Um total de 28 cidades compõe a chamada Rota Romântica (ou Romantische Straße, em alemão), uma estrada do sul da Alemanha que, em sentindo vertical, corta dois estados do país: Baden-Württemberg, ao norte, e Baviera (ou Bavaria), ao sul, por cerca de 380 Km. As belas paisagens desta última unidas ao charme dos muitos vilarejos pelo caminho, transportam o turista para um verdadeiro cenário de conto-de-fadas, justificando a alcunha recebida pela rota.
Para completar, a rota ainda pode ser finalizada ou iniciada (dependendo do seu ponto de partida) com o magnífico Castelo de Neuschwanstein, um dos maiores marcos turísticos da Alemanha, devido não apenas à sua beleza arquitetônica mas também ao cenário em que está inserido.
O majestoso Castelo de Neuschwanstein, que marca o início ou o fim (a depender do sentido escolhido) da Rota Romântica alemã |
Mas ao se decidir conhecer a Rota Romântica alemã, uma série de dúvidas invade a mente do viajante: Eu preciso conhecer todas as cidades? Quais priorizar? Em que sentido fazer a rota, norte-sul ou sul-norte? É preciso alugar um carro? Onde se hospedar ao longo da rota? E quantos dias são necessários para percorrê-la?
Neste momento, é preciso pesquisar bastante sobre as cidades do trajeto para poder organizar seu roteiro com calma, otimizando sua viagem de acordo com o tempo disponível e escolhendo as cidades que mais despertam em você o desejo de conhecer. Afinal, como dito acima, são 28 ao todo e, sinceramente, não faz sentido parar em todas.
Mapa da Rota Romântica alemã, retirado do site oficial desta estrada panorâmica. |
Primeiro porque nem todas são realmente interessantes para justificar uma parada e segundo porque, com o tempo, elas podem começar a se tornar repetitivas, considerando as semelhanças entre muitas delas. Desta forma, vale à pena incluir aquelas com mais particularidades, consideradas as mais bonitas e que se encaixem mais nos seus interesses.
Sendo assim:
Quais cidades da Rota Romântica priorizar?
Como já deixei transparecer acima, acredito que isto seja bastante pessoal, mas elencarei abaixo aquelas que considero com maiores atrativos para serem consideradas na sua escolha, seguindo o sentido sul-norte (que foi como conhecemos a estrada):
Füssen: cidade da extremidade sul da Rota Romântica, corresponde à principal base para quem vai conhecer o Castelo de Neuschwanstein. Portanto, dificilmente você não a incluirá no roteiro. Li muitos relatos dizendo que Füssen não tinha muita graça, mas nós, particularmente, a adoramos. De lá, o turista pode visitar também a cidade de Garmisch-Partenkikirchen e o Palácio de Linderhof.
Passeio noturno pelas charmosas ruas de Füssen |
Schwangau: é onde se encontra o Castelo de Neuschwanstein. É tão pequena que me pareceu mais um grande centro de visitantes para quem vai conhecer o castelo do que uma cidade em si. Entre outras atrações, possui o Castelo de Hohenschwangau e o Lago Alpsee, cercado por montanhas da Baviera. Possui alguns hotéis, de modo que você pode escolher entre Schwangau e Füssen para se hospedar.
A minúscula Schwangau e o Castelo de Hohenschwangau vistos da colina onde se encontra o Castelo de Neuschwanstein |
Landsberg am Lech: uma das nossas cidades preferidas do caminho, tem um belo conjunto arquitetônico às margens do rio Lech, assim como uma antiga torre medieval que mais parece ter saído do conto de Rapunzel.
Augsburg: uma das maiores cidades da Rota Romântica (é a terceira maior cidade da Baviera), foi deixada de fora do nosso roteiro exatamente por isso. No entanto, quem conhece costuma adorar seu centro histórico. Por ser maior, também possui um maior número de hotéis e, por isso, pode ser uma boa opção para hospedagem. Nós, no entanto, preferimos focar nas cidades pequenas por achar que combinam mais com a proposta do trajeto pela rota.
Donauwörth: a pequena e bela cidade localiza-se à beira do rio Danúbio. Havíamos a incluído no nosso roteiro, mas como acabamos passando mais tempo do que o previsto em Landsberg am Lech, resolvemos pular e seguir direto para a cidade onde nos hospedaríamos no final do primeiro dia percorrendo a estrada: Harburg. A propósito, é bom te risso em mente: talvez, você inclua cidades que, ao final, não conseguirá visitar. Faz parte.
