Visitando o Parque Nacional Los Glaciares

Localizado na Patagônia, a cerca de 80 Km da cidade argentina de El Calafate, está a região que abriga os maiores glaciares do mundo fora do continente gelado: o Parque Nacional Los Glaciares. Suas enormes geleiras, localizam-se em torno do Lago Argentino, sendo o Glaciar Perito Moreno a mais famosa delas.

Desta forma, a maior parte da estrutura turística do parque está montada em torno do Perito Moreno, o glaciar mais próximo a El Calafate. Há passarelas de observação, restaurante com vista para a geleira, estacionamento e trekkings organizados para se caminhar pelo glaciar.

O famoso Perito Moreno, principal atração do Parque Nacional Los Glaciares

No entanto, há outros glaciares no parque, mais ao norte do Perito Moreno, como o Upsala e o Spegazzini, que podem ser vistos a partir de um passeio de barco conhecido como Ríos de Hielo Express (é possível reservá-lo nas agências localizadas na cidade). Entre as geleiras maiores, o Viedma é o que se localiza mais ao norte e mais distante de El Calafate, estando já próximo da cidade de El Chaltén, a partir de onde ele é mais facilmente conhecido.

Mas será o Perito Moreno o foco maior deste post, já que foi o glaciar que conhecemos na nossa visita ao Parque Nacional Los Glaciares.

Como chegar ao Parque Nacional Los Glaciares

Se você estiver de carro na cidade de El Calafate, basta pegar a Rota 11, estrada que vai te levar até a entrada do parque.  Até esta entrada, serão cerca de 50 Km, seguindo-se o restante da estrada até o seu final, no ponto de observação do Perito Moreno. 

Mapa mostrando o caminho entre El Calafate e o Parque Nacional Los Glaciares. A seta azul mostra o Glaciar Perito Moreno

Nossa única preocupação ao longo da Rota 11, foi a quantidade enorme de lebres que atravessam a estrada a todo o momento, correndo o risco de serem atropeladas (vimos muitas mortas no caminho). E, por isso, dirigimos com todo o cuidado. Afinal, aquele ali é o habitat delas e foi o ser humano que resolveu construir uma estrada bem ali no meio. Portanto, recomendamos dirigir com cuidado.

A Rota 11 vai margeando o Lago Argentino na saída de El Calafate

Pela Rota 11, rumo ao Parque Nacional Los Glaciares

Chegando à entrada do Parque Nacional Los Glaciares

Após a entrada do parque, você pode dirigir mais tranquilamente, embora haja muitas curvas no caminho até o estacionamento próximo às passarelas de observação.

Caso esteja sem carro, você pode alugar uma das muitas excursões que partem diariamente de El Calafate até o glaciar. A vantagem do carro, no entanto, é poder ficar com o tempo livre. No nosso caso, por exemplo, ficamos pelos mirantes até nos cansarmos (se é possível se cansar daquela beleza).

Outra opção é contratar um táxi que, por valores que podem variar entre 2 a 3 mil pesos, pode ficar à sua disposição dentro do parque. 

Quanto custa o ingresso do Parque Nacional Los Glaciares

Logo na entrada do parque, você deverá parar para comprar o seu ingresso. Nós havíamos lido que moradores de países do Mercosul tinham desconto no valor total do ticket. Mas esta vantagem havia sido abolida e, chegando à entrada, tivemos a surpresa de que teríamos que pagar o valor cheio. Culpa minha que não chequei a informação atualizada no site oficial. 

O valor cobrado atualmente é de 600 pesos argentinos, com desconto para argentinos, aos quais se cobra 310 pesos, e nenhum para nós, brasileiros.

Qual o horário de acesso ao Parque Nacional Los Glaciares

O acesso ao parque está aberto das 8 às 18 horas de 1 de setembro até a Semana Santa e de 8 às 16 horas da Semana Santa até 31 de agosto. 

O que fazer no Parque Nacional Los Glaciares

As três principais atividades envolvendo o grande protagonista do parque, o Perito Moreno, são:

1. Icetrekking sobre a geleira

2. Passeio de barco até poucos metros do grande paredão azul do glaciar (as agências vendem este passeio opcional)

3. Observação do Perito Moreno a partir das muitas passarelas dispostas à sua frente.

No nosso caso, fizemos primeiro o icetrekking (reservado com antecedência com a única empresa que oferece o passeio: a Hielo y Aventura) e depois seguimos para as passarelas, dividindo, assim, a nossa visita em duas partes.

Como já teríamos contato com o glaciar durante o trekking, não apenas chegando perto como andando sobre ele, optamos por não fazer o passeio de barco. Aliás, o trekking já envolve um passeio inicial de barco, embora este não chegue tão perto do glaciar.

Considerando a experiência única e inesquecível que foi andar sobre a geleira, nós dedicamos um post exclusivo para falar sobre este passeio e dar os detalhes necessários para você se empolgar e fazer o mesmo. 

Escolhemos fazer o trekking logo pela manhã. Desta forma, seguindo pela Rota 11 após a entrada no parque, fomos até o Porto Bajo, onde ocorreria o embarque no barco que nos levaria ao início da aventura. Nosso carro ficou estacionado no próprio porto.

No Porto Bajo, que fica na lateral da Rota 11, a caminho das passarelas do Perito Moreno

Avistando, pela primeira vez, o maravilhoso Glaciar Perito Moreno, a partir do barco

Caminhando sobre o Glaciar Perito Moreno, uma das experiências mais inesquecíveis das nossas vidas

Ao final, fomos deixados de volta ao porto, pegamos nosso carro e continuamos pela Rota 11 até as passarelas.

Seguindo pela estrada, você encontrará um desvio para o principal estacionamento do local, localizado ao lado de um restaurante, o Bar del Glaciar Perito Moreno. Indico, no mapa abaixo, o local exato de acesso a este estacionamento (embora não apareçam nem o estacionamento nem a estrada até ele no mapa, eles existem).

A seta azul, no mapa, mostra o ponto da Rota 11 (já próxima ao seu final), onde se tem acesso ao estacionamento (basta pegar o acesso à direita localizado ali). O estacionamento fica ao lado do Bar del Glaciar Perito Moreno. O final da rota 11, onde está escrito "Estacionamento" é onde param as vans turísticas e tem poucas vagas; e onde também há uma espécie de centro de visitantes.

Olhando o mapa acima, imagine que as passarelas de observação ficam entre o Bar del Glaciar Perito Moreno e o centro de visitantes que existe no final da Rota 11. Você pode começar em um extremo e finalizar no outro. Há mini-ônibus fazendo o translado entre os dois extremos ao longo do dia. Eles funcionam das 10 às 18 horas durante a alta temporada. 

Como fomos de carro, tendo que estacioná-lo próximo ao restaurante, começamos o passeio por lá. Primeiro entramos no estabelecimento, que tinha mesas estrategicamente posicionadas de frente para o glaciar. Como as opções de comida ali são limitadas, o valor do almoço não era barato. Mas ainda aproveitamos para tomar um café com um alfajor (o melhor que já comi) antes de iniciar a caminhada pelas passarelas.

O Bar del Glaciar Perito Moreno

O interior do restaurante

Iniciando a caminhada pelas passarelas

Vejam a passarela disposta ao longo da costa. Começando por aqui, você segue sempre de frente para o glaciar.

Não sei se você já percebeu, mas o passeio por estas passarelas não é rápido. Na verdade, se quiser fazer tudo com calma, o ideal seria reservar umas 3 horas para apreciar o Perito Moreno dos mais variados ângulos. 

E as passarelas iam nos levando para mais próximo do glaciar

E foi o que fizemos, andando sem pressa pelas passarelas, parando nos muitos mirantes e aguardando com calma um dos momentos mais esperados deste passeio: o destacamento de um bloco de gelo do paredão do glaciar. O som emitido durante este processo lembra o de um trovão e atrai a atenção de todos os turistas nos momentos em que ocorre.

