacion é a principal companhia aérea do país e opera nos aeroportos de La Paz, Santa Cruz de la Sierra, Uyuni, Oruro, Potosí, Tarija, Sucre, entre outros.

Se quiser saber se há possibilidade de voos de ou para a cidade que pretende visitar, basta procurar no site oficial da companhia. A compra pode ser feita diretamente no site com cartão de crédito. 

O maior problema da companhia são os aviões velhos, o que acaba aumentando a chance de turbulências. Para os mais receosos de voar, como nós, isto acaba sendo um inconveniente a mais. O trecho que pegamos entre Tarija e Santa Cruz de la Sierra, embora curto, foi bem tenso.


Para completar, não é por ter aviões mais velhos, que os trechos são exatamente baratos. Chequei a opção de voo entre Uyuni e Tarija (com antecedência) e o preço passava de mil reais (o trecho só de ida). Já quando viajamos de Santa Cruz para La Paz, há 3 anos, o valor foi bem em conta, provavelmente, por ser um trecho mais comum e utilizado entre os próprios bolivianos.

Outra opção, dependendo da origem e destino, é o trem, que embora não tenha uma rede extensa pelo país, possui uma linha que passa por um dos principais destinos bolivianos: Uyuni. Esta rota liga, diariamente, as cidades de Oruro e Villazón (esta já próxima à fronteira com a Argentina) nos dois sentidos. Entre as duas cidades, há paradas em Atocha, Tupiza e Uyuni.

Aliás, o trem é um meio de transporte frequente para quem quer ir de La Paz a Uyuni por terra. Basta pegar um ônibus de La Paz até Oruro e, de lá, pegar o trem até Uyuni.

Vale ressaltar que o trem só passa em cada cidade uma vez ao dia e o horário pode ser checado no site oficial. No momento em que escrevo este post, o site em questão não está abrindo (não sei se estão passando por algum problema no sistema ou se houve mudança de endereço), mas deixo aqui o link de qualquer forma. 

Não utilizamos o serviço de trem por não ter conseguido adaptar o nosso roteiro aos seus horários e, portanto, não temos como dar nossa opinião sobre o conforto e os serviços do mesmo.

Em relação aos ônibus, dependendo das cidades para as quais você quiser ir, as informações na internet podem ser bem escassas. E, como já citei acima, nem todas as cidades são interligadas pelo sistema rodoviário. Entre Uyuni e Tupiza, por exemplo, há trem mas não há ônibus. Já entre Uyuni e Oruro, há as duas opções.

Outro problema a respeito dos ônibus é que, em geral, não podemos comprar nossas passagens com antecedência pela internet, o que sempre deixa aquele medo de não conseguir vaga no ônibus na hora pretendida.

Se quiser pesquisar algum trecho de ônibus pelo país, você pode acessar o site do TicketsBolivia.com.

Mas, dependendo da rota pretendida, há também a opção de contratar o passeio em ônibus turísticos, o que já deixa a sua vaga garantida. Nós, por exemplo, fizemos a viagem entre La Paz e Copacabana, há 3 anos, utilizando esta opção. Na época, utilizamos os serviços da Kanoo Tours

Agora e se não houver nenhuma destas opções entre as duas cidades que você pretende visitar? Ou houver apenas a opção de avião, mas esta estiver muito cara?

Aconteceu exatamente isto conosco. Afinal, precisávamos ir de Uyuni a Tarija (e tínhamos hora exata para estar lá, pois tínhamos um casamento para comparecer), mas não havia ônibus nem trem ligando as duas cidades e a passagem de avião estava completamente fora do nosso orçamento. Tive a ideia, então, de checar as cidades no meio do caminho e Tupiza nos pareceu o ponto óbvio de conexão entre as duas, especialmente, considerando que havia trem entre Uyuni e Tupiza e ônibus entre Tupiza e Tarija.

O horário do trem, no entanto, tornou esta possibilidade inviável. E não havia ônibus ligando Uyuni e Tupiza. Então, pensamos em ir de ônibus até Oruro e, de lá, pegar outro ônibus até Tarija. Mas aí chegaríamos muito depois do início do casamento.

Confesso que já estava nos batendo o desespero, quando tive a ideia de procurar por serviços de transfer privado pelo país. E foi aí que encontramos a solução. Nossas pesquisas nos levaram até a agência Bolívia Travel Site, que fornece este tipo de translado. Entramos em contato por e-mail e, embora o trecho Uyuni-Tarija não fosse viável pela distância, poderíamos ir até Tupiza e, então, de lá pegaríamos o ônibus até Tarija.

Por ser um transfer privado, não foi barato, embora tenha sido bem mais em conta do que o trecho aéreo. Eles disponibilizaram um telefone de contato e deixaram um local e hora marcados para nos encontrar em Uyuni.

Mas não foi um translado tão simples. Não pela empresa, que foi ótima, mas pela estrada em si que era muito pior do que poderíamos imaginar.

Primeiro, ainda tivemos o estresse de não encontrar o transfer na hora marcada e entramos em desespero, mas o erro foi nosso e esclarecemos ao entrar em contato com o número fornecido. Encontramos, então, o motorista que nos acomodou em um excelente carro e passou na sua casa para pegar seu pai que o auxiliaria no caminho.

E logo entendemos o motivo do auxílio. Mais de 80% da estrada entre Uyuni e Tupiza estava sendo construída ainda, de forma que, além do trajeto ter sido feito quase todo em estrada de terra, haviam vários desvios. Qualquer erro, teríamos seguido pelo caminho errado ou, pior, caído de algum precipício, já que boa parte do caminho percorre montanhas empoeiradas. Em um momento, a poeira bloqueou completamente a visão pelo para-brisa e nos seguramos achando que o carro despencaria precipício abaixo.

E, assim, num ritmo lento, acabamos demorando uma hora e meia a mais do que seria necessário para chegar a Tupiza, atravessando trechos que nem estrada tinham, passando por pequenos córregos e rezando para o carro não quebrar naquele meio de nada.

Portanto, imaginem o alívio quando chegamos, enfim, a Tupiza. No entanto, nosso alívio durou pouco: estava havendo manifestações na cidade (algo comum no país) e várias ruas, incluindo a que vai até a rodoviária, estavam bloqueadas.

E lá estávamos nós tensos novamente. Até porque nem sabíamos ainda se teria vaga no ônibus (muito menos se ele iria conseguir sair após sabermos destes protestos). O motorista e seu pai foram maravilhosos e, pedindo informação, conseguiram desviar os bloqueios e chegar à rodoviária. Desci do carro como um foguete e fui logo em busca de algum guichê que vendesse passagem para Tarija e logo descobri que o ônibus partiria às 22h (eram 18h àquela altura) e que havia vaga! Alívio!!

O motorista e seu pai retornaram, então, para Uyuni e nós ficamos angustiados por eles, já que pegariam aquela mesma estrada horrível à noite. 

Ficamos esperando até às 22h e quase perdemos o ônibus, pois só descobrimos em cima da hora que ele partiria de uma rua próxima à rodoviária e não do terminal em si, graças aos protestos. Saímos correndo com as malas ensandecidos em busca do ônibus. Mas conseguimos pegá-lo. O ônibus era bem semelhante aos que estamos acostumados no Brasil.

E ainda bem que era noite e não vimos a estrada até Tarija, pois depois descobrimos que ela percorre trechos montanhosos e, por isso, é bem perigosa. Chegamos após 6 horas de viagem e tivemos ainda um estresse com o hotel que não encontrou a nossa reserva (aquilo parecia não ter fim), mas fomos logo alocados em um quarto (acho que o funcionário do hotel teve pena do nosso estado). Caímos, então, exaustos, na cama, às 5 horas da manhã e descansamos até a hora de ir ao casamento que estava marcado ao meio-dia. 

Foi difícil, mas conseguimos!!

Acredito que após o término das obras nas estradas do país, passará a ter ônibus entre Uyuni e Tupiza. E os deslocamentos terrestres ficarão bem mais simples. Mas, por enquanto, a dica que eu dou é: não pense em alugar carro por lá. Só a chance de pegar um trecho como este e sermos nós os motoristas já parece um pesadelo!

Em resumo, estas foram as nossas formas de deslocamento pela Bolívia nas duas vezes em que visitamos o país:

Santa Cruz de la Sierra - La Paz: avião

La Paz - Copacabana: ônibus turístico

Uyuni - Tupiza: transfer privado

Tupiza - Tarija: ônibus comum

Tarija - Santa Cruz de la Sierra: avião

Teve também todo o trajeto por Potosí até o Salar de Uyuni de 4x4, durante a nossa travessia do Atacama a Uyuni.

Ah! E se você está achando difícil se deslocar pelo país, encerro este post dando um conselho: vá assim mesmo, pois compensa!!



OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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