Como é a trilha até a Laguna Esmeralda em Ushuaia

A beleza da Laguna Esmeralda é o estímulo que faz inúmeros turistas que visitam Ushuaia percorrer a trilha que leva até esta exuberante lagoa de colocação verde-esmeralda. E não há outra forma de conhecê-la (a não ser de helicóptero) que não seja atravessando o bosque que a separa da civilização.

Localizada a cerca de 20 Km do centro de Ushuaia, o turista precisa, primeiro, seguir de carro pela Rota 3 até o início da trilha, que fica na margem esquerda da estrada de quem dirige sentido ao norte. A trilha tem, ao todo, 9 Km, considerando ida e volta.

Portanto não é uma trilha simples, considerando a sua extensão, embora seja quase toda plana. Digo quase, pois há um trecho que envolve uma subida em meio ao bosque. Além disso, pode haver trechos completamente enlameados no trajeto, especialmente, se tiver chovido recentemente na região.

A Laguna Esmeralda

Eu classificaria a trilha como moderada. É preciso, então, ter um certo preparo físico para fazê-la. No entanto, nenhum de nós tem um bom condicionamento físico e conseguimos realizá-la mesmo assim. Embora tenhamos demorado quase uma hora a mais do que o previsto e terminado a trilha exaustos (e com dor no corpo).

Entre os cuidados para fazer a trilha, destacamos: vá agasalhado mesmo no verão; e leve água e comida (não há onde comprar nada disso por lá). E como serão, no mínimo, 3 horas de caminhada, é bom ir bem abastecido.

Para chegar até o início da trilha, contratamos os serviços oferecidos pelos anfitriões que nos hospedaram em sua cabana. O valor oferecido por eles saiu bem mais barato do que qualquer tour ou mesmo táxi. Você pode, no entanto, ir dirigindo, caso esteja com carro (há um pequeno estacionamento de terra no início da trilha) ou contratar algum passeio turístico saindo de Ushuaia (que pode, inclusive, fornecer um guia para levar o grupo pela trilha).

Seguindo pela Rota 3 até a trilha da Laguna Esmeralda. O caminho é bem bonito e todo ladeado por montanhas

Pequeno estacionamento no início da trilha

Outra forma de seguir para lá (seria a que lançaríamos mão inicialmente) é pegar uma das vans turísticas da cidade que partem do centro rumo ao início da trilha. Elas cobram 350 pesos por passageiro (ida e volta) e saem da esquina da Av. Maipu com a rua Juana Fadul a cada hora, entre as 9 e as 16 horas. O retorno ocorre às 15h, 17h e 20 horas. 

Recomendo, no entanto, que confirmem sempre estes horários no Centro de Informação Turística de Ushuaia. 

E, se você está se perguntando se é possível fazer a trilha sem guia, é sim. Foi assim que a fizemos, uma vez que ela é toda demarcada por placas azuis dispostas nas árvores. Basta segui-las que não tem erro (ou melhor, nós nos perdemos rapidamente, como explicaremos abaixo, mas logo reencontramos o caminho correto).

Placas azuis indicando o trajeto

Nem todas as placas têm setas

Mas vamos ao passo a passo da trilha:

Começamos na margem da Rota 3, seguindo em meio a um bosque de árvores com troncos finos, típicas da região. Naquele momento, estávamos bem empolgados e descansados, bastante ansiosos com o que encontraríamos no caminho. Lembrando que não se paga nada para acessar a trilha.

Placa indicando o início da trilha até a Laguna Esmeralda

O primeiro bosque atravessado pela trilha

À medida que adentrávamos o bosque, percebíamos que as árvores iam ficando mais escassas, chegando a uma parte em que muitas delas encontravam-se derrubadas. Trabalho dos castores que se multiplicaram na Terra do Fogo. 

Na verdade, estes animais não são originais da Patagônia, mas o ser humano, que sempre arruma um jeito de ter péssimas ideias envolvendo a natureza, resolveu levar castores para a região. Resultado: não sendo adaptados àquele meio, eles se tornaram uma praga, destruindo bosques e construindo diques e se tornando um problema para o meio ambiente. E, assim, é comum encontrar, na região, as chamadas "Castoneras", que se tornaram, inclusive, uma "atração" para os visitantes.

Segue a trilha

Neste ponto, muitas árvores derrubadas pelos castores

Continuamos a trilha, agora com vista para as montanhas ao redor

E fomos encontrando mais e mais efeitos da ação dos castores

E o tempo todo parávamos para fotografar, o que só atrasou nosso passo (mas não estávamos ali para passar por tudo correndo, né?)

Encontrando o primeiro córrego da trilha

O bosque, então, já com menos árvores, possibilitando a vista das montanhas ao redor, segue até uma área aberta, do outro lado da qual vemos um outro bosque. Esta área aberta possui uma vegetação rasteira típica da patagônia, sobre a qual foi disposto um caminho de madeira por onde os turistas devem seguir.

