Para alguém que sempre foi apaixonado pela cor azul como eu, a possibilidade de se conhecer uma cidade em que esta cor predomina, a ponto dela ser conhecida como "A Cidade Azul do Marrocos", fez com que este destino se tornasse, junto com o Deserto do Saara, uma prioridade no nosso roteiro. E já adiando que Chefchaouen (em português, Xexuão) superou todas as nossas expectativas, se tornando o passeio preferido durante nossa viagem pelo Marrocos.
Também conhecida como Pérola Azul, a pequena cidade se localiza nas encostas das montanhas do Rife, região montanhosa do norte do país. Encontra-se a cerca de 112Km de Tânger e a 212Km de Fez, de forma que estas duas cidades acabam se tornando os dois principais pontos de partida para quem pretende seguir até lá.
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Chefchaouen, a "Cidade Azul" do Marrocos
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Como chegar a Chefchaouen?
Estando em uma das duas cidades citadas acima, você pode tanto alugar um carro quanto contratar uma excursão para seguir até Chefchaouen. Mas, especialmente se quiser economizar, é possível chegar até lá de ônibus tanto a partir de Tânger como a partir de Fez. Não há estação de trem nem aeroporto na cidade.
Mas cuidado na hora de escolher o ônibus, já que não vale à pena pegar um de qualquer empresa, devendo-se optar pelos chamados ônibus turísticos da CTM (explico os cuidados na hora de escolher o ônibus no Marrocos no post "
É possível viajar pelo Marrocos por conta própria?").
Como estaríamos em Tânger, compramos ida-e-volta no ônibus da CTM partindo de lá. Foi possível fazer a compra online, no site oficial da empresa, de modo que já garantimos vaga com antecedência. Bastou seguir para o terminal rodoviário da cidade e trocar o voucher pela passagem no guichê da CTM.
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No ônibus, entre Tânger e Chefchaouen |
Na volta, tivemos uma surpresa: como escolhemos o último ônibus do dia (para poder aproveitar ao máximo a cidade, já que teríamos apenas um dia por lá), chegamos a Tânger já tarde (eram quase 23h) e, ao contrário do que pensávamos, não fomos deixados no mesmo terminal rodoviário mas sim em um bem afastado da região central, em uma área bastante isolada, o que acabou fazendo a gente gastar mais do que o previsto de táxi.
O trajeto de ônibus até Chefchaouen durou entre de 2h30 a 3h. Sem dúvida, dormir na cidade teria sido a melhor opção, mas como não teríamos este tempo todo disponível, o bate-e-volta, mesmo sendo mais cansativo, acabou valendo muito à pena.
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No caminho encontramos placas indicando pontos de referência que ficam dentro da medina, como o Kasbah e a Praça Uta Al-Hamman. Desta forma, conseguimos encontrar facilmente o portão de entrada para a medina |
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No final da rua, o portão de acesso à medina. Basta atravessá-lo que para acessar o mundo azul de Chefchaouen |
O que fazer em Chefchaouen?
A principal atração da Pérola Azul do Marrocos, merecidamente considerada Patrimônio Histórico da Humanidade, é a sua própria medina, com seu conjunto de casas típicas pintadas em várias tonalidades de azul, na encosta de uma montanha.
Portanto, caminhar por suas ruas e escadas é o principal atrativo da cidade. Não era raro, inclusive, andarmos em círculos, indo parar em lugares pelos quais já havíamos passado. Afinal, as medinas costumam ser labirínticas, embora não precise ter receio de se perder na medina de Chefchaouen. Até porque se perder ali faz parte da diversão.
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Rua de acesso à medina |
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E tudo ia ficando cada vez mais azul |
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Em cada beco ou esquina, uma surpresa |
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Sempre com o predomínio da minha cor preferida |
Claro que, como toda medina, há muito comércio, com muitas lojas de artesanato espalhadas. Mas, ao contrário do que percebemos na medina de Marrakech, por exemplo, o assédio é muito menor, tornando nosso passeio muito mais agradável.
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Entrar nas lojas da medina de Chefchaouen era muito mais tranquilo do que em Marrakesh |
Um ponto de referência da medina que vale à pena ser citado é a Praça Uta Al-Hamman e, inevitavelmente, você passará por ela. Possui muitos restaurantes e cafés, correspondendo ao principal local para se fazer uma refeição (foi onde almoçamos).
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Praça Uta Al-Hamman |
Acabamos utilizando a praça como principal ponto de referência, seguindo para lá ao final da nossa visita para poder encontrar a rua que nos levaria até o portão pelo qual deixaríamos a medina. O Google Maps do nosso celular acabou nos ajudando, embora não indicasse perfeitamente os caminhos.
Uma outra atração popular entre os turistas é a Mesquita Espanhola, localizada em um mirante que fica de frente para a cidade. Para chegar até ela, deve-se, no entanto, seguir uma trilha por cerca de 40 minutos a partir da medina. Um bom ponto de referência para o início da trilha é uma pequena cascata onde habitantes lavam roupa e crianças brincam (dizem que a água é geladíssima).
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Conseguem ver a torre da Mesquita Espanhola no alto de uma colina? Ela fica exatamente de frente para a medina |
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A trilha vai seguindo a encosta desta montanha e é uma subida |
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Lá embaixo, nas pedras, algumas pessoas "brincam na água" que desce das montanhas. Ponto de referência para encontrar o início da trilha |
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Há também uma placa indicando o caminho |
Um horário disputado para se visitar o mirante é durante o por do sol. Como este estava se pondo tarde e coincidiria com a saída do nosso ônibus, não foi possível ir neste horário para dizer se vale ou não à pena.
E até começamos a fazer a trilha, mas nos contentamos com a vista da cidade do meio dela e resolvemos não perder mais tempo indo até a Mesquita Espanhola para poder aproveitar mais da medina.
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Subindo a trilha |
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A medina vista da trilha |
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Acredito que a melhor hora para fotografar a medina deste ponto seja pela manhã, já que à tarde a posição do sol atrapalha não permitindo que o azul da medina se destaque |
Sem dúvida, se tivéssemos tido mais tempo por lá, teríamos feito tudo que podíamos. Inclusive, há passeios para as montanhas e cachoeiras que ficam no entorno da cidade que podem ser uma ótima opção para quem quiser passar mais tempo em Chefchaouen.
Confesso que, à medida que chegava a hora de voltarmos para o terminal rodoviário, o coração ia ficando apertado por ter que deixar aquela cidade encantadora. Certamente, foi o ponto alto da viagem. Chefchaouen conseguiu um canto especial em nossa memória viajante e, se dúvida, estará no nosso radar num retorno futuro ao país.
E por que, exatamente, Chefchaouen é toda azul?
A verdade é que ninguém sabe ao certo. Muito provavelmente, foram os judeus que fugiam da Inquisição Espanhola e se refugiaram na cidade após a sua fundação, no século XV, que iniciaram a tradição. Talvez pelo fato da cor azul remeter ao paraíso. Mas há quem diga até que o motivo era espantar mosquitos. Nunca ouvi falar que o azul tinha esta função...
De toda forma, a tradição se manteve e hoje, sem dúvida, o principal motivo da cidade continuar toda azul é a atração que isto exerce nos inúmeros turistas que a visitam ao longo do ano, contribuindo bastante para atividade econômica local.
Ai daquele que quiser pintar a fachada de sua casa com qualquer outra cor...
OBS:
1. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio
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