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domingo, 26 de agosto de 2018

Passeio de barco pelo Canal de Beagle

O Canal de Beagle, na verdade, é um estreito localizado no extremo sul do continente americano que liga os Oceanos Atlântico e Pacífico e que separa a maior ilha da Terra do Fogo (aquela onde se encontra Ushuaia) de várias outras pequenas ilhas do arquipélago. E, ao contrário do que se possa imaginar, a maior parte do canal pertence ao Chile.

O nome do estreito é uma homenagem ao navio britânico HMS Beagle que fez duas expedições pelo canal no século XIX, levando à bordo, na segunda delas, ninguém menos do que Charles Darwin.

Passeio de barco pelo Canal de Beagle

E fazer um passeio de barco pelas mesmas águas que Darwin navegou é um dos tours mais populares entre os turistas que visitam Ushuaia. Os barcos saem da marina na orla da cidade, próximo ao Centro de Informações Turísticas e vai percorrendo o estreito rumo às pequenas ilhas de interesse histórico e natural: a ilha dos cormorões (Isla de los Pajaros); a ilha do Farol Les Eclaireurs; a ilha dos leões marinhos (Isla de los Lobos); e a Isla Martillo (Piguinera), onde é possível avistar uma colônia de pinguins.


Porto turístico de onde saem os barcos que fazem o passeio pelo Canal de Beagle

Além disso, o barco passa por um pequeno povoado chileno, denominado Porto Williams, que está mais ao sul do que a própria Ushuaia, de forma que o título de local povoado mais próximo à Antártida pertence, na verdade, a ele. No entanto, como não é considerado uma cidade, Ushuaia permanece sendo a cidade mais ao sul do planeta.

E para você programar seu tour, é importante saber que há dois tipos de passeio de barco pelo Canal de Beagle:

1. O curto, conhecido como Navegación Isla de los Lobos, que inclui a visita até as ilhas do farol, dos cormorões e dos leões marinhos. Dura cerca de 3 horas e costuma ocorrer durante todo o ano. Não passa por Porto Williams.

2. O longo, conhecido como Navegación Isla de los Lobos y Pinguinera, que adiciona às visitas anteriores, a ida até a Isla Martillo, para ver os pinguins a partir do barco. Dura cerca de 6 horas e não costuma ocorrer entre maio e setembro.

Os dois tipos de passeio costumam sair do porto turístico de Ushuaia em dois horários durante o dia: às 9 horas e às 15 horas. 

Há ainda uma terceira opção, em que o turista inclui à navegação uma caminhada ao lado dos pinguins na Isla Martillo. Neste caso, a duração do tour sobe para 8 horas e inclui também a visita à Estância Harberton. Apenas a empresa Piratour é autorizada para fazer esta caminhada pela Pinguinera.

E, se você quiser fazer esta caminhada com os pinguins, deve se programar e reservar com antecedência, já que há um limite diário de apenas 2 grupos de 20 pessoas cada, com o objetivo de não perturbar o sossego das aves.

Já as navegações de barco são oferecidas pelas diversas agências turísticas da cidade, podendo ser agendadas nos seus escritórios ou, de forma até mais prática, nos quiosques das agências que se localizam na orla de Ushuaia, próximo ao Centro de Informações Turísticas e em torno da famosa Placa do Fim do Mundo, como já expliquei em outro post.

Os quiosques de diferentes agências na orla de Ushuaia, onde podem ser agendados os passeios pelo Canal de Beagle

O mapa mostra, circulado, o local onde ficam os quiosques e a seta vermelha indica o Posto Turístico de Ushuaia

Nós escolhemos a agência Rumbo Sur, seguindo recomendações que lemos na internet, e não tivemos nenhum problema com ela. Fizemos a reserva no dia anterior no seu quiosque e optamos pelo passeio mais longo, já que queríamos ver os pinguins do barco. O pagamento é realizado na hora da reserva e nos custou 1300 pesos argentinos por pessoa. Mas como o valor pode variar, melhor checar, no site oficial da agência, o valor atualizado. 

Já com o voucher em mãos, seguimos, com 20 minutos de antecedência do horário previsto para a saída do barco até o quiosque onde havíamos feito a reserva. Lá é feita a entrega da passagem e o turista é levado para a fila do porto ali perto. Vale ressaltar que, neste momento, o passageiro terá que pagar 20 pesos da taxa portuária, não inclusa no valor do passeio.

Seguindo para o embarque


O barco


No interior do barco

Uma vez no barco, procure um bom lugar na parte de dentro (dificilmente, você conseguirá aguentar o frio e o vento do lado de fora). O nosso barco possuía assentos em volta de mesas e tinha uma lanchonete que, embora cara, foi a nossa salvação, já que a navegação iria demorar 6 horas. Preferimos nos acomodar no primeiro andar, mas, na parte de baixo, havia mais espaço.