Harburg: pequena cidade que, em geral, fica de fora das recomendações, mas que nos chamou a atenção por possuir um castelo medieval: o Castelo de Harburg. O valor da diária que conseguimos para nos hospedar por lá também acabou sendo mais em conta do que nas suas vizinhas, de forma que, ao final, ela acabou entrando no nosso roteiro. E não nos arrependemos.
Harburg vista do seu castelo |
Nördlingen: esta cidade tem uma particularidade interessante: foi toda construída no interior de uma cratera provocada pela queda de um meteorito. Desta forma, ela manteve um formato quase circular e possui um preservado centro histórico todo envolto por uma antiga muralha ainda intacta.
Nördlingen |
Dinkelsbühl: uma das cidades mais preservadas de toda a Alemanha, ela também mantém sua antiga muralha em torno do apaixonante centro medieval. É considerada por muitos a maior rival da famosa Rothenburg ob der Tauber no quesito beleza.
Dinkelsbühl |
Rothenburg ob der Tauber: é esta cidade que detém, atualmente, o título de mais bela cidade da Rota Romântica. E, não à toa, foi uma das mais cheias que encontramos no caminho. Com uma muralha também intacta, seu centro histórico possui uma das lojas de Natal mais importantes do país, o entroncamento mais famoso da Alemanha e muitas lojas que vendem o doce típico da cidade: o schneeball (ou snowball, em inglês). Foi onde dormimos na nossa última noite na Rota Romântica e onde também resolvemos a finalizar. Mesmo havendo outras cidades mais ao norte para ver, optamos por seguir viagem para outro destino. Pois é: ninguém é obrigado a fazer a rota inteira.
Rothenburg ob der Tauber e seu famoso entroncamento |
Weikersheim: além do belo centro medieval, a cidade possui um palácio, cuja visita inclui um belo jardim que dizem ter sido inspirado nos Jardins de Versailles.
Tauberbischofsheim: não tem exatamente uma particularidade que justifique a visita, mas quando a pesquisei na internet achei as fotos lindas. O centro parece ser repleto das típicas casas alemães de enxaimel e só não a visitamos porque encerramos o trajeto antes.
Würzburg: cidade da extremidade norte da Rota Romântica, costuma ser o ponto de partida daqueles que chegam à Alemanha por Frankfurt. Tem marcantes construções como a Residência de Würzburg, o Festung Marienberg, uma fortaleza situada no ponto mais alto da cidade, e a Ponte Antiga, que atravessa o rio Mein.
Como visto, elenquei aqui apenas 12 das 28 cidades da Rota Romântica. Você, obviamente, pode incluir qualquer uma das outras. Vai que você se encante pelas fotos de alguma considerada menos turística e faça questão de conhecê-la. Nós mesmo incluímos Harburg no roteiro. E, em um momento de fome, paramos em outra cidade não listada: Peiting, que, embora não tenha nos parecido imperdível, tinha uma bela praça florida.
Peiting |
Ou seja, não precisa engessar seu roteiro. Escolha as cidades consideradas imperdíveis e permita-se surpresas no caminho.
Quanto tempo é necessário para percorrer a Rota Romântica?
Esta resposta é, obviamente, relativa. Vai depender do número de cidades que você quiser conhecer, do tempo que quiser gastar em cada uma delas, do seu ritmo próprio de viagem e do tempo que tiver disponível.
Nós, por exemplo, reservamos 3 noites e dois dias completos para percorrer a rota. Obviamente, como já deixei claro acima, não deu para conhecer tudo, já que finalizamos o trajeto em Rothenburg.
Mas consideramos três dias inteiros o tempo mínimo ideal para fazer todo o caminho de Würzburg a Füssen (ou vice-versa). No entanto, quatro dias seria o mais recomendado para fazer tudo com calma.
Por onde iniciar a Rota Romântica? Füssen ou Würzburg?
Este é o típico caso em que "a ordem dos fatores não altera o produto". O seu deslumbramento com a rota vai ser igual, começando por uma ou por outra cidade. Desta forma, o fator determinante para que você escolha o sentido do seu trajeto é a cidade a partir de onde você estará seguindo até a rota.
Se você estiver em Frankfurt, a entrada de muitos brasileiros na Alemanha, você iniciará por Würzburg, seguindo o sentido norte-sul. O mesmo se aplica se você estiver vindo de Berlim ou de outra cidade do norte do país.
Já se você estiver vindo da Áustria, como nós (estávamos em Innsbruck), faz mais sentido começar por Füssen. O mesmo se aplica caso você esteja explorando outras partes do sul da Alemanha, como a região de Garmisch-Partenkikirchen (no nosso caso, fomos de Innsbruck para Garmisch e só depois para Füssen).
Se a sua cidade de origem for Munique, Füssen é a cidade mais perto (são cerca de 130 Km entre as duas).
Dizem que a vantagem de se fazer a rota no sentido norte-sul, é ter a visão do Castelo de Neuschwanstein e dos Alpes, à medida que você se aproxima do final do percurso. Mas não chega a ser motivo suficiente para você fazer uma contra-mão.
Mesmo indo no sentido sul-norte, você pode parar na estrada para apreciar o castelo de longe |
Onde se hospedar pela Rota Romântica?
Para saber onde se hospedar, você, antes, terá que definir quais cidades conhecer e em que ritmo. Mas é bom ter em mente também que os valores das diárias podem ser mais caras nas cidades mais turísticas, como em Rothenburg, por exemplo.
E caso você queira ficar em pleno centro histórico da cidade escolhida, ficará super bem localizado mas também pagará mais caro. Uma dica se quiser economizar é se hospedar fora do centro medieval. Nós, por exemplo, nos hospedamos em Rothenburg, mas como o valor dentro da cidade murada estava impeditivo, acabamos nos hospedando do lado de fora da muralha.
Ficamos no Hotel Alter Ritter, a 10 minutos de caminhada da muralha. Quarto bastante confortável, mas sem elevador no prédio (no entanto, isto é algo comum nos hotéis da região).
Também escolhemos nos hospedar em Füssen, já que chegaríamos à cidade já à noite para iniciar o trajeto pela rota no dia seguinte. Além disso, o início da manhã é um dos melhores horários para visitar o Castelo de Neuschwanstein se você quiser pegar filas menores. Portanto recomendo que você se hospede nas redondezas do castelo na véspera da visita, seja em Füssen seja em Schwangau (se quiser ficar ainda mais próximo do castelo).
Pernoitamos em um pequeno e charmoso hotel chamado Hotel Fantasia. Amamos a hospedagem e o café-da-manhã. Mas se tiver problema com o fato de não haver elevador, sugiro solicitar a reserva de um dos quartos localizados no térreo.
O agradável Hotel Fantasia em Füssen |
Nossa escolha para se hospedar em Harburg se deveu mais ao valor atrativo da diária que encontramos na cidade. E conseguimos ficar no miolo do centro medieval, embora, por ser menor e menos visitada, a cidade costume ser completamente parada à noite.
Nosso hotel foi o Hotel-Restaurant Straussen. E o fato de ser também um restaurante foi uma grande vantagem, já que era, basicamente, a única opção de refeição na noite de Harburg.
Qual a melhor forma de percorrer a Rota Romântica?
Sem dúvida, alugar um carro para fazer o trajeto é a melhor opção. Você pode alugá-lo em Frankfurt ou em Munique (ou em outras cidades da Europa) e seguir dirigindo para Füssen ou Würzburg pelas excelentes estradas alemãs.
Há postos de gasolina nas muitas cidades da rota e abastecer o carro não será um problema. Mas será preciso prestar atenção na estrada caso esteja utilizando um aplicativo de navegação (e, provavelmente, você usará um), já que, muitas vezes, ele tenderá a desviar seu trajeto para uma auto-estrada alemã (conhecida como autobahn), mais rápida por não ter limite de velocidade.
Desta forma, recomenda-se que você vá colocando cidade por cidade no GPS. Mesmo assim, quando a distância entre duas cidades for um pouco maior, o sistema acabará te levando para a autobahn. Isto aconteceu mais de uma vez conosco. Quando acontecia, eu procurava as rotas alternativas no aplicativo que, mesmo sendo mais distantes, nos levavam de volta à Rota Romântica.
Uma forma de saber que você está na estrada certa é procurar pelas placas que sinalizam "Romantische Straße", como a da foto abaixo.
Sempre que encontrava uma destas placas, ficava aliviado por ter certeza de estar no caminho certo |
Algo que nos deu um pouco de trabalho ao percorrer a rota de carro foi a procura por estacionamentos à medida que chegávamos a uma nova cidade. Afinal, o turista tem que tomar muito cuidado para não estacionar em local proibido.
Nas cidades em que nos hospedamos, tivemos o cuidado de escolher apenas hotéis com estacionamento disponível. Nas demais tivemos mesmo que procurar onde estacionar. Ao encontrar um estacionamento, é preciso, primeiro, procurar saber se ele é ou não pago. Se o for, você encontrará um parquímetro, devendo realizar o pagamento, indicar por quanto tempo pretende deixar o carro estacionado (quanto maio o tempo maior o valor pago) e deixar o comprovante visível no para-brisa do carro.
Se o estacionamento for gratuito, você deve deixar especificado, no para-brisa, a hora exata em que estacionou (em geral, o carro só pode permanecer no local por, no máximo, duas horas). Para isso, você deve usar o chamado Parkscheibe, uma espécie de cartão azul com o qual você identifica a hora de chegada. Você, provavelmente, o encontrará no porta-luvas do carro alugado. Mas é bom se certificar no momento do aluguel.
O Parkscheibe. Foto retirada do Wikipedia. |
No nosso caso, nós não conhecíamos este cartão nem sabíamos que o tínhamos (só o encontramos no porta-luvas no último dia, minutos antes de devolver o carro no aeroporto de Frankfurt). Mas sempre que parávamos em um estacionamento e víamos os demais carros com o Parkscheibe no para-brisas entendíamos que não poderíamos ficar ali e seguíamos em busca de outro local para estacionar.
Desta forma, não ter conhecimento prévio de que, na realidade, tínhamos um Parkscheibe nos atrapalhou bastante. Sempre acabávamos estacionando mais distantes do centro medieval. Em Nördilingen e Dinkelsbühl, por exemplo, só conseguimos parar o carro fora da muralha. De qualquer modo, os estacionamentos presentes nos centros históricos eram sempre mais concorridos.
Mas, depois de tanto falar sobre como se deslocar de carro pela Rota Romântica, você pode estar se perguntando: e se eu não quiser alugar um carro?
Neste caso há também outra forma de percorrer a Rota Romântica: de ônibus. Conhecido como Romantic Road Coach, o veículo pertencente à empresa Europabus faz o trajeto de Würzburg a Füssen diariamente de meados de maio a meados de outubro. Na verdade, o ônibus parte de Frankfurt às 8 horas da manhã demorando 12 horas para chegar a Füssen, mas também faz o sentido inverso, saindo desta última também às 8 horas da manhã.
Atualmente, a passagem do ônibus custa 110 euros para um único sentido. Se você quiser fazer o trajeto nos dois sentidos, terá que pagar 160 euros.
Há paradas de alguns minutos em algumas cidades (Rothenburg ob der Tauber, Nördilingen, Dinkelsbühl, Ausburg) para que o passageiro possa fotografar ou comer algo. Mas não se preocupe: com um ticket único (que tem validade de seis meses), você pode ficar para pernoitar em uma ou mais cidades, deixando para embarcar no ônibus do dia seguinte.
De qualquer modo, a liberdade e flexibilidade proporcionadas pelo carro é, sem dúvidas, bem maior.
Para maiores informações sobre o Romantic Road Coach, você pode acessar o site oficial.
E, finalmente, percorrer a Rota Romântica valeu à pena?
Sem dúvida que sim! E muito!!
Fazia tempo que eu queria conhecer a Alemanha, mas o país sempre acabava ficando de fora dos nossos roteiros pela Europa (e quase que eu dava a volta inteira no país, conhecendo todos os países com o qual ele faz fronteira, sem conhecê-lo. Só ficou faltando a Dinamarca para isso). E, talvez, esta demora tenha se devido ao fato de eu fazer questão de incluir a Rota Romântica como passeio indispensável durante a minha primeira visita à Alemanha.
Finalmente, em 2018, eu consegui encaixar a rota no nosso roteiro. E, felizmente, as altas expectativas foram atendidas. As cidades são verdadeiros sonhos. Limpas, floridas, coloridas, organizadas e encantadoras. A região alpina da Baviera é espetacular. E percorrer todo o esplendor desta estrada alemã com um carro próprio foi fundamental.
Pelo caminho, pudemos parar para comprar frutas vermelhas. Há vários pontos em que cerejas e morangos frescos são vendidos pela estrada. Preste atenção e não desperdice esta oportunidade. Saborear cerejas frescas enquanto seguimos pela estrada é sempre um acréscimo a mais de felicidade.
Se possível, não deixe de entrar nos cafés/sorveterias das cidades pelo caminho. As sobremesas são saborosas e, durante o verão, aquelas à base de sorvete são bastantes populares. E se gostar da comida típica alemã, não faltarão oportunidades para prová-la.
E não se preocupe se não conseguir pronunciar o nome das muitas cidades da Rota Romântica. Muito menos se não conseguir lembrar dos seus nomes. Até agora não consigo escrever o nome da maioria delas sem utilizar o Ctrl C/Ctrl V.
O que importa mesmo é que a beleza da região não deixará sua memória tão cedo!
Lógico que valeu à pena (Dinkelsbühl vista do alto da torre da sua catedral) |
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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