Chegando a uma área de vegetação rasteira. O bosque do outro lado é onde devemos entrar para continuar a trilha

Devemos seguir por este caminho de madeira

Ali também há um belo riacho e, se você seguir o caminho da esquerda após a bifurcação do trajeto de madeira, você encontrará um dique construído pelos castores. Vale à pena fazer este desvio para se maravilhar com a engenharia daqueles animais. 

O caminho de madeira bifurca. Indo pela esquerda (que até parece o trajeto natural), você vai até o dique dos castores. Indo pela direita você continua pela trilha até a Laguna Esmeralda

Fomos pela esquerda e chegamos próximos ao riacho

Continuando pelo caminho, você vai chegando próximo ao dique construído pelos castores

O dique dos castores

A represa vista de mais perto

Tentamos ver algum castor, mas não tivemos sorte

No entanto, vale lembrar que para seguir corretamente pela trilha, você deve seguir à direita após a bifurcação. Então, vá até o dique e depois retorne. Nós não sabíamos disso. E nem havia como saber, pois naquele trecho, esqueceram de colocar sinalização. Desta forma, seguimos pelo caminho errado, atrapalhados por uma sinalização azul que, depois percebemos, era claramente antiga e, como tudo foi ficando confuso, percebemos o erro e voltamos antes de nos perder mais ainda (outros turistas estavam cometendo o mesmo erro que nós).

Retornando ao caminho correto. Eles precisam sinalizar melhor esta parte, pois é comum ver os turistas pegando o caminho errado. Com este erro, perdemos uns 15 minutos.

Uma vez de volta ao caminho correto, entramos no segundo bosque. Aqui começou a parte mais difícil da trilha, pois envolveu tanto lama quanto a primeira subida do trajeto. Foi impossível não sujar nossos calçados. Havia até lido que o ideal era fazer a trilha de botas, mas não vimos tal necessidade para a quantidade de lama que encontramos.

Começando a encontrar lama no segundo bosque. A pessoa vai tentando se equilibrar nestes troncos para não pisar na lama, mas não é tão fácil.

Felizmente,  não havia lama na maior parte do bosque

Após a subida em meio às árvores, começamos uma descida e, enfim, deixamos o bosque. Acreditávamos que, naquele momento, chegaríamos ao final da trilha. Ledo engano. Estávamos já bem cansados, mas saímos em outra área aberta bem maior do que a anterior e percebemos que ainda havia muito o que andar.

Saímos do bosque e nada da trilha acabar.

Neste trecho, havia áreas com muita lama e, em alguns momentos, era preciso se equilibrar em uma fino tronco disposto sobre o lamaçal. 

Atravessando a ponte improvisada

E seguindo em frente. A trilha parecia não ter fim.

Pausa para fotografar a beleza em volta, claro!

Seguindo em frente, chegamos às margens de um riacho e fomos acompanhando as suas margens até chegar a um paredão que, enfim, nos separava da Laguna Esmeralda.

Encontrando um riacho

E seguindo por suas margens

Enfim chegamos a este paredão que separa a nossa vista da Laguna Esmeralda

Subimos o paredão e, finalmente, tivemos o pagamento pela longa caminhada: a beleza da Laguna Esmeralda diante dos nossos olhos. 

Enfim, a recompensa

Neste momento percebemos que iríamos nos atrasar e não estaríamos de volta ao início da trilha no horário em que havíamos combinado com nosso anfitrião. Mas paciência: não andamos aquilo tudo para chegar ali e já ter que voltar correndo. Ficamos, então, sentados apreciando a beleza da lagoa emoldurada pela montanha, enquanto fazíamos um lanche.

Há uma pequena faixa de areia em volta da lagoa, onde muitos turistas ficam sentados

Muitos turistas também dão a volta em toda a circunferência da lagoa. preferimos ficar sentados apreciando, pois estávamos exaustos.

Mas também nos aproximamos da margem

Para apreciar sua beleza mais de perto

Confesso que queríamos ter ficado mais tempo por lá, mas tínhamos que retornar

O lugar era incrivelmente belo, mas pensar no caminho de volta era desanimador. E não há outra forma de sair de lá que não seja fazendo todo o trajeto no sentido inverso. Chegamos ao final, exaustos e atrasados. Em geral, as pessoas fazem a trilha em 3 horas. Nós fizemos em quatro. O coitado do anfitrião estava lá nos esperando a uma hora.

Nossa amiga acabou perdendo uma unha do dedão. A minha unha, por sorte, ficou apenas roxa. E o joelho de Técio terminou dolorido. Mesmo assim, os 9 Km percorridos valeram à pena!!

E como valeram!!!

OBS:

1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio