Nosso primeiro dia no Deserto do Atacama começou em torno das 11h da manhã, após chegar no nosso hotel vindos do
aeroporto de Calama. Como àquela hora não dava mais para pegar nenhum tour com saída pela manhã, resolvemos caminhar pelo pequeno vilarejo de San Pedro e encontrar uma agência para fechar os passeios que faríamos pelo deserto.
O que fazer em San Pedro do Atacama?
A principal cidade que serve de base para os tours no deserto mais alto e árido do mundo é bem pequena e rústica, suas ruas são ainda de terra e tudo por lá se move em torno do turismo que, sem dúvida, corresponde à maior fonte de renda do lugar.
E, na verdade, não há muito o que se fazer no povoado, exceto comer e agendar os tours. A principal rua do lugar é a Caracoles. É nela que se concentram os restaurantes, que, por sinal, mantêm o padrão chileno de ótima gastronomia. Nem todos estão abertos durante o almoço, já que a maior parte dos turistas estão fazendo algum passeio, mas, à noite, a Rua Caracoles encontra-se bem viva, com todos os seus restaurantes abertos.
As agências de viagem também se concentram na Caracoles (ou em torno dela), de forma que é onde você deverá iniciar sua pesquisa por aquela que atenderá melhor ao seu custo-benefício na hora de reservar os passeios pelas atrações do Atacama.
No nosso caso, a primeira coisa que fizemos na cidade, foi deixar todos os passeios que faríamos reservados. Então, seguimos para uma das poucas atrações do vilarejo: a Igreja de San Pedro do Atacama, herança histórica dos colonizadores espanhóis.
A igreja, que data do século XVI, mantém a característica rústica da cidade, sendo bem diferente de outras igrejas católicas que vemos pela América do Sul. Mas, por isso mesmo, ela acaba adquirindo uma identidade própria, de forma que gostamos bastante de conhecê-la.
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A linda Igreja de San Pedro do Atacama |
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Igreja sem pompa alguma |
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Olha este teto no seu interior, ressaltando a beleza da simplicidade |
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O altar da igreja |
Logo ao lado da igreja, há uma praça pública bem agradável, tendo inclusive canteiros com flores, algo que não imaginávamos encontrar por lá. Ficamos um tempo apreciando o lugar, antes de sair à procura de algum restaurante para almoçarmos.
Após o almoço, visitamos as inúmeras lojinhas de souvenir espalhadas pela rua. Se você quiser levar pra casa alguma lembrancinha do deserto, a Caracoles é onde você irá encontrar.
Mas estávamos mesmo era ansiosos para conhecer um pouco do deserto e o Valle de la Luna foi o nosso primeiro passeio pela região, como contamos abaixo:
Como é o passeio pelo Valle de la Luna?
No meio da tarde, seguimos para a frente da agência, onde pegaríamos o tour até a área rochosa conhecida como Valle de la Luna, cujo nome faz referência ao fato do seu relevo lembrar o que imaginamos ser o solo lunar.
No vale, composto não apenas por rocha, mas também por um salar e por algumas dunas, é possível ir parando em algumas atrações específicas que iremos especificar abaixo.
Antes de entrar no vale propriamente dito, é preciso parar em um escritório na entrada para comprar o ticket de acesso, cujo valor de 3000 pesos chilenos não está incluso no valor do tour. Se estiver em carro alugado (é perfeitamente possível visitar o vale por conta própria), basta comprar o ticket no local e seguir pela estrada de terra que atravessa o Valle de la Luna.
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Local onde é vendido o ticket para o Valle de la Luna |
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Chegando ao Valle de la Luna |
Como o local possui uma mina de sal (acredito que desativada), a primeira parada do tour é em um local conhecido como Caverna de Sal. Pelo nome, até parece que você vai entrar em uma grande mina com paredes repletas de sal, mas não é nada disso. Na verdade, você entra numa pequena gruta, cujo teto vai ficando cada vez mais baixo, chegando ao ponto de obrigar todos a andarem sentados ou engatinhando. Na minha opinião, uma grande furada.
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Seguindo para a Caverna de Sal |
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Percebam que as rochas onde ficam as minas tem estas partes esbranquiçadas, que correspondem ao sal. |
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Entrando na estreita gruta |
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Gruta sem futuro esta |
A pequena gruta não tem nada demais (além de não ser recomendada para os claustrofóbicos). Além disso, o guia não avisa que, após sair do outro lado, você será obrigado a escalar um pequeno paredão, que, se para nós, não ofereceu maiores dificuldades, o mesmo não podemos dizer de uma senhora com problemas no joelho que estava no nosso grupo. Ela, com razão, ficou bem brava com o guia, já que este não deu nenhuma informação sobre como seria o passeio.
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O paredão a ser subido na saída da gruta, do outro lado. Voltar por ela não é bem uma opção, já que não vai ter espaço para passar pelo outros turistas que estão no seu interior. |
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Já no alto |
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Vista do alto |
A vista após a subida é até interessante, mas nada que justifique a desnecessária passagem pela gruta. Do alto, vamos descendo até chegar ao mesmo ponto por onde entramos na gruta.
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Voltando para o local de entrada (olha ali as vans que trazem o turista). |
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Descendo |
Minha dica seria: fique esperando do lado de fora da gruta.
Seguimos, então, para uma parada bem mais interessante: a subida a uma das dunas de areia negra (vamos lembrar que a origem do vale é vulcânica). No caminho para subir a duna, o guia vai dando informações sobre a origem do lugar e as rochas encontradas ali. Não precisa nem dizer que é preciso se proteger do sol para fazer este passeio, né?
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Uma das dunas do Vale de la Lunna |
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Subindo a duna |
Do alto da duna, temos uma bela vista do vale. Avistamos outras dunas negras, o vulcão Licancabur, uma parte de solo esbranquiçado devido ao sal e a formação natural conhecida como Antiteatro, uma vez que seu formato lembra as antigas construções romanas.
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O Licancabur visto do alto da duna |
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As dunas do Valle de la Luna |
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Ao lado da duna, vê-se o solo branco lá embaixo, devido ao sal. E mais atrás, o Anfiteatro |
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Quase todo o solo lá embaixo é repleto de sal |
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O Anfiteatro realmente faz jus ao nome |
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Sem dúvida, esta vista é a melhor parte do passeio ao Valle de la Luna |
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Na verdade, é o que faz este passeio valer à pena |
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Mais do Licancabur |
Após um bom tempo lá em cima, com direito a muitas fotos (embora nós tivéssemos ficado mais tempo se não fosse a pressa do guia), descemos de volta para pegar a van rumo à próxima parada: as Três Marias. No caminho, passamos pelo Anfiteatro, mas o guia, infelizmente, não parou.
As Três Marias correspondem a uma formação rochosa que, segundo dizem, parecem mulheres ajoelhadas com as mãos em prece. Na verdade, atualmente, restam apenas duas pois um turista sem noção subiu na terceira e acabou a derrubando. Tanto que, hoje, há um limite em torno delas que o visitante não pode ultrapassar.
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Las Três Marías |
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Técio resolvendo a falta da terceira Maria |
Bem ao lado das Três Marias, há outra formação que alegam se assemelhar à cabeça de um dinossauro. Haja criatividade!!
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Parece a cabeça de um dinossauro para você? |
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As duas formações lado a lado |
De lá, voltamos para a van e retornamos pelo mesmo caminho para deixar o Valle de la Luna. Era hora de seguir para um mirante natural para assistir ao por do sol. O Mirante de Kari é onde fica a famosa Pedra do Coyote, nome dado em referência ao desenho animado Papa Léguas em razão da pedra se assemelhar à que o coyote usava para esperar o Papa Léguas com suas armadilhas.
Conta a história que ele disputou o amor de Quimal com seu irmão Juriques (ambos vulcões da região). Como Quimal preferiu Licancabur, Juriques, enfurecido, a possuiu à força, gerando uma briga entre os dois irmãos, que culminou com Licancabur cortando a cabeça de Juriques (este vulcão, que pode ser visto, na foto acima, atrás do Licancabur, realmente, não tem a "cabeça" de um vulcão típico). Como punição, Lascar, o pai de ambos (e o vulcão mais ativo da região), afastou Quimes de Licancabur, justificando o fato dela não estar ao lado dele.
Adoro estas lendas locais. Elas só dão ainda mais personalidade ao Deserto do Atacama.
O tour finaliza no centro de San Pedro. Hora de procurar um restaurante para jantar!
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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