Como toda capital europeia, Lisboa tem um centro histórico rico, que está entre as partes mais movimentadas e visitadas de toda a cidade. Para os brasileiros, então, que temos nossa própria história fortemente associada a Portugal, passear pela cidade é dar de cara com prédios antigos cuja arquitetura lembra nossas próprias cidades históricos.
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Centro histórico de Lisboa |
Esta foi, então, a primeira parte da cidade que escolhemos visitar. E este primeiro contato logo gerou em mim uma surpresa. Afinal, eu já havia conhecido Lisboa há 8 anos, e foi notório perceber o aumento gigante do turismo na cidade.
Aliás, o investimento no turismo foi uma das estratégias utilizadas pelo governo para tirar Portugal da crise sofrida pelo país no início desta década. E, ao que percebemos, esta estratégia rendeu bons frutos. Lisboa é, a olhos vistos, bem mais visitada hoje do que há oito anos.
Por outro lado, o fluxo intenso de turistas não nos pareceu ter sido acompanhada por um aumento do cuidado com os prédios históricos da cidade. Em algumas partes do centro, percebemos que muitas construções ainda carecem de restauração. E, em muitas ruas, percebemos que a limpeza ainda não é o forte da capital portuguesa.
Nada, no entanto, que impeça o visitante de apreciar e se encantar por Lisboa.
Mas antes de detalhar nosso roteiro pelo centro histórico, há algumas informações práticas sobre o bairro que achamos importante compartilhar:
1. Primeiro, é importante saber que o centro não é um bairro de terreno plano, sendo dividido em partes alta e baixa, de modo a conter muitas ladeiras e escadarias.
2. Mas não se preocupe caso não seja adepto a subidas: há um elevador (o Elevador de Santa Justa) e um funicular (chamado Elevador da Glória) que serve como transporte entre as duas partes.
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Elevador de Santa Justa |
3. E, no bairro alto, você encontrará alguns mirantes (chamado por lá de miradouros) que fazem sucesso entre os visitantes. A partir deles, você terá uma ótima vista para o centro histórico de Lisboa e para o icônico Castelo de São Jorge. Este localiza-se no topo de uma colina de frente para a colina onde foi construído o Bairro Alto. Entre as duas colinas, localiza-se o Bairro Baixo.
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Observando a parte baixa do centro de Lisboa e a colina onde fica o Castelo de São Jorge a partir do Alto Chiado |
Nós demos início ao nosso roteiro pelo bairro a partir da Praça Rossio (também conhecida como Praça Pedro IV), uma das principais praças da cidade. No seu centro, ergue-se a estátua de uma importante figura histórica para os brasileiros: Dom Pedro I. Curiosamente, para os portugueses, ele era conhecido como Pedro IV.
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Praça Rossio |
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Estátua de Dom Pedro IV (ou Dom Pedro I), no centro da Praça Róssio |
Ao lado da Praça Rossio, vê-se importantes prédios históricos da cidade, como o Teatro Nacional D. Maria II e a Estação Rossio (daqui partem trens até outras cidades portuguesas, como Sintra e Queluz, por exemplo).
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Teatro Nacional D. Maria II |
Partindo da praça, inicia-se também aquela que é considerada a principal rua do centro histórico de Lisboa: a Rua Augusta. Mas, antes de seguirmos por ela, resolvemos ir até o Bairro Alto, para passear por uma das áreas mais emblemáticas do centro de Lisboa, berço de intelectuais portugueses e considerada o coração da cidade: o Chiado.
Para isso, seguimos da Praça Rossio até o Elevador Santa Justa, localizado bem próximo. Mas não pegamos o elevador e preferimos subir a escadaria que se ergue ao lado do mesmo. Tanto para fugir da fila quanto para poder passar por um dos miradouros do bairro, localizado ao lado das ruínas do Convento do Carmo.
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Chegando às ruínas do Convento do Carmo |
O Convento do Carmo era uma das principais igrejas de Lisboa até que foi devastado pelo fatídico terremoto que assolou a cidade em 1755. Não tendo sido reconstruído, sobraram suas ruínas que mantém-se hoje como uma das principais lembranças do histórico e catastrófico terremoto (falo mais sobre ele abaixo). O seu interior abriga, hoje, o Museu Arqueológico do Carmo.
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Admirando o centro histórico a partir das ruínas do Convento do Carmo |
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Do miradouro, vemos também o Elevador de Santa Justa (do alto do elevador, a vista deve também vale à pena) |
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Por trás das ruínas |
Após admirar um pouco da cidade a partir do miradouro localizado ao lado do antigo convento, seguimos subindo a ladeira da Rua da Misericórdia até o miradouro mais famoso do Alto Chiado: o Jardim de São Pedro de Alcântera.
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Largo do Carmo, em frente às ruínas |
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Prédios históricos do Chiado |
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Ladeiras do Alto Chiado |
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Típico bondinho português subindo a Rua da Misericórdia (acho o máximo que a cidade ainda preserve este meio de transporte) |
No trajeto, já na esquina do jardim, encontramos o histórico Elevador da Glória (que, na verdade, trata-se de um bondinho ou funicular) e que interliga o Alto Chiado à Calçada da Glória no Bairro Baixo.
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O histórico Elevador da Glória |
Do Jardim de São Pedro de Alcântera, temos uma excelente vista do centro de Lisboa e do Castelo de São Jorge. No local, estava ocorrendo algum festival de música, de forma que havia várias barracas vendendo lanches e bebidas. A praça estava bastante agradável para uma pausa enquanto apreciávamos a cidade.
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Vista do Miradouro de São Pedro de Alcântera |
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Pausa para admirar |
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Castelo de São Jorge no topo da colina do outro lado do bairro |
Após esta pausa, uma possibilidade seria descer no Elevador da Glória, mas preferimos seguir a pé descendo a Rua da Misericórdia até o Largo do Chiado, considerado o coração do bairro. Ali, chama a atenção o tradicional Café A Brasileira, com uma escultura de Fernando Pessoa à sua frente. O escritor português não apenas era assíduo frequentador do local como também nascera no Chiado.
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Prédios históricos em frente ao Jardim de São Pedro de Alcântera |
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Seguindo em direção ao Largo do Chiado |
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E parando para apreciar a beleza do bairro |
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Largo do Chiado |
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Estátua de Fernando Pessoa |
Em torno do Largo do Chiado, é possível conhecer também: a Praça Luís de Camões, com uma escultura do importante escritor português e a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação. Se quiser seguir diretamente para o largo de transporte público, há uma estação de metrô no local, conhecida como Baixa-Chiado.
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Praça Luís de Camões |
Do largo, resolvemos seguir descendo de volta à Praça Róssio no Bairro Baixo. No caminho, fomos parando em livrarias, entramos em uma sorveteria para nos refrescar (Lisboa no final de junho é bem quente), passamos por uma filial da Manteigaria (casa especializada em pastéis de belém e que consideramos, atualmente, a melhor do ramo na cidade) e, enfim, chegamos de volta ao nosso ponto de partida no início daquela manhã.
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Descendo as ruas do centro a partir do Lardo do Chiado |
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As belezas históricas do caminho |
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De volta à Praça Rossio |
A intenção era, a partir de praça, seguir agora pela Rua Augusta. Bastante movimentada, a rua é composta por um enorme calçadão apenas para pedestres com muitas mesas de cafés e restaurantes dispostos no caminho.
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Rua Augusta |
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Caminhando pela principal rua do centro de Lisboa |
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Ao final da Rua Augusta, vemos o Arco Triunfal, um dos marcos históricos do centro de Lisboa |
É, na nossa opinião, uma das ruas mais charmosas da cidade, embora o intenso movimento possa atrapalhar um pouco a experiência. Em suas laterais, os prédios históricos vão albergando lojas, restaurantes e docerias (foi legal checar, nas vitrines, os curiosos nomes do típicos doces portugueses) e, ao final da rua, damos de cara com outro importante monumento de Lisboa, o Arco do Triunfo, que interliga a Rua Augusta à Praça do Comércio.
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O Arco Triunfal vai surgindo imponente à medida que nos aproximamos do final da Rua Augusta, tendo partido da Praça Rossio |
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Do outro lado do Arco do Triunfo, está a Praça do Comércio |
Tanto o Arco da Rua Augusta quanto a Praça do Comércio foram construídos após o terremoto de 1755 no local onde se encontrava o Palácio Real. O terremoto, considerado um dos mais catastróficos de toda a história, foi seguido por um tsunami e vários incêndios. Lisboa foi quase toda destruída, deixando dezenas de milhares de mortos. E o Palácio Real, para onde a monarquia portuguesa se mudara a partir do Castelo de São Jorge, veio abaixo, incluindo sua biblioteca, perdendo-se, assim, inúmeros documentos históricos, muitos referentes ao descobrimento do Brasil.
Por sorte, a família real não se encontrava no palácio no dia da catástrofe. Após o evento, a área onde se localizava o palácio foi reconstruída dando lugar ao Arco Triunfal e à atual Praça do Comércio, assim como a inúmeros edifícios em seu entorno que passaram a ser sede de ministérios e instituições governamentais. Atualmente, estes prédios abrigam também cafés e restaurantes.
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Praça do Comércio |
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Arco da Rua Augusta visto a partir da Praça do Comércio |
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Destaque também para os prédios históricos em torno da praça |
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Estátua equestre de D. José |
A Praça do Comércio localiza-se exatamente de frente ao Rio Tejo. No seu centro, encontra-se uma estátua equestre de D. José, antigo rei de Portugal. E nos seus arredores, passam muitos ônibus e bondinhos, sendo assim um local estratégico para acessar diversos transportes públicos da cidade.
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Rio Tejo em frente à Praça do Comércio |
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Estando de frente para o rio, ao olhar para a sua direita, você verá a famosa Ponte 25 de Abril, que cruza o Tejo interligando Lisboa à cidade de Almada |
Da praça, você pode fazer como nós, e pegar um bondinho que o leve até o agradável bairro de Belém. Ou pode apenas seguir caminhando às margens do Tejo até o Cais do Sodré.
Nós fomos até Belém e contamos tudo em outro post.
Outras dicas sobre o centro histórico de Lisboa:
1. No Chiado, considere reservar um jantar no Palácio Chiado. O belo prédio histórico abriga, hoje, um ótimo restaurante que possibilita a chance do visitante fazer uma refeição no interior de um antigo palacete da cidade. O melhor é que o jantar não é caro e gastamos o mesmo que em outros restaurantes de Lisboa. Neste
site, você pode fazer a sua reserva e obter mais informações sobre o lugar.
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Palácio Chiado. Reservamos o nosso jantar para a nossa última noite em Lisboa, pouco antes de seguirmos para o aeroporto |
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Subindo a escadaria do palácio |
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Detalhes da arquitetura |
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A figura do leão alado é uma marca simbólica do palácio e jantamos com esta estátua sobre nossas cabeças |
2. Para utilizar os elevadores que ligam as partes baixa e alta do bairro, você pode usar o mesmo cartão que se utiliza no metrô, o chamado Viva Viagem. Com ele, você tem acesso diário a todos os transportes públicos da cidade: ônibus, metrô, bondinhos e elevadores. Na época da nossa viagem, ele estava custando 6 euros por dia. Mas se não estiver fazendo uso do cartão, você pode pagar a passagem avulsa.
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O cartão Viva Viagem pode ser utilizado para acessar os elevadores do centro de Lisboa |
3. Um outro local em que é possível ter mais uma excelente vista do centro histórico e do Castelo de São Jorge é a Calçada do Duque. Corresponde a uma escadaria que interliga as partes baixa e alta do centro (no alto, termina próximo ao Miradouro de São Pedro de Alcântera) e tem em suas laterais muitos bares e cafés.
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Subindo a Calçada do Duque |
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Subimos a escadaria no final da nosso último dia em Lisboa e, do seu topo, descemos as ladeiras até o Palácio Chiado, citado acima. |
4. Achamos o período de um turno suficiente para explorar os principais pontos do centro histórico. Embora, muito provavelmente, você retornará em outros momentos ao bairro, seja à noite se você estiver procurando algo para fazer no período noturno ou mesmo durante o dia para conhecer algum restaurante específico ou para pegar algum transporte público. Os bondes que seguem para as proximidades do Castelo de São Jorge, por exemplo, partem da praça Martim Moniz, no centro.
5. Esteja atento aos batedores de carteira que podem te surpreender no centro de Lisboa. Não vimos nada neste aspecto, mas a recomendação é ter cuidado, especialmente, em torno da Praça da Figueira e da praça Martim Moniz. E não se surpreenda caso alguém se aproxime para te oferecer droga. Aconteceu conosco três vezes na mesma noite, duas vezes na Praça Rossio e uma vez no Chiado. E olha que na Praça Rossio havia policiais a poucos metros. Mas não se assuste. Apenas recuse e siga em frente, sem alarde.
OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.
2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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