Localizado no sudoeste da maior ilha da Terra do Fogo, fazendo fronteira com o Chile e a 10 Km de Ushuaia, está o Parque Nacional Tierra del Fuego, a reserva ecológica mais austral do planeta, banhada pelo Canal de Beagle e repleta de bosques, lagoas e trilhas em meio à natureza.
Com paisagens belíssimas, não é à toa que se tornou uma das atrações turísticas mais populares entre aqueles que visitam Ushuaia. No parque, é possível visitar mirantes, fazer trilhas de diferentes níveis de dificuldade, andar no famoso Trem do Fim do Mundo e ainda ter seu passaporte carimbado.
Parque Nacional Tierra del Fuego |
Como a parte da reserva destinada à visitação é grande, recomenda-se reservar um dia inteiro para visitá-lo. Mas se você quiser fazer todas as trilhas (ou a maioria), vai ter que passar uns 3 dias por lá (há, inclusive, a opção de acampar no parque).
Nós não somos muito chegados à trilha, de forma que escolhemos apenas uma para fazer. Foi cansativa, mas valeu demais à pena.
No entanto, antes de escolher o que fazer por lá, você precisa saber como chegar ao parque. Então, daremos abaixo algumas dicas práticas para ajudar na sua programação.
Como chegar ao Parque Nacional Tierra del Fuego?
Se você estiver de carro, basta pegar a famosa Rota 3 argentina até o seu final, uma vez que é no parque nacional que ela termina, em uma área da reserva conhecida como Bahia Lapataia.
A placa que indica o final da Rota 3, na Bahia Lapataia |
Outra opção é contratar algum tour guiado entre as diversas agências de Ushuaia. A desvantagem é que você terá que seguir um roteiro pré-definido (embora isso seja uma vantagem para muitas pessoas) e irá pagar mais caro.
Mas se você não quiser ir de excursão nem tiver carro alugado, não se preocupe. Há outras formas de seguir até o parque: táxi ou vans turísticas. A desvantagem destas últimas é ficar dependente da hora em que eles partem de Ushuaia para o parque e da hora que eles saem do parque de volta à cidade
As vans turísticas partem da esquina da Av Maipu com a rua Juana Fadul a cada hora entre as 9 e as 17 horas. E retornam do parque a cada hora entre as 12 e as 19 horas. O valor da viagem ida e volta é de 500 pesos argentinos. Para informações atualizadas sobre os horários e valores das vans, você pode visitar o Centro de Informações Turísticas de Ushuaia.
No nosso caso, acabamos não usando nenhuma das opções anteriores, já que os anfitriões da cabana onde nos hospedamos ofereceu nos levar por um valor mais baixo do que o cobrado pelas vans turísticas, com a vantagem de parar, antes, na Estação do Fim do Mundo (sobre a qual falamos abaixo) e de ainda nos levar de carro para alguns locais dentro do parque.
Quando custa a entrada do Parque Nacional Tierra del Fuego?
Para ter acesso ao parque, você terá que passar pela portaria do mesmo, onde é cobrado o valor atual de 420 pesos argentinos por pessoa (cartão de crédito ou débito é aceito).
Mas se você estiver por lá durante o inverno, há um período em que o acesso ao parque é gratuito: de 1 de maio a 30 de setembro. E tinha que ser de graça mesmo, já que, nesta época, a grande maioria das trilhas do parque estão com o acesso fechado.
Onde pegar o Trem do Fim do Mundo?
Uma forma de percorrer uma parte da reserva natural sem se cansar é pegando o trem estilo Maria Fumaça, cujos trilham adentram o parque, permitindo que o turista aprecie a paisagem da janela enquanto ouve informações sobre a história do lugar. História esta relacionada aos prisioneiros que viviam no presídio em Ushuaia e seguiam de trem até o parque para trabalhar.
Após a desativação do presídio, o trem se tornou atração turística, sendo, atualmente, um dos principais símbolos da Terra do Fogo. Embora só percorra os 7 Km finais da rota percorrida pelos prisioneiros.
Ao contrário do que se possa pensar, no entanto, a estação onde se pega o trem fica antes da portaria do parque, na chamada Estação do Fim do Mundo, que pode ser vista à direita da Rota 3 por quem segue em direção à reserva natural.
Há também vans turísticas seguindo para a estação e saindo do centro de Ushuaia no mesmo local citado acima, mas em horários mais restritos: às 9h, 11h e 14h. O retorno ocorre às 12h, 14h e 17h. O custo do trajeto ida e volta é de 300 pesos argentinos.
O valor do passeio no trem (que costuma demorar 1:40h ida e volta) era de 850 pesos na época da nossa visita, mas, no momento em que escrevo este post, está por 950 pesos. Achamos caríssimo e optamos por não realizá-lo. Inclusive, há ainda a opção de ir de primeira classe pagando 1700 pesos com direito a um lanche (quando fomos, estava por 1200 pesos). Você pode checar valores atualizados aqui.
O trem funciona todos os dias do ano, havendo três saídas ao dia: 9:30h, 12h e 15h (de 01 de setembro a 30 de abril); e 10h, 12:30h e 15h (de 01 de maio a 31 de agosto).
Plataformas de embarque da estação |
Se quiser, pode fazer apenas o trajeto de ida, descendo na Estação do Parque Nacional e não retornando até a Estação do Fim do Mundo. O mapa abaixo (retirado do site oficial do Trem do Fim do Mundo) mostra o trajeto exato do trem entre as duas estações. Repare que há ainda uma estação entre as duas: a Estação Cascata de la Macarena, onde é feita uma pequena pausa para os passageiros seguirem até um mirante com vista para o Vale do Rio Pipo.
Trajeto do Trem do Fim do Mundo (acessado em: www. trendelfindelmundo.com.ar) |
Já li relatos de que o passeio, mesmo caro, valia á pena. Mas também já li o contrário, de pessoas que não curtiram tanto e que não fariam de novo. Então, vai de cada um. Se fosse mais barato até que teríamos feito. Mas, por este valor, sem chance.
A estação em si funciona como uma espécie de museu do trem, contando um pouco da sua história. Há também uma loja de souvenir no local.
Além de andar no Trem do Fim do Mundo, como explicado acima, há muitas outras atividades no interior do parque:
01. Visitar o Mirante da Bahia Lapataia (aqui fica a placa que sinaliza o final da Rota 3).
02. Visitar o Lago Roca
03. Visitar a Laguna Negra
04. Visitar a Ensenada Zaratiegui: é aqui onde se pode carimbar o passaporte. Chegando à Ensenada, basta seguir até a construção mostrada na foto abaixo, onde, por 3 dólares, um senhor irá carimbar uma das páginas do seu passaporte, marcando sua passagem pelo Fim do Mundo.
05. Visitar uma castorera, local de habitação dos castores que formam diques utilizando árvores que eles mesmo derrubam (alguém teve a péssima ideia de levar 25 casais de castores para a região, que se proliferaram pela ausência de predadores naturais, se tornando uma praga e uma ameaça para o meio ambiente).
06. E, claro, fazer uma das muitas trilhas do parque. Inclusive, muitas das atrações citadas acima encontram-se no meio, no início ou no final de algumas destas trilhas.
E já que estamos falando em trilhas, vamos citar as principais do Parque Nacional Tierra del Fuego. Há 4 trilhas principais maiores (com mais de 3 Km de extensão) e 6 menores (com, no máximo, 2 Km).
As 4 maiores (cada uma recebe uma numeração específica) são mostradas no mapa e especificadas abaixo:
Trilha 1 (Senda Pampa Alta): com 4,9 Km de extensão (em um único sentido), parte da Ensenada Zaratiegui (assim como a Senda Costera) e vai até um mirante com vista panorâmica para o Canal de Beagle (que banha o parque) e o Vale do Rio Pipo. Pode também ter início na Rota 3, reduzindo, assim, a sua distância para 3,7 Km.
Trilha 2 (Senda Costera): a mais extensa de todas e considerada, por muitos, a mais bonita, já que vai margeando a bela Bahia Lapataia. São 8 Km só de ida. Portanto, em geral, é feita em apenas uma direção, indo da Ensenada Zaratiegui até o ponto da Rota 3 que encontra o Rio Lapataia (ou vice-versa). Deste último ponto, você pode seguir até as margens do Lago Roca ou até o Mirante da Bahia Lapataia. Foi a trilha que escolhemos fazer.
Trilha 3 (Senda Hito XXIV): percorre uma das margens do belo Lago Roca, indo até a divisa da Argentina com o Chile, após 3,5 Km de caminhada.
Trilha 4 (Senda Cerro Guanaco): envolve uma subida de 4 Km até o topo do Cerro Guanaco. E, portanto, é considerada a trilha mais exaustiva e de maior dificuldade. Parte do início da Senda Hito XXIV, de forma que é preciso iniciar esta última para poder começar a subir o cerro.
As outras 6 trilhas menores se localizam em torno do Rio Lapataia e são:
A. Paseo de la Isla: com 600 metros, margeia o Rio Lapataia.
B. Laguna Negra: leva até esta laguna, após 950 metros de caminhada, e permite a visita a uma área de vegetação típica patagônica: a turbera.
C. Mirador Lapataia: tem 1 Km de extensão e leva até o Mirador Lapataia.
D. De Turbal: permite a vista de mais turberas e tem 2 Km.
E. Castonera: com 400 metros, permite a vista de uma castorera ativa. Conecta-se com a trilha anterior.
F. Senda de la Baliza: tem 1,5 Km e também leva a uma castorera ativa.
Obviamente, se você não é um adepto a trilhas (nós não somos, mas resolvemos nos arriscar e não nos arrependemos nem um pouco), pode estar pensando: e não é possível conhecer nada por lá de carro?
É sim! Você pode seguir de carro pela Rota 3, após passar pela portaria, até as margens do Rio Lapataia, para apreciá-lo, até o Lago Roca e até o Mirador da Bahia Lapataia. Mas, claro que, neste caso, seu tempo de passeio pelo parque será menor. Recomendo que, caso seja este seu caso, inclua o passeio no Trem do Fim do Mundo, para aumentar sua perspectiva sobre a reserva natural.
Há sim. Nas margens do Rio Lapataia, entre o final da Senda Costera (ou início dependendo da perspectiva) e o início da Senda Hito XXIV, há um Centro de Visitantes, conhecido como Alakush, que dispõe de um restaurante/cafeteria, além de banheiros. Mas fica a dica: a partir das 16 horas não há mais almoço, apenas lanche.
De qualquer modo, recomenda-se que você vá bem abastecido de água e comida, especialmente, se for fazer alguma trilha. Nós, simplesmente, esquecemos da comida e passamos mais de 4 horas de trilha com apenas um pouco de chocolate, que encontramos em nossa mochila, para três pessoas.
Acabamos a trilha quase passando mal de fome. E, ao chegar no Alakush, quase caímos no choro quando soubemos que não havia mais almoço após as 16 horas. O jeito foi comer os salgados que sobraram no balcão.
Pelo menos da água, não esquecemos.
Mas contamos mais da nossa experiência no parque e durante a Senda Costera em outro post, pois este já ficou grande demais.
Por fim, alguns cuidados durante a sua visita ao parque:
1. Durante as trilhas, não saia da rota sinalizada.
2. Se estiver dirigindo pelo parque, não ultrapasse os 40 Km/h.
3. Leve uma sacola para colocar seu lixo (é o básico, né?).
4. Use calçados confortáveis para longas caminhadas e se agasalhe bem, mesmo no verão.
5. Não é permitida a entrada nas trilhas com bicicletas.
Interior da Estação do Fim do Mnndo |
O local funciona como um museu do trem |
Objetos relacionados à história do trem em exposição |
Área externa da estação |
Não andamos no trem, mas garantimos uma foto com ele |
O que fazer no Parque Nacional Tierra del Fuego?
Além de andar no Trem do Fim do Mundo, como explicado acima, há muitas outras atividades no interior do parque:
01. Visitar o Mirante da Bahia Lapataia (aqui fica a placa que sinaliza o final da Rota 3).
Mirador da Bahia Lapataia |
02. Visitar o Lago Roca
Lago Roca |
03. Visitar a Laguna Negra
04. Visitar a Ensenada Zaratiegui: é aqui onde se pode carimbar o passaporte. Chegando à Ensenada, basta seguir até a construção mostrada na foto abaixo, onde, por 3 dólares, um senhor irá carimbar uma das páginas do seu passaporte, marcando sua passagem pelo Fim do Mundo.
Aqui é onde se carimba o passaporte, na Ensenada Zratiegui |
O carimbo do Fim do Mundo no passaporte. O carimbo é acompanhado de um selo |
05. Visitar uma castorera, local de habitação dos castores que formam diques utilizando árvores que eles mesmo derrubam (alguém teve a péssima ideia de levar 25 casais de castores para a região, que se proliferaram pela ausência de predadores naturais, se tornando uma praga e uma ameaça para o meio ambiente).
06. E, claro, fazer uma das muitas trilhas do parque. Inclusive, muitas das atrações citadas acima encontram-se no meio, no início ou no final de algumas destas trilhas.
E já que estamos falando em trilhas, vamos citar as principais do Parque Nacional Tierra del Fuego. Há 4 trilhas principais maiores (com mais de 3 Km de extensão) e 6 menores (com, no máximo, 2 Km).
As 4 maiores (cada uma recebe uma numeração específica) são mostradas no mapa e especificadas abaixo:
Mapa do Parque Nacional Tierra del Fuego, mostrando as 4 principais trilhas da reserva. É também possível ver o trajeto da Rota 3 dentro do parque. |
Trilha 1 (Senda Pampa Alta): com 4,9 Km de extensão (em um único sentido), parte da Ensenada Zaratiegui (assim como a Senda Costera) e vai até um mirante com vista panorâmica para o Canal de Beagle (que banha o parque) e o Vale do Rio Pipo. Pode também ter início na Rota 3, reduzindo, assim, a sua distância para 3,7 Km.
Trilha 2 (Senda Costera): a mais extensa de todas e considerada, por muitos, a mais bonita, já que vai margeando a bela Bahia Lapataia. São 8 Km só de ida. Portanto, em geral, é feita em apenas uma direção, indo da Ensenada Zaratiegui até o ponto da Rota 3 que encontra o Rio Lapataia (ou vice-versa). Deste último ponto, você pode seguir até as margens do Lago Roca ou até o Mirante da Bahia Lapataia. Foi a trilha que escolhemos fazer.
Senda Costera, a maior trilha do parque Nacional Tierra del Fuego, que segue por dentro do bosque às margens da Bahia Lapataia |
Trilha 3 (Senda Hito XXIV): percorre uma das margens do belo Lago Roca, indo até a divisa da Argentina com o Chile, após 3,5 Km de caminhada.
Trilha 4 (Senda Cerro Guanaco): envolve uma subida de 4 Km até o topo do Cerro Guanaco. E, portanto, é considerada a trilha mais exaustiva e de maior dificuldade. Parte do início da Senda Hito XXIV, de forma que é preciso iniciar esta última para poder começar a subir o cerro.
As outras 6 trilhas menores se localizam em torno do Rio Lapataia e são:
A. Paseo de la Isla: com 600 metros, margeia o Rio Lapataia.
B. Laguna Negra: leva até esta laguna, após 950 metros de caminhada, e permite a visita a uma área de vegetação típica patagônica: a turbera.
C. Mirador Lapataia: tem 1 Km de extensão e leva até o Mirador Lapataia.
D. De Turbal: permite a vista de mais turberas e tem 2 Km.
E. Castonera: com 400 metros, permite a vista de uma castorera ativa. Conecta-se com a trilha anterior.
F. Senda de la Baliza: tem 1,5 Km e também leva a uma castorera ativa.
Obviamente, se você não é um adepto a trilhas (nós não somos, mas resolvemos nos arriscar e não nos arrependemos nem um pouco), pode estar pensando: e não é possível conhecer nada por lá de carro?
É sim! Você pode seguir de carro pela Rota 3, após passar pela portaria, até as margens do Rio Lapataia, para apreciá-lo, até o Lago Roca e até o Mirador da Bahia Lapataia. Mas, claro que, neste caso, seu tempo de passeio pelo parque será menor. Recomendo que, caso seja este seu caso, inclua o passeio no Trem do Fim do Mundo, para aumentar sua perspectiva sobre a reserva natural.
Há onde comer no Parque Nacional Tierra del Fuego?
A imagem mostra, circulado em vermelho, o local do Centro de Visitantes Alakush. Perceba que ele está nas margens do Rio Lapataia, logo após o fim da trilha 2. |
Centro de Visitantes Alakush |
Vista do Rio Lapataia no Centro de Visitantes Alakush |
De qualquer modo, recomenda-se que você vá bem abastecido de água e comida, especialmente, se for fazer alguma trilha. Nós, simplesmente, esquecemos da comida e passamos mais de 4 horas de trilha com apenas um pouco de chocolate, que encontramos em nossa mochila, para três pessoas.
Acabamos a trilha quase passando mal de fome. E, ao chegar no Alakush, quase caímos no choro quando soubemos que não havia mais almoço após as 16 horas. O jeito foi comer os salgados que sobraram no balcão.
Pelo menos da água, não esquecemos.
Mas contamos mais da nossa experiência no parque e durante a Senda Costera em outro post, pois este já ficou grande demais.
Por fim, alguns cuidados durante a sua visita ao parque:
1. Durante as trilhas, não saia da rota sinalizada.
2. Se estiver dirigindo pelo parque, não ultrapasse os 40 Km/h.
3. Leve uma sacola para colocar seu lixo (é o básico, né?).
4. Use calçados confortáveis para longas caminhadas e se agasalhe bem, mesmo no verão.
5. Não é permitida a entrada nas trilhas com bicicletas.
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirMuito obrigado! :)
ExcluirParabéns, ótimos textos! estão sendo super úteis no meu projeto para Ushuaia.
ResponderExcluirQue bom que meus relatos estão ajudando! Fico feliz :)
ExcluirMelhor post que li sobre o parque. Obrigada por compartilhar.
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