Durante a partida da embarcação, ainda ficamos um pouco do lado de fora vendo a cidade de Ushuaia se distanciando de nós, mas logo entramos pois é bem difícil aguentar o vento enquanto o barco de desloca.

E Ushuaia vai se distanciando


E dando uma melhor ideia de como a cidade é pequena em meio às montanhas da Terra do Fogo


Acho que ainda consegui aguentar bastante o frio do lado de fora


De dentro do barco, olhando pelas janelas de vidro, percebemos a aproximação com a primeira ilha inclusa no roteiro:  a Isla de los Pajaros. Neste momento, todos saíram para o deck do barco para apreciar as aves que vivem na ilhota, com destaque para os cormorões (além de patos), pássaros que, de longe, lembram pinguins. No entanto, não há pinguins nesta ilha.

Chegando à Isla de los Pajaros


De longe, os cormorões lembram pinguins


Nesta ilhota, quem manda são os pássaros


Isla de los Pajaros

Como o espaço é pequeno, todos se espremem para tirar fotos. O ideal é todos revesarem os lugares. Olhar, fotografar e, então, ceder o lugar a outro turistas. Todos estão ali para ver o mesmo que você. O bom é que o barqueiro, em determinado momento, muda o lado da embarcação voltado para a ilha, com objetivo de facilitar a visibilidade de todos.

Momento em que o barco faz a manobra, mudando o lado voltado para a ilhota e modificando a nossa perspectiva


Logo depois, o barco chega à Isla de los Lobos. Embora a gente conheça estes mamíferos que vivem em águas geladas como leões marinhos, os argentinos os chamam de lobos marinhos. E eles são muitos, se aglomerando na ilhota em que fixaram residência na Terra do Fogo.

Chegando à Isla de los Lobos


Os simpáticos leões marinhos dividem a sua residência com mais pássaros


Isla de los Lobos




Vendo os leões marinhos de mais perto

Bem perto da Isla de los Lobos, está a ilhota que abriga um dos principais cartões postais de Ushuaia: o Farol Les Eclaireurs. Construído em 1920, o farol está em funcionamento até hoje, mas é controlado remotamente e só é possível vê-lo a partir do barco, não sendo aberto à visitação.

Seguindo até o Farol de Les Eclaireurs


O Farol Les Eclaireurs

Tinha que ser controlado de longe mesmo. Quem iria querer habitar este rochedo?


Já se afastando do farol


Farol de Les Eclaireurs

Após a passagem pelo farol, temos mais uma hora e meia de viagem, em média, até chegar à Isla Martillo para ver os pinguins e sem muita coisa para se ver no trajeto, exceto por Porto Williams que aparece à direita no nosso campo de visão. 

E lá está Porto Williams, já em terras chilenas

Ao chegar à Pinguinera, todos os passageiros correm para fora do barco que se aproxima bastante da praia, onde a colônia de pinguins vive tranquilamente longe da civilização. Na verdade, as aves só migram para a Isla Martillo durante o verão. Quando começa a esfriar, após o mês de maio, elas começam a deixar a região.

Chegando à Isla Martillo, residência dos pinguin

E há duas espécies de pinguins na colônia: o pinguim-de-magalhães e o pinguim-rei. E as duas podem ser vistas caminhando pela ilha.

A colônia é repleta de pinguins de duas espécies: de magalhães e pinguim-rei

O barco passa uns 15 minutos parado de frente para a ilha, dando tempo de sobre para todos os passageiros apreciarem as simpáticas aves. Foi a segunda vez que vimos pinguins de tão perto e foi tão emocionante quanto (já havíamos conhecido os pinguins africanos na Boulders Beach, praia nos arredores de Cape Town). 

Lindos demais


E souberam escolher muito bem seu local de veraneio






Avistamos um grupo fazendo a caminhada pela Pinguinera. Os turistas se aproximam bastante dos pinguins. 

Terminada a visita aos pinguins, começa a parte mais monótona do passeio: 3 horas de retorno, sem mais nada de novidade para ver. Só nos restava curtir o tédio do barco enquanto aproveitávamos para descansar da trilha até a Laguna Esmeralda que havíamos feito na primeira parte daquele dia. 

Retornando para Ushuaia

Aproveitamos para comprar algo para comer na lanchonete do barco (levar seu próprio lanche sai mais barato) e, em certo momento, a tripulação começou uma brincadeira de perguntas e respostas com os passageiros na tentativa de fazer o tempo passar. Eles faziam perguntas relacionadas às informações passadas pelo guia durante o passeio. O grupo campeão ganhava um prêmio simbólico (confesso não lembrar qual foi o prêmio). Infelizmente, perdemos. Nós nunca conseguimos prestar muita atenção nos guias mesmo!!

Chegamos de volta ao porto às 21 horas, já exaustos de um dia cheio, mas repleto de beleza natural. Era hora de jantar no centro da cidade e pegar um táxi até a cabana onde estávamos alojados. 




OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.


2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio




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