Nós ficávamos um bom tempo aguardando o destacamento e nos maravilhávamos sempre que  ele ocorria. Não tem como prever o momento exato em que algum bloco de gelo de desprenderá. Por isso, se quiser assistir ao fenômeno, caminhe a aprecie o glaciar com calma.

Chegando mais próximo ao paredão de gelo

E admirando a beleza da natureza gelada, enquanto torcíamos para algum bloco de gelo se desprender

Momento em que um bloco de gelo se desprendeu do glaciar. Percebam que o gelo está caindo no lago

Notem a parte com um azul mais "limpo" no local onde o gelo se desprendeu

As passarelas se dividem em 5 partes, representadas por cores diversas, que são identificadas por círculos com a cor em questão. Estas partes são:

1. Circuito Inferior (vermelho): o segundo mais longo dos caminhos formados pelas passarelas, com 1100 metros de extensão. Possui dificuldade mais alta e estima-se um tempo de cerca de 1h e 15 minutos para percorrê-lo.

2. Sendero del Bosque (verde): de complexidade média, adentra o bosque em frente ao glaciar e permite vistas do Perito Moreno por entre as árvores da flora local. Tem 570 metros e estima-se um tempo de 45 minutos para percorrê-lo.

3. Paseo Central (amarelo): com cerca de 600 metros, tem baixa dificuldade e pode ser percorrido em 1 hora.

4. Paseo Accesible (preto): como o próprio nome indica, possui a complexidade mais baixa e estima-se um tempo de 30 minutos para percorrer seus 565 metros.

5. Sendero de la Costa (azul): com seus 1117 metros, é a parte mais longa da passarela. Considerada de dificuldade moderada, reserve cerca de uma hora e meia para caminhar por esta passagem.

Esquema mostrando os 5 circuitos de cores diferentes que formam a rede de passarelas de frente para o Glaciar Perito Moreno

Os círculos coloridos indicam em que circuito das passarelas você se encontra. Percebam que, em algumas partes, há degraus para se subir ou descer.

Do estacionamento, começamos o passeio pelo Sandero de la Costa (azul) e fomos caminhando em direção às demais passarelas, sempre boquiabertos com a estonteante beleza do gigante de gelo azul. Impressionante como em nenhum momento, enjoamos daquelas vistas.

Apreciando a geleira a partir de diversos ângulos

Todos de tirar o fôlego

Apreciando de mais perto

Apreciando por entre as árvores

De qualquer ângulo, era impressionante!

Percorremos boa parte dos circuitos descritos e não consigo definir um como sendo melhor do que o outro. Acho que de qualquer um você terá uma experiência sensacional. O importante é estar de frente ao Glaciar Perito Moreno, se deslumbrar com o estrondo da quebra dos blocos de gelo e agradecer pela oportunidade de estar ali.

Parando nos mais diversos mirantes espalhados pelas passarelas

Terminamos o passeio pelo extremo sul das passarelas que dá acesso ao centro de visitantes já comentado acima. No local, encontram-se banheiros, uma loja de souvenirs e uma pequena praça de alimentação, onde você pode matar sua fome comendo algum dos lanches oferecidos.

Do lado de fora, seguimos para o ponto do transfer que nos levaria de volta ao estacionamento. A fila para pegar o mini-ônibus, inclusive, estava gigante, só nos restando aguardar, já que não tínhamos mais coragem de fazer todo o trajeto de volta pelas passarelas.

O micro-ônibus que faz, gratuitamente, o translado entre os dois extremos da rede de plataformas

Caso você esteja fazendo o passeio com alguma excursão, o guia te deixará em um local específico para iniciar a trilha pelas passarelas e combinará um local e horário de encontro. Muito provavelmente, ele te dará dicas da melhor forma de percorrer as passarelas, para retornar no tempo hábil, vendo o máximo possível do glaciar.

Sem dúvida foi um passeio inesquecível!

OBS:

